Na mesma esteira em que vendeu uma entrevista “bombástica” com Sérgio Moro, a revista Veja também lançou o “lema” da campanha presidencial do juiz: “Faça a coisa certa, sempre”.
Na reportagem da coluna Radar, Robson Bonin destaca que já existe um outdoor com o “lema” junto da foto do juiz e também relembra que em sua “delação” (pedido de demissão do governo Bolsonaro) Moro repetiu três vezes o seu slogan de campanha.
Entretanto, o que chama mais atenção na coluna é a origem da “logo” da campanha presidencial de Moro. Segundo Bonin, ela foi criada por “amigos, ex-assessores e auxiliares do juiz”.
Oras, essa logo já existe há mais de um ano e foi anunciada como “campanha interna” do ministério pelo próprio Sérgio Moro, no seu Twitter pessoal.
Ou seja, a mesma campanha (slogan, estética) que estampa atualmente a capa do Twitter de Sérgio Moro, um “cidadão comum” como eu e você, também estampa um campanha institucional de uma entidade pública, o MJSP.
Ou seja, palestras, notícias, vídeos e imagens com o “lema” de Moro estão sendo ofertadas pelo Estado.
Imaginem se a moda pega. Cada ministro utilizando sua máquina ministerial – pública (!!) – para fazer campanhas que, futuramente, casem com seus objetivos pessoais. Cada peça publicitária – pública (!!) – vai tender a gerar trampolim de candidaturas sem fim.
Por exemplo, vamos considerar o acesso que a página Karnal Admiradores deu ao seu “lema presidencial” do lavajatista Moro, o tal do “faça a coisa certa”. Não é difícil imaginar se um juiz de primeira instância – salário máximo de 40mil pelo teto constitucional – tem ou não dinheiro para bancar uma campanha publicitária estrelada por Leandro Karnal.
Sérgio Moro fez um mega lançamento de uma campanha pública, sabe-se lá com que dinheiro, e agora tenta surfar nessa. Há um forte indício, portanto, da quebra do princípio da impessoalidade por parte do ex-ministro, afinal, ele utiliza pessoalmente uma campanha feita pelo Estado.
Por fim, como é poético ver que o grande engodo da política nacional é uma farsa até no slogan: pede para fazer a coisa certa, fazendo a coisa errada.
Luiz
06/05/2020 - 20h24
Falta de paciência, poderia estar no TFR4.
Paulo
06/05/2020 - 19h33
Tadeu, não há quebra do princípio da impessoalidade – nem qualquer outro que rege a Administração Pública – porque Moro não é mais servidor público. E o princípio correto a ser invocado, caso se pudesse comprovar que Moro já tinha a intenção de utilizá-lo em campanha, quando Ministro, o que acho muito difícil, seria o da moralidade…
Tadeu Porto
08/05/2020 - 12h30
Oi Paulo! Cara, sei não. Ele mesmo está em quarentena nesse exato momento, pois a gente sabe que uma vez funcionário público tem acesso a informações que valem uma vida. Como eu disse: imagina se a moda pega? Se cada ministro for embora do cargo com o slogan do seu ministério? Não consigo achar uma coisa dessa normal. No mais, forte abraço e obrigado pelo comentário!
Paulo
08/05/2020 - 18h55
Tadeu, o princípio da impessoalidade é dirigido aos administrados, no sentido de que “a atuação da Administração se conduza sem discriminações que visem prejudicar ou beneficiar determinado administrado, ou seja, funda-se na conduta e tratamento isonômico da Administração perante os administrados, com a destinação de atingir o interesse coletivo” (JUS.COM.BR). Por isso foi invocado pelo Ministro Alexandre contra a nomeação do amigo da família Bolsonaro para a direção-geral da PF. Mas entendi o que quis dizer. Abraço!