#SantanderRespeiteOBrasil!
Na última semana, prefeitos e governadores decidiram flexibilizar a quarentena em diversas cidades e estados, embora o número diário de vítimas fatais da Covid-19 não dê sinais de diminuir. Governantes querem tentar instituir por decreto o fim de uma pandemia que continua mantando milhares de pessoas em todos os continentes. E os bancos também retomam práticas comuns, como a pressão por metas inalcançáveis e a demissão de funcionários, agora que não parecem preocupados em com a imagem pública de solidariedade e bem-estar social.
O caso mais grave é o do Banco Santander. O banco espanhol está entre os signatários do movimento “Não demita”, que mobilizou 4 mil empresas em apenas 10 dias. Elas se comprometiam publicamente a não reduzir o quadro de funcionários em meio à pandemia. Nos termos do movimento, “solidariedade, espírito de união, empatia entre empreendedores e seus colaboradores, criatividade, inovação e, mais do que tudo, uma união entre pequenos e grandes, empreendedores e colaboradores, indústria, serviços, startups, ou seja, todo mundo junto”. Muito bonito, louvável e midiático: o movimento rendeu espaço não pago em jornais, revistas e redes sociais, a chamada “mídia espontânea”, deixando os signatários com ares de empresários conscientes, solidários até mesmo modernos.
Pena que o tal compromisso não seja respeitado nem quando a epidemia caminha para o auge. Iniciado o mês de junho, o Santander começou a demitir, sem justa causa e aos poucos, em diferentes cidades. Numa estratégia “conta-gotas”, tentando não chamar a atenção da opinião pública. Usando como justificativa um desempenho insuficiente – que é medido através de metas que, se já eram excessivas antes da pandemia, agora tornaram-se irreais. Parece que o “despertar da consciência empresarial” sofreu um apagão.
Não que no início da quarentena os funcionários tenham tido o apoio esperado durante uma crise sanitária sem precedentes. Trabalhadores denunciaram a convocação para reuniões presenciais durante o confinamento e os sindicatos tiveram que lutar para garantir a implementação de medidas de proteção. O presidente Sérgio Rial teria começado a ordenar o retorno às agências, por e-mail, já em 11 de maio, enquanto a matriz espanhola seguia em home office. À época, o banco limitou-se a se esconder sob a chancela de “serviço essencial”, conferida pelo governo Federal, para justificar suas atividades feitas “sob critérios rígidos de segurança”.
Há denúncias de que o Santander planeja demitir 20% dos funcionários. Isso representa ameaça de desemprego para mais de 9 mil pessoas, bancárias e bancários que vêm enfrentando riscos para manter seu compromisso profissional e agora podem ser descartados. O lucro líquido de R$ 3,7 bilhões no quarto trimestre de 2019 (mais de 9% maior que o mesmo período do ano anterior) não parece ser suficiente para a ganância do Santander. Assim, o banco planeja cortar funcionários em plena vigência da pandemia, se alinhando ao exemplo de insensibilidade do presidente Bolsonaro, que parece ter inspirado os executivos do Santander nos últimos tempos.
São tantos números, tantas mortes, e uma guerra de informação e desinformação tão acirrada que o Santander acha que pode extinguir mais de 9 mil postos de trabalho sem que se perceba a crueldade do ato. Pois não é verdade. Estamos aqui, atentos para denunciar e impedir essa barbaridade. Este dia 16 de junho é o Dia Nacional de Luta dos trabalhadores do Santander. Para o banco espanhol o recado que temos é claro e traduzido numa hastag: #SantanderRespeiteOBrasil
Adriana Nalesso, Presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro