Bolsonaro confirma acusações de Moro sobre interferência política na Polícia Federal

Ontem, na breve “coletiva” que deu diante da grade do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro voltou a produzir provas contra si mesmo.

Ele mostrou o seu celular para as câmaras, para que todos pudessem ver as mensagens trocadas com o ministro Sergio Moro.

Algumas observações:

  1. Bolsonaro confirmou a veracidade das mensagens apresentadas por Moro. Alguns amigos juristas, preocupados com o Estado de Direito, lembravam que era preciso fazer a perícia. Eu dizia que, neste caso, a palavra de um ministro de Estado, abrindo suas próprias mensagens, deixava pouca margem de dúvida. Agora não há mais dúvida nenhuma. 
  2. Bolsonaro inclusive mostrou mensagens anteriores e posteriores, permitindo que entendêssemos o contexto, e o contexto era exatamente aquele enunciado por Moro, a saber, interferência política na PF para poupar aliados. 
  3. Na coletiva, Bolsonaro tenta desviar o foco, mostrando uma resposta de Moro em que este usa a expressão “isso é fofoca”. A resposta de Moro não tem o sentido que Bolsonaro tenta atribuir. Moro quer dizer que era fofoca que a PF estaria investigando deputados bolsonaristas. de moto-próprio, como se a PF fosse “adversária” do governo. 
  4. O único trunfo de Bolsonaro é que as mensagens também dão a entender que ele é, antes de tudo, boçal. O presidente não parece sequer entender que suas mensagens e seu desejo de demitir o diretor da PF por causa de seus temores, constituíam claramente interferência política ilegal. Os textos privados do presidente nos fazem suspeitar que Bolsonaro não tem noção do que seja autonomia. 
  5. A boçalidade não constitui, todavia, desculpa. Não se perdoa um assassino maior de idade, com suas plenas capacidades mentais, por ser um boçal. Os atos de Bolsonaro constituem crimes de responsabilidade e são suficientes para impedi-lo.

 

Redação:
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