– O Brasil agora é 7º país do mundo com mais casos registrados de coronavírus segundo o ranking da Johns Hopkins. O que é bastante preocupante dada a gigante subnotificação por falta de testes no país. A Alemanha, que é um dos países que mais testa registra hoje 173.214 e o Brasil que é um dos países que menos testa registra hoje 178.349 casos de infectados. Em mortes temos 12.461 e a Alemanha 7.780, o que demonstra ainda mais nossa subnotificação. Em número de mortes estamos em 6º. Ficando atrás dos EUA, Reino Unido, Itália, França e Espanha. Cientistas estimam que o número real de casos no Brasil já estava em 1,6 milhão na semana passada.
– O infectologista e epidemiologista que está na equipe da Casa Branca, Anthony Fauci, falou ontem ao Senado americano. Ele disse que prevê consequências graves no caso de uma suspensão prematura do confinamento no país. Fauci disse estar preocupado com o fato de alguns estados ou cidades avançarem no relaxamento das medidas de distanciamento social, sem seguir as diretrizes do governo e esperar uma expressiva queda no número de casos por pelo menos duas semanas. Para ele, uma abertura sem esses cuidados “paradoxalmente nos faria retroceder, acrescentando mais sofrimento e mortes que são evitáveis”. Um comentário interessante de um senador republicano ao longo da conferência foi quando ele disse que “quase todos aqui subestimamos o vírus”. O ambiente é tenso, pois a abertura ou não dos municípios e estados virou uma questão de disputa entre democratas e republicanos, semelhante ao que acontece hoje no Brasil, com relação a Bolsonaro.
– Já falei bastante aqui nas notas desta semana sobre a elevação da tensão no Oriente Médio nos últimos dias por conta das ações concretas que Israel começa a tomar na tentativa de extensão de sua soberania sobre os territórios ocupados da Palestina, na Cisjordânia. De ontem para hoje os diplomatas europeus também começaram a se mexer com relação ao tema. Em reportagem da Reuters, diplomatas da França, Irlanda, Bélgica e Luxemburgo manifestaram a intenção de pautar na próxima reunião dos chancelers do bloco a possibilidade de retaliações econômicas contra Israel. A UE é o maior parceiro comercial de Israel. Lembre-se que para aprovar punições a UE precisa consolidar uma posição unificada. Um dos principais alvos de Israel é o Vale do Rio Jordão onde vivem 65 mil palestinos e cerca de 10 mil israelenses. O plano de anexação conta com o amparo do projeto “Acordo do Século” proposto pelos EUA, mas com o qual não concordaram a Autoridade Palestina, a Liga Árabe e a Organização para a Cooperação Islâmica.
– O Brasil está voltando para o Mapa da Fome. A informação é do economista Daniel Balaban, chefe do escritório do Programa Mundial de Alimentos da ONU em entrevista ao Estadão. Segundo ele, o Brasil hoje possui um número muito alto de pessoas em extrema pobreza – que ganham menos de 2 dólares/dia. Os dados de 2018 indicam 9,3 milhões de pessoas nesta situação. A estimativa agora é de que os efeitos econômicos da pandemia vão produzir 5,4 milhões de pessoas a mais nesta faixa. O Brasil é hoje o oitavo país mais desigual do mundo, estando à frente de seis países africanos e a da Guatemala. O Brasil deixou o Mapa da Fome em 2014. Para figurar no mapa, o país deve ter mais de 5% da sua população na extrema pobreza.
