A NOSSA LUTA É PELA VIDA
Por Virginia Berriel
Travamos um embate sem trégua pela vida, mesmo quando tudo parece impossível, inatingível, sem luz no fim do túnel, distante demais e nos coloca no abismo sem saber o que fazer. Paramos, respiramos e seguimos na luta, desbravando campos espinhosos, caminhos de pedras pontiagudas, dias duros de sofrimento e dor.
E daí vem um turbilhão de vozes, questionamentos e perguntas: quando teremos o nosso Brasil de volta?
O golpe que tirou a presidenta Dilma Rousseff foi para tirar os nossos direitos?
Quando teremos a liberdade e reconquistaremos tudo que nos foi roubado? Quando?
Todas essas perguntas precisam de respostas. No mínimo, a população que ainda está dormindo precisa acordar, se mover. É necessário extirpar todo o ódio que foi plantado e regado nas veias tênues do Brasil. Um Brasil que está sendo maltratado demais, que grita e definha. No momento, a luta mais importante é pela vida. Como lutar pela vida dentro de um Brasil dividido e extirpado? Quem está na linha de frente que salva e que cuida, os médicos, as enfermeiras, os profissionais da saúde, eles sabem muito bem o valor de uma vida e a luta que estão enfrentando contra o inimigo invisível – o Coronavírus –, e o inimigo mais visível do mundo – o presidente do país. Este, talvez seja muito mais perigoso e letal que a doença.
A luta pela vida esbarra na morte o tempo todo. Bolsonaro é a morte, coisa destrutível e ruim. No momento em que o país inteiro grita por socorro, que uma legião de pessoas à margem e na miséria lutam por míseros R$ 600 em intermináveis filas, nas portas das Caixas Econômicas Federais porque precisam desse dinheiro para comprar alimentos e sobreviverem à pandemia, o Presidente da Morte, falseia, debocha e ri na cara dos brasileiros. São atitudes perversas, não de um chefe de Estado, mas de um estado paralelo onde ele defende apenas os seus, o caos e a barbárie abertamente.
Mais de 12 milhões de pessoas ainda esperam o Auxílio Emergencial. Esperam porque os dados não foram analisados, estão inconclusos ou, melhor, estão “em análise” há cerca de dois meses. Um processo que poderia ser muito simples se arrasta, fere os mais necessitados que estão colocando as suas vidas em risco na tentativa de receber o auxílio. Se de um lado é tão difícil, quase impossível, o Governo precisa explicar porque 73 mil militares vinculados ao Ministério da Defesa, ativos, aposentados e pensionistas receberam o Auxílio Emergencial.
O próprio Ministério confirmou essa absurda irregularidade e publicou nota cobrando a devolução dos valores. A Caixa também foi questionada: como pessoas com carteira assinada conseguiram receber esse benefício? Nesse governo não existe transparência e nenhuma forma de alcançá-la. Esperar o quê de um governo baseado na mentira permanente?
O gasto com o Cartão Corporativo, apenas nos quatro primeiros meses de 2020, dobrou. Chegou a R$ 3,76 milhões, despesas sigilosas e trancadas a sete chaves. São os maiores gastos feitos por um presidente nos últimos oito anos. Em que pese o Governo dizer que os gastos aumentaram por ter repatriado brasileiros que estavam em outros países, isso não justifica. É um irresponsável torrando dinheiro público e queimando as reservas deixadas pelos governos petistas, tão criticados por ele.
Em negociação de cargos com o Centrão, o Governo deixará nas mãos mais criticadas e duvidosas, em troca de apoio, de R$ 10 a R$ 78 bilhões do orçamento, com nomeações. Ele permitiu o loteamento pelo Centrão, segmento da política nacional ao qual Bolsonaro sempre fez questão de criticar, afirmando que jamais iria se misturar com a “velha política”.
Para tentar salvar seu pescoço, busca apoio político, inclusive contra um possível e necessário impeachemant. Bolsonaro abriu a porteira, todas as torneiras das autarquias e dos cofres públicos para aqueles que sempre foram criticados. Algumas das piores figuras do cenário político do País. Só tem um nome para o que está fazendo: “compra de apoio a qualquer custo e com dinheiro público”.
O Governo da Morte não respeita nada, nem ninguém. O país se arrasta e afunda na maior crise política e social de sua história. Ele não governa, não tem plano nem projeto. Vive de futricas, ataques aos jornalistas, brigas e inconsequências cada vez maiores com seus ministros e aliados rotos.
O novo Ministro da Saúde, Nelson Teich, é tão sinistro quanto o seu Governo. Ele pode até ter um excelente currículo, mas não entende nada de planejamento, organização e não está fazendo nada para defender o seu ministério nem para apoiar os Estados, como por exemplo: aumentar os leitos, comprar os respiradores necessários, equipamentos de segurança, os EPIs para os profissionais de saúde, negociar com os hospitais particulares para liberação de leitos, manter a população em quarentena, em suas casas.
Aliás, cadê uma campanha do Ministério da Saúde sobre isso? Sobre o Fique em casa? Nunca existiu nesse governo e o ministro é apenas o testa de ferro, um fantoche que, em plena entrevista, ficou sabendo que o governo tinha liberado academias, barbearias e salões de beleza como atividade essencial.
Atrapalhado, Teich disse que era uma deliberação do presidente. Ora essa! Deveria ser dele, da Saúde, e deveria impedir esse absurdo. Desde quando isso é atividade essencial? Nelson Teich vai ficar na história como o pior Ministro da Saúde, um idiota útil para o Governo.
Enquanto isso nós, do Movimento Sindical e Social, lutamos pela VIDA. Sim, a nossa luta é pela segurança, saúde e VIDA. Orientamos os trabalhadores, os que são do grupo de risco e aqueles realmente essenciais, que precisam laborar com todos os equipamentos de segurança. Entramos com liminares contra as empresas para que respeitem as normas e orientações da OMS, que não exponham seus empregados a risco. Fazemos campanhas de conscientização e negociamos com as empresas a MP 936 que prevê a redução de salários com redução de jornada – na verdade, ela trata muito mais da “redução de salários com aumento da jornada de trabalho”.
Um desastre para os trabalhadores, principalmente aqueles pertencentes ao grupo classificado de trabalho essencial. Neste caso, as empresas estão funcionando a todo vapor e seus empregados tiveram redução salarial e estão em risco imposto pela pandemia. Enquanto isso o Brasil atingiu a triste marca, nesta sexta-feira, com mais de 14 mil mortes e o Governo só fala em economia e retorno ao trabalho, faz propaganda irresponsável da cloroquina e vai na contramão do mundo.
Bolsonaro precisa ser responsabilizado juridicamente pelos seus atos. O que está fazendo é crime. Ele tem um pacto com a Covid-19, com tudo que há de mais nefasto. O Presidente da Morte precisa ser parado. O Brasil, com o número de infectados que tem, pode ser varrido pela letalidade e irresponsabilidade do Governo.
#ForaBolsonaro
#ForaGovernoBolsonaro
Virginia Berriel
Jornalista
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