Bolsonaro continua perdendo apoio de mais instruídos e classe média

A última pesquisa do site Poder 360, feita entre os dias 11 e 13 de maio, deve ser comparada às sondagem da mesma fonte realizadas nos dias 13 a 15 de abril e nos dias 27 a 29 de abril

A análise de hoje foi feita em vídeo também! 

Seus pontos principais são:

  • O percentual de “ótimo e bom” de Bolsonaro há um mês, segundo essa pesquisa, era de 36%. Hoje é de 30%. 
  • O percentual de “ruim e péssimo” de Bolsonaro no início de abril era de 33%, hoje é de 39%. 
  • Entre eleitores com ensino médio, Bolsonaro tinha 34% de bom e ótimo em abril. Hoje tem 27%.
  • Ainda entre eleitores com ensino médio, o presidente tinha 37% de ruim e pésssimo em abril. Agora tem 39%. 
  • Entre eleitores com ensino superior, Bolsonaro tem 50% de ruim e péssimo e 31% de bom e ótimo. 
  • Os dados do Sul mostram alguma distorção estatística, embora seja verdade que seja a região onde o presidetena tenha a maior aprovação.
  • No Sudeste, Bolsonaro hoje tem 49% de ruim/péssimo, e apenas 25% de ótimo/bom.

 

 

No recorte por renda, destacaria os seguintes pontos:

  • Bolsonaro tem mais rejeição que aprovação em todas as faixas de renda, com exceção de desempregados e sem renda fixa, onde ele mantém 35% de bom e ótimo, e 29% de ruim e péssimo.
  • Entre eleitores com renda entre 2 e 5 salários, Bolsonaro tem 59% de ruim e péssimo (número tão díspare das outras faixas, que pode ter havido alguma distorção estatatísica, mas é fato que Bolsonaro hoje enfrenta oposição crescente das classes médias, que foram o esteio de sua eleição).

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Esses números assustaram alguns analistas. 52% dos entrevistados responderam que não consideram que as acusações de Moro sejam suficientes para derrubar Bolsonaro. Issso  é diferente, todavia, de eventual apoio a Bolsonaro, como a tabela acima mostra. Mesmo entre quem acha o governo ruim/péssimo, 32% também não acham que essas denúncias sejam suficientes (20% disseram que não, e 12% disseram não saber). 

Entre os eleitores que qualificaram o governo Bolsonaro como “regular”, 64% também responderam não à derrubada do presidente com base nessas acusações; outros 20% disseram não saber; e apenas 16% responderam que sim, que as denúncias seriam motivo de impeachment. 

Essa pesquisa tem a ver com a qualidade dessa denúncia, que é, de fato, ainda vaga. Os brasileiros precisam, por exemplo, ter acesso ao famigerado vídeo da reunião do dia 22 de abril. Esse tipo de conteúdo pode mudar algumas opiniões. 

 

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A tabela acima é bastante emblemática sobre a seriedade com que a população está encarando a crise do coronavírus, e ao mesmo tempo do prejuízo causado pelos discursos negacionistas de Bolsonaro.

Perguntadas se tem chance de morrer em caso de contraírem o coronavírus, 46% responderam que não. 

É evidente que esses números irão se modificar dramaticamente de maneira proporcional ao crescimento no núḿero de vítimas fatais do Covid-19. 

Entre os mais pobres, apenas 27% tem medo de morrer, contra 44% dos que tem renda entre 5 e 10 salários. 

Essa “bravura” em relação ao Covid-19 entre os mais pobres é consequência da ignorância e da propaganda enganosa do bolsonarismo, mas infelizmente isso pode mudar expressivamente nas próximas semanas, conforme mais e mais pessoas próximas forem sendo vítimas da doença. Aliás, o gráfico abaixo, que deixo para o final do post, já mostra isso. O percentual de entrevistados que responderam que alguma pessoa próxima ficou doente com o coronavírus passou de 8% em 15 de abril para 26% em maio. Pelo crescimento exponencial da doença, é muito provável que observemos uma evolução dramática desse percentual ao longo das próximas semanas, com consequências significativas sobre a avaliação do governo. 

 

    

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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