– A cada semana se renovam os episódios da disputa global entre EUA e China. Esta semana o conflito está girando em torno da decisão de Trump de limitar vistos para jornalistas chineses que trabalham nos EUA. O governo norte-americano vem atacando sistematicamente a imprensa chinesa e dizendo que não fazem jornalismo, mas “propaganda”. A controvérsia já gerou expulsão de jornalistas norte-americanos da China em março. Segundo o porta-voz das relações exteriores chinesas Zhao Lijan, “os EUA estão entrincheirados em uma mentalidade da Guerra Fria e em preconceitos ideológicos”. E a disputa extrapola o nível dos governos nacionais. Esta semana 18 secretários de Justiça de Estados governados por republicanos enviaram ao Congresso dos EUA um pedido de investigação sobre o papel da China na origem da pandemia. Segundo eles, “os erros deliberados do governo chinês são responsáveis pela morte de 80 mil americanos”. A China emite vários sinais como resposta. Um deles foi um tuíte de Hua Chunyng, funcionário da chancelaria chinesa, que diz: “a China não será o Iraque”, se referindo às alegações de Bush de que o Iraque teria armas químicas para justificar uma invasão militar. Por traz de uma retórica cada vez mais agressiva de parte a parte, há uma série de negociações sendo travadas no nível comercial. Também nesta semana, houve uma conversa telefônica entre o vice-primeiro-ministro Liu He e o representante comercial dos EUA Robert Lighthizer, além do secretário do tesouro Steven Mnuchin. O tema foi a implementação da primeira fase do acordo comercial estabelecido em janeiro. (Com infos da agência Estado e da France Press).
– E por falar em comércio com os EUA, saiu um dado ontem da Comex do Brasil, de que só nos primeiros quatro meses deste ano o Brasil já acumula um déficit comercial de 3 bilhões de dólares com os EUA. Se mantido esse dado, o Brasil poderá registrar no fluxo de comércio com os EUA o maior déficit já contabilizado em relação a qualquer país na história do comércio exterior brasileiro.
– Pesquisa divulgada ontem nos EUA mostra que a pandemia fez o apoia Trump diminuir e Biden ganhou fôlego na corrida. A pesquisa foi feita pela Reuters/Ipsos e mostrou que 41% dos adultos norte-americanos aprovam o desempenho de Trump no cargo, uma queda de 4 pontos em relação a um levantamento de abril. A reprovação ao presidente aumentou 5 pontos e agora está em 56%. Entre os eleitores registrados, aptos a votar, 46% disseram que votariam em Biden nas próximas eleições de 3 de novembro, enquanto 38% votariam em Trump. Isso indica que Biden cresceu 8 pontos desde a última pesquisa.
– Dados da coluna do Jamil Chade de hoje reportam um diagnóstico da economia mundial feito por um pool de 30 organizações internacionais. Alguns números são surpreendentes, como a queda anual de 9% na produção global e na produção manufatureira, uma projeção de queda de 27% do comércio global para o segundo trimestre deste ano e uma queda global nos preços das commodities em 20,4%, que deve atingir bastante o Brasil. A crise já é maior do que os impactos criados pelo colapso dos bancos de 2008, “guerra ao terror” de 2001 e quebra dos mercados asiáticos de 1998. Só no Reino Unido, a projeção é de uma queda de 14% no PIB, algo inédito desde 1706. Só as empresas aéreas terão um prejuízo de 300 bilhões e cerca de 200 milhões de pessoas deixaram de viajar só em março.
– Um novo relatório da CEPAL, divulgado ontem (12), informa que as mulheres estariam entre os grupos das pessoas mais vulneráveis à crise socioeconômica gerada pela pandemia. Além das mulheres, as pessoas de estratos de renda baixa e média-baixa, trabalhadores informais, domésticas, crianças, adolescentes, jovens, idosos, população rural, povos indígenas, afrodescendentes, deficientes, migrantes e moradores de rua. Segundo o relatório, até agora foram aplicadas 126 medidas de proteção social em 29 países para a população pobre e vulnerável. Entre elas, as transferências monetárias e de alimentos alcançaram 90,5 milhões de domicílios, cerca de 58% da população.
– Na China, está em operação um aplicativo para os smartphones que usa dados de geolocalização das operadoras telefônicas e analisa os movimentos dos usuários. Com base nas movimentações dos 14 dias anteriores, o aplicativo dá o indicativo do dia se a pessoa é ou não suspeita de ter se contaminado pelo coronavírus. O aplicativo considera se a pessoa esteve em uma área de risco, se esbarrou em alguém doente, se andou de trem ou metrô e outras variáveis para gerar um “código de saúde” que é verde no caso da pessoa não estar em risco, amarelo para a pessao ficar em casa em quarentena e vermelho quando a pessoa terá que ir para uma quarentena especial, por exemplo, em hotéis fechados só para isso. Esse tipo de aplicativo é bastante controverso em países com legislação mais dura com relação à proteção de dados.
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