Há um mistério enorme por trás desses pronunciamentos de Bolsonaro sobre “chegamos no limite, não tem mais conversa”.
Ele não explica o que isso quer dizer. Tampouco diz o que ela quer. Qual o plano do governo?
A questão de “abrir” o comércio, contra a decisão de prefeitos e governadores, não faz sentido.
Todo mundo quer voltar à vida normal. O que impede é o vírus, não a decisão de prefeitos ou governadores.
Os shoppings de uma cidade em Santa Catarina reabriram e mesmo assim amargam queda de mais de 80% no movimento, porque a maioria das pessoas acompanha a imprensa nacional e internacional e prefere acreditar na ciência do que num presidente maluco. Não adianta reabrir nada sem oferecer segurança aos cidadãos de que não vão morrer sem atendimento em hospitais colapsados. As pessoas simplesmente não vão frequentar shoppings ou restaurantes antes dessa sensação de segurança, que Bolsonaro não está construindo. E por isso, a quarentena apenas ficará mais duradoura, e mais destrutiva para a economia.
Hoje, domingo, Bolsonaro voltou a participar de uma aglomeração, sem máscara, tocando pessoas, descumprindo as recomendações de seu próprio governo e fomentando ainda mais confusão junto à população, que assiste à cena e não sabe se acredita no ministro da Saúde ou no presidente.
Bolsonaro disse o seguinte:
“Peço a Deus que não tenhamos problema nesta semana. Chegamos no limite. Não tem mais conversa. Daqui pra frente não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço”.
O que isso quer dizer?
Ele não tem força política nenhuma para dar golpe. Não tem dentes. Tem mais rejeição que apoio na sociedade. Então sua fala é apenas o latido de um cachorro velho e doente. Serve apenas para confundir a sociedade e atrapalhar os esforços de milhares de servidores públicos, que arriscam suas vidas diariamente, na luta contra um vírus perigosíssimo.