Por definição, chefes políticos, em especial aqueles à frente de nações inteiras, procuram transmitir confiança, tranquilidade e esperança a seu povo.
Essses sentimentos são importantes para se atrair investimentos, para convencer empresários a confiar na economia (e assim, segurar demissões), para trazer um mínimo de conforto aos que passam por dificuldades, e sobretudo para convencer a população a se manter firme.
Afinal, a vida é dura, e não apenas por causa da pandemia. Mesmo antes da Covid-19, milhões de brasileiras enfrentavam, diariamente, situações desesperadoras. Havia doenças, acidentes, desemprego, dívidas, homidídios, assaltos e estupros antes da Covid-19. E vão continuar existindo depois que a doença passar.
Por isso é tão importante que um governo político tenha ao menos a dignidade de não agravar os sofrimentos e angústias pelos quais todos passamos, antes, durante ou depois do coronavírus, tentando abalar a fibra moral com que resistimos a eles.
Se o governo não ajuda, então pelo menos fique quieto, ao invés de difundir medo!
Os brasileiros não pagam tantos impostos, sobre o consumo, sobre a renda, sobre os salários, para ouvir o presidente da república, do alto de seu conforto, de seus jet skis de luxo, de seus médicos especiais, se lamuriar e anunciar o caos!
O presidente da república é um servidor público pago com nossos impostost para trabalhar, e não para se lamuriar!
Há momentos muito difíceis, em que mesmo a melhor administração não consegue evitar que problemas graves ocorram. O cidadão brasileiro é bastante compreensivo, talvez até demais, como se vê por sua resignação diante da incúria de grande parte da classe política.
O que se exige não é um governo perfeito, o que é impossível, mas um governo sério, competente, e que, em sua comunicação com o povo, preste contas do que está fazendo, seja transparente, e transmita confiança!
Ontem, Bolsonaro revelou outro aspecto de sua bizarria.
O presidente postou uma mensagem, em suas redes, em que ele faz o papel de um terrorista: assustar a população, afastar investidores e promover o caos.
“O caos se aproxima”, disse Bolsonaro, referindo-se ao aumento de desempregados.
Em sua busca para se descolar da responsabilidade pelas consequências sociais e econômicas da Covid, o presidente tem se distanciado da própria… presidência da república.
Sua mensagem é a última coisa que se poderia esperar de uma liderança.
Imagine se um general, no meio de uma guerra, se comunicasse assim oficialmente com seus soldados, ou pior, com a população civil: ao invés de estimular a coragem, a solidariedade, a esperança, insuflasse medo, apatia e desesperança?
Bolsonaro é o dono da caneta e o homem do cofre.
No Tesouro da União, há mais de R$ 1,2 trilhão em recursos disponíveis para combater o “caos” de que ele fala.
O Brasil tem reservas internacionais, que somam igualmente mais de R$ 1 trilhão.
E, sobretudo, o Executivo tem duas poderosas máquinas para combater o desemprego: o controle sobre a emissão de moeda e sobre a taxa de juros.
Um governo dotado de energia e vontade política para conter o avanço do “caos” reduziria a taxa de juros a zero, emitiria moeda, e usaria os recursos do Tesouro e das reservas para combater o desemprego e preparar o Brasil para a nova era que nascerá dos escombros gerados pela Covid-19.
Bolsonaro é um genocida, pois sua incúria e irresponsabilidade é causa da morte de milhares de brasileiros.
Toda vez que chamou a Covid-19 de gripezinha, toda vez que disse que ela não mataria mais que 800 pessoas, que fez pouco caso da doença, ou, pelo exemplo, estimulou as pessoas a não se precaverem, ele contribuiu para que milhares de pessoas fosse infectadas, sofressem e morressem.
Agora, com essa postagem promovendo medo e insegurança, sabemos que Bolsonaro é também um terrorista.