O jornal Metropoles publicou um longo artigo de Luciana Lima, sobre os debates estratégicos dentro da oposição de esquerda à Bolsonaro, que traz algumas entrevistas importantes.
Abaixo, o trecho sobre o PCdoB, com a opinião de Flavio Dino, governador do Maranhão:
(…)
Embora o PCdoB assine o pedido com o PT, o partido, que foi um dos mais fiéis aliados durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, também se divide entre o lulismo e o antipetismo. Orlando Silva (PCdoB-SP), que pretende ser candidato à prefeitura de São Paulo, tem um diálogo bem mais próximo com Ciro e Marina. O governador do Maranhão, Flávio Dino, se diz pertencente à “esquerda lulista”. Apesar do alinhamento com Lula, ele mantém bom diálogo com Ciro e Marina e aponta o sentimento de “mágoas pretéritas” como razão do alijamento do PT.
“Acho que nesse momento ainda há muitas águas pretéritas. Não quero julgar se estão certas ou erradas. É uma constatação objetiva. São mágoas pretéritas que dificultam o diálogo. Mas nós temos que perseverar, porque ele é necessário.”
Desarmamento
Dino, por sua vez, aponta o PDT como um partido “frentista”. Diante disso, se diz otimista com que no futuro as pendengas possam ser resolvidas. “Historicamente, o PDT e o trabalhismo são correntes políticas frentistas no Brasil. Não vejo o trabalhismo com esse espírito isolacionista. Por isso que eu sou otimista. O que a gente enxerga hoje é a verberação de mágoas pessoais. Mais adiante, espero ser possível superar isso, porque isso atrapalha a construção de uma frente ampla na esquerda”, ressaltou. “Eu fiz um debate com a Marina e o Ciro em um clima excelente, mesmo me situando mais no campo lulista. Meu partido é um partido lulista. Eu me situo no campo da esquerda lulista, vamos chamar assim”, ressaltou Dino.
“Não há dúvida que esses fatores pessoais estão impedindo uma união da esquerda. É preciso que se faça esse desarmamento geral. A gente vê que o tempo todo é estocada pra cá e pra lá . E nenhuma estocada se refere ao futuro. Todas se referem ao passado. Nenhuma refere-se a uma divergência atual. Tipo eu discordo de você nesse ponto. Se fosse possível colocar em uma sala, olhando só daqui para frente, e se nesta sala estivessem Marina, Ciro, Lula e Haddad, a concordância seria de quase 100% para a pergunta sobre o que deve acontecer no Brasil daqui para frente”, argumentou.