Maio entra na sua segunda segunda com a lua cheia e sol em touro.
Parece uma boa receita para um dia bem intenso e a realidade não nos decepcionou. Logo hoje pela manhã, o presidenciável Ciro Gomes acordou virado no Jiraiya – como falam aqui no Rio – e soltou os cachorros para cima do “lulopetismo”.
A disputa Ciro-PT pode não ser antiga, mas é digna de novela mexicana. Desde a última eleição as coisas andam meio azedadas e as trocas de farpas são frequentes.
Obviamente, como lulopetister de carteirinha eu discordo da estratégia cirista. Todavia, Ciro não é um personagem qualquer e se ele tem esses ataques como estratégia alguma lógica deve ter. Não acredito mesmo que seja impulso ou ressentimento e também não trato minha perspectiva como verdade absoluta.
Pensando no método em si, por exemplo, veremos que Ciro pautou horas o debate numa fatia grande da internet num dia em que esteve ao vivo em um Webnar. Não me parece uma estratégia ruim em termos de visibilidade, importante para um presidenciável (Bolsonaro que o diga).
Contudo, mesmo entendendo a força do método do alcance pela polêmica, gostaria de argumentar que Ciro erra a mão no conteúdo. Detalho mais a seguir.
Primeiramente, num contexto mais amplo, pois a pauta falso moralista que alimenta esse “combate a corrupção” que Ciro tenta navegar é historicamente utilizada contra o povo. É uma arma que a elite nunca abriu mão para criminalizar o Estado e promover a iniciativa privada.
Em outras palavras, o falso moralismo precisa ser denunciado e desmascarado e não incentivado.
Em segundo lugar, pensando na política do dia a dia, penso ser um erro ocupar o tempo da militância nas redes no momento em que enfrentamos um guerra híbrida.
Enquanto Roberto Jefferson nos distrai com fuzil – que podem eventualmente ser usados – a grande força do governo está na comunicação em massa para ludibriar a população. E essa guerra estamos perdendo feio.
Se pegarmos o dia de hoje – intenso como música da Maria Bethânia – a “bolha” política do país parou pra discutir a relação Ciro-PT enquanto a máquina governamental trabalha fortemente para colocar a tentativa de assassinato de Bolsonaro no colo do PT.
Essa teoria da conspiração é fundamental para a estratégia golpista do Bolsonaro e está sendo enviada diretamente a população, direcionada pela tática de guerra governista, sem um contraponto efetivo do nosso campo.
Ou seja, estamos gastando caracteres pra lembrar que Ciro foi pra Paris ou que Lula apertou a mão do Maluf enquanto governistas tentam convencer a população que o principal partido de oposição tentou matar o presidente.
Assim, o PT precisa combater a falsa acusação de tentativa de assassinato ao mesmo tempo que lida com a velha ladainha contra a corrupção (que alimenta o lavajatismo, diga-se de passagem).
É uma receita muito perigosa pois não é segredo pra ninguém o sonho que a direita autoritária tem de cassar o PT. E um partido de massas não se levanta da noite para o dia. É impensável, pra mim, abrir mão de uma força popular num momento como esse.
Por fim, reitero aqui meu respeito aos ciristas/trabalhistas/pedetistas e não tenho dúvidas que a história desenhou as mesmas trincheiras para nos posicionarmos. Deixo minha crítica ao Ciro na intenção de contribuir no combate o fascismo, deboas, sem mágoas e na paz.
Fiquem em casa, quem puder!