DataPoder 360: trapalhadas no combate ao coronavírus e denúncias de Moro derrubam aprovação de Bolsonaro

Pesquisa do site Poder 360, realizada entre os dias 27 a 29 de abril, com 2.500 pessoas, mostra que 43% da população avalia negativamente (ruim ou péssimo) o desempenho do presidente Bolsonaro no combate ao coronavírus, contra apenas 24% que avalia positivamente. 

A íntegra da pesquisa pode ser baixada aqui.

Na estratificação por escolaridade e renda, os eleitores mais instruídos e com maior renda são os que tem avaliação mais negativa: 

  • entre eleitores com nível superior, 61% avaliam o desempenho de Bolsonaro como ruim ou péssimo, contra apenas que 18% que dão nota ótimo/bom.
  • entre eleitores de todas as faixas de renda reprovam fortemente o desempenho de Bolsonaro na luta contra o coronavírus, mas entre eleitores com renda maior, a rejeição é maior: entre eleitores com renda de 5 a 10 salários, 55% reprovam o desempenho de Bolsonaro; entre eleitores com renda superior a 10 salários, a rejeição explode para 65%.
  • Entre eleitores com renda até 2 salários. 48% reprovam o desempenho de Bolsonaro.
  • Bolsonaro tem um desempenho melhor entre desempregados, onde tem aprovação de 27%, bem acima da média registrada para outras faixas de renda; mesmo entre estes, porém, há 36% de ruim/péssimo.

Bolsonaro está registrando notas de ruim/péssimo acima daquelas de ótimo/bom em todas as regiões do país, inclusive sul e centro oeste, que eram as áreas onde ele vinha tendo um melhor desempenho. 

No Sul, por exemplo, 41% consideram ruim ou péssimo o desempenho do presidente no combate ao coronavírus, contra 22% que dão nota ótimo/bom.

A pesquisa também mediu a avaliação geral do governo do presidente Bolsonaro. 

Os números não são tão negativos quanto aqueles que avaliam seu desempenho na luta contra o coronavírus, mas estão piorando rapidamente, o que mostra que uma relação de uma coisa com a outra. Ou seja, conforme a população vai recebendo informações sobre o desempenho do presidente no combate ao coronavírus, sua avaliação geral vai se deteriorando.

Na pesquisa de 15 de abril, Bolsonaro tinha 36% de ótimo/bom, e 33% de ruim/péssimo, números que hoje são de 29% de ótimo/bom e 40% de ruim/péssimo. 

A dinâmica tem sido sempre a mesma: a avaliação geral de Bolsonaro tem se deteriorado de cima para baixo, começando das classes mais instruídas e de maior renda.

 

Outro dado que deve prejudicar, doravante, o desempenho de Bolsonaro, é a avaliação fortemente negativa com que parte da população julgou a saída do ministro Sergio Moro do governo.

Os números mostram que esse julgamento negativo ocorre sobretudo naquelas categorias que antes apoiavam Bolsonaro, como os mais instruídos e de maior renda. 

Interessante notar que, entre os eleitores que ainda dão nota ótimo/bom para Bolsonaro, a saída de Moro não abalou tanto: entre estes, apenas 18% consideraram que foi ruim para o governo. Mas entre os que dão nota regular, 45% consideraram ruim para Bolsonaro; e entre os que dão nota ruim/péssimo, 55% acham que foi negativo.

As acusações de Moro de que Bolsonaro queria interferir em investigações da Polícia Federal também causaram um terrível estrago na imagem do presidente, a ponto de 40% dos entrevistados afirmarem que é motivo para “tirar Bolsonaro da presidência”, contra igualmente 40% que acham que isso ainda não é motivo.

Entre eleitores com ensino superior, todavia, 57% acham que as acusações são sim motivo para derrubar Bolsonaro, contra 34% que não. 

Com exceção dos desempregados e/ou sem renda fixa, em todas as outras faixas de renda há uma maioria sólida que considera as denúncias de Moro um motivo suficiente para tirar Bolsonaro da presidência.

Mesmo entre as famílias com renda de 5 a 10 salários, que é onde Bolsonaro ainda mostra uma base sólida na pesquisa de avaliação geral (40% de ótimo e bom), temos um percentual de 49% que considera as denúncias de Moro como motivo suficiente para um impeachment do presidente. 

  

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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