Desemprego aumenta em 12 estados no primeiro trimestre
Editoria: Estatísticas Sociais | Carmen Nery | Arte: Helga Szpiz
15/05/2020 09h00 | Última Atualização: 15/05/2020 10h34
Agência IBGE — A taxa de desocupação no primeiro trimestre aumentou em 12 estados e se manteve estável nos demais, na comparação com o quarto trimestre do ano passado. As maiores taxas foram observadas na Bahia (18,7%), Amapá (17,2%), Alagoas e Roraima (16,5%), enquanto as menores em Santa Catarina (5,7%), Mato Grosso do Sul (7,6%) e Paraná (7,9%).
As maiores altas no desemprego foram no Maranhão (3,9 pontos percentuais), Alagoas (2,9 p.p) e Rio Grande do Norte (2,7 p.p). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (15) pelo IBGE.
Em 15 unidades da federação, o desemprego superou a média nacional, de 12,2%. O país tinha 12,9 milhões de pessoas sem trabalho no primeiro trimestre, conforme já divulgado pelo Instituto.
A pesquisa aponta também que as desigualdades permaneceram acentuadas em diversos segmentos da sociedade no primeiro trimestre do ano. Entre as pessoas que se declararam pretas e pardas, o desemprego avançou, de 13,5% e 12,6%, no quarto trimestre, para, respectivamente, 15,2% e 14%, enquanto o das brancas subiu de 8,7% para 9,8%. A taxa de desocupação foi estimada em 10,4% para os homens e 14,5% para as mulheres.
Entre os jovens de 18 a 24 anos de idade, o desemprego passou de 23,8%, no último trimestre de 2019, para 27,1%. No Nordeste, o desemprego para essa faixa etária chegou a 34,1%. De acordo com a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, é esperado haver no primeiro trimestre um aumento da desocupação, devido às dispensas dos trabalhadores temporários contratados no final do ano.
“A maior parte dos temporários dispensados no início do ano são jovens, o que faz com que a queda no nível de ocupação seja maior nesta faixa”, explica Adriana.
Em relação ao tempo de procura por emprego, a pesquisa mostra que 45,5% dos desocupados estavam de um mês a um ano em busca de trabalho; 23,9%, há dois anos ou mais; 12,6%, de um ano a menos de dois anos; e 18%, há menos de um mês. No país, 3,1 milhões de pessoas procuram trabalho há 2 anos ou mais.
Informalidade é maior no Pará e no Maranhão
A taxa de informalidade passou de 41% para 39,9% no país e, entre as unidades da federação, as maiores taxas foram registradas no Pará (61,4%) e Maranhão (61,2%) e as menores em Santa Catarina (26,6%) e Distrito Federal (29,8%).
Embora a taxa de informalidade tenha se mantido estável em 18 estados, ela ficou acima da taxa média nacional (39,9%) nesses locais, variando de 41,2%, em Goiás, até 61,4% no Pará. Em 11 desses 18 estados, a informalidade ultrapassou 50% e apenas Distrito Federal (29,6%) e Santa Catarina (27,3%) tiveram taxas de informalidade abaixo de 30%.
“A informalidade teve queda porque houve uma redução das duas populações que a compõem – empregados sem carteira do setor privado e trabalhadores por conta própria – devido às dispensas dos contratados no quarto trimestre. Isso significa que os trabalhadores sem carteira e os que trabalham por conta própria não estão sendo absorvidos pelo mercado formal”, analisa Adriana.
Para o cálculo da taxa de informalidade da população ocupada, a pesquisa considera como informais os empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, empregados doméstico sem carteira de trabalho assinada, empregadores sem registro no CNPJ, trabalhadores por conta própria sem registro no CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
Subutilização avança em dez estados
A PNAD Contínua aponta ainda que a taxa composta da subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação a força de trabalho ampliada) que em nível Brasil atingiu 24,4%, subiu em dez estados, mantendo-se estável nos demais 17.
O Nordeste foi a região com as maiores medidas de subutilização da força de trabalho e, na Região Sul, as menores. Entre os estados, as maiores taxas foram no Piauí (45%), Maranhão (41,9%), Bahia (39,9%), Rio Grande do Norte (36,5%), Sergipe (35,9%) e Paraíba (35,1%). Santa Catarina (10,0%), Mato Grosso (14,8%) e Rio Grande do Sul (15,9%), tiveram as menores taxas.
O número de desalentados foi de 4,8 milhões de pessoas, com destaque para a Bahia (774 mil), que respondia por 16,3% do contingente nacional. O percentual de pessoas desalentadas (em relação à população na força de trabalho ou desalentada) no primeiro trimestre de 2019 foi de 4,3%, crescendo 0,2% na comparação com o quarto trimestre de 2019 e estável em relação ao primeiro trimestre de 2019. Maranhão (17,8%) e Alagoas (15,5%) tinham os maiores percentuais e Santa Catarina (0,8%) e Rio de Janeiro (1,2%), os menores.
As unidades da federação com os maiores percentuais de trabalhadores por conta própria foram Amapá (39,5%), Pará (35,2%) e Amazonas (34,3%) – todos acima da média nacional de 26,2% – os menores estavam no Distrito Federal (19,3%), São Paulo (21,9%) e Santa Catarina (22,9%).
Coleta por telefone
Em função da pandemia de Covid-19 e de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, o IBGE interrompeu a coleta presencial de todas as pesquisas no dia 17 de março de 2020. Desde então, foi instituído um plano de contingência para manter a realização da coleta das informações das pesquisas por telefone.
O número do telefone de contato para alguns domicílios visitados anteriormente pelo IBGE já constava na base de dados da PNAD Contínua. Através do pareamento da lista de domicílios da pesquisa com bases de dados disponíveis no próprio Instituto e diversas ações promovidas nos 27 estados, está sendo possível obter os telefones para realização da pesquisa.