Eu gostaria que todos voltassem a trabalhar, mas quem decide isso não sou eu, são os governadores e prefeitos.
Eis a mais recente canalhice proferida pelo presidente Jair Bolsonaro, hoje mesmo, 1º de maio. Um deboche brutal com os trabalhadores e uma provocação criminosa aos governadores e prefeitos.
A brutalidade do deboche decorre do fato de que muitos trabalhadores estão desesperados para trabalhar, mesmo sabendo que sair às ruas significa aumentar, para si e para a família, o risco de contaminação e morte, além de contribuir para o espalhamento do vírus e o consequente aumento no número de internações e mortes da população em geral – tendo em vista que o sistema de saúde está colapsando em muitas cidades. Esse desespero é decorrência da omissão criminosa do governo federal, cuja demora e burocracia para disponibilizar o baixo valor de R$ 600 mensais à população é gritante. (Nunca é demais lembrar: para os bancos, cujos donos, ao que consta, não estão tão necessitados assim, foram liberados R$ 1,2 trilhão ainda em março.) Some-se à omissão o incentivo explícito que Bolsonaro tem dado para que as pessoas saiam às ruas para trabalhar, escondendo que é obrigação do governo injetar dinheiro na economia durante uma situação catastrófica dessas, e temos um escárnio frio, monstruoso. O deboche é ainda mais cruel porque feito exatamente no dia do trabalhador.
A provocação aos governadores e prefeitos é criminosa porque joga a bomba no colo destes. O empresariado das cidades costuma ter força política e, portanto, poder de pressão sobre os governantes. Ao defender o fim do isolamento e não apresentar qualquer plano de ajuda financeira às empresas de pequeno e médio porte, Bolsonaro joga os empresariados locais contra os prefeitos e governadores, provocando uma tensão política que está resultando, em muitos lugares, na reabertura dos comércios e indústrias não essenciais. Os próprios trabalhadores, como dito no parágrafo anterior, querem voltar a trabalhar pois estão completamente desassistidos.
Esse movimento de reabertura é uma espécie de suicídio coletivo pois acontece exatamente quando a curva de mortes no Brasil começa a subir a ladeira(!):
Outros países bastante atingidos pela pandemia, como França e Espanha, somente agora, com sua curva de mortes em flagrante declínio, estão começando uma reabertura – ainda assim, extremamente cautelosa, pois tudo indica que não será possível uma simples volta à “normalidade” de antes da covid-19.
Governadores e prefeitos que tomaram medidas bastante rígidas não achataram a curva.
Bolsonaro proferiu a mentira acima ontem (30). A data do pico da epidemia vem sendo adiada nas previsões dos pesquisadores muito provavelmente por conta das medidas adotadas. Se o presidente do país não fosse um psicopata e não trabalhasse contra as medidas, talvez elas fossem ainda mais efetivas.
É evidente que o isolamento social é a medida mais adequada diante da pandemia por conta do simples fato de que, se não for feito, não há sistema de saúde no mundo que garanta o alto número de atendimentos decorrentes de uma explosão rápida dos casos. Bolsonaro por certo sabe disso, mas parece preferir que mais pessoas morram se este for o preço a se pagar para que se mantenha o clima de guerra política que excita suas hostes e lhe garante o inacreditável discurso de político antissistema.
Se a lógica comezinha não basta, pegue-se os exemplos de Blumenau e da Argentina. A cidade brasileira reabriu o comércio e viu os casos confirmados dispararem 173%. O país vizinho, que vem aplicando medidas de isolamento social duras sob o comando de Alberto Fernandez, “rival ideológico” de Bolsonaro, registrava 2 mortes por Covid-19 no dia 17 de março, enquanto o Brasil registrava 1 morte. Hoje, 1º de maio, o Brasil contabiliza 6.329 mortos e a Argentina, 220. Ou seja: temos 28 vezes mais óbitos do que os hermanos, enquanto nossa população é apenas 5 vezes maior.
Ainda assim, o ministro da economia Paulo Guedes teve a pachorra de falar, há alguns dias, que “nós não queremos virar Argentina, nós não queremos virar a Venezuela. Estamos em outro caminho, estamos no caminho da prosperidade, e não no caminho do desespero”. Quão insana é uma declaração dessas, neste momento? A realidade interessa muito, mas muito menos aos integrantes do governo Bolsonaro do que sua paranoia antiesquerdista rasteira. E este é o cara “racional” do governo, dizem…
Gilmar Mendes disse esses tempos que o presidente não está autorizado pela Constituição a adotar uma política pública genocida mas, bem, ele o está fazendo. Seu discurso, suas omissões e suas práticas estão conduzindo o país a um morticínio sem precedentes – e evitável.
Diante disso, aqueles que têm poder para desencadear os mecanismos legais que podem afastá-lo do cargo e não agem nesse sentido são nada menos do que cúmplices. Há, evidentemente, consideráveis empecilhos para a queda de Bolsonaro: a força política do presidente, os ritos processuais, a dificuldade de que um afastamento seja efetivado em pouco tempo. No entanto, a situação é grave demais. É preciso usar todas as armas para que se atinja este fim o mais brevemente possível.
Estamos em guerra. Os protocolos habituais precisam ser atropelados, se necessário, no combate ao inimigo – no caso, o governante que auxilia o vírus a se espalhar.
Rodrigo Maia, Augusto Aras, David Alcolumbre, os ministros do STF, as entidades que podem apresentar pedidos de impeachment, órgãos de imprensa e seu poder de pressão, todos que não fazem o que está a seu alcance terão sua justa cota parte na divisão das responsabilidades pela tragédia humanitária que estamos vivendo.
Chamar as coisas pelo nome é um bom começo para aumentar a pressão sobre Bolsonaro: o que está acontecendo é um genocídio frio e premeditado, cometido pelo presidente da República e seus asseclas.
Muito tempo foi perdido, mas ainda é possível salvar milhares vidas. Se há ainda algum brio por baixo dos ternos e gravatas caros, esta é a hora de deixá-lo falar.
dcruz
02/05/2020 - 14h01
O bozo não será impichado pelo simples fato de que os golpistas que o colocaram no poder continuam lá dentro, portanto, não há como comparar o impeachment de Collor com o da Dilma.
O que anda preocupando ultimamente são as notícias cada vez mais frequentes da violência de grupos fanáticos do bozo, contra aqueles que eles julgam ser contra seu ídolo. Esta fase de violência parece estar num crescendo e não sabemos a que ponto pode chegar. O gado está cada dia mais enfurecido e um estouro dessa manada tem que ser previsto pelas autoridades competentes, não pode haver vista grossa para o fenômeno.
Eudoro
02/05/2020 - 13h20
QUEM QUER SER CÚMPLICE DE BOLSONARO? OS GENERAIS BRASILEIROS
É o que diz Fernando Brito nesse vídeo:
https://youtu.be/9VPEY0Trwz8
Alan C
02/05/2020 - 14h11
Análise errada… A maioria dos militares não quer saber de envolvimento com política, apenas uma franca minoria aceitou fazer parte desse governo, não passa disso.
Fernando Brito é aquele tipo de jornalista que vai onde oferecerem mais. Hoje quem o paga é o PT, amanhã se for o PSDB, lá ele estará.
Assim como o coleguinha dele editor do PT247, que era Veja, envolvido no passado em assuntos nem um pouco republicanos (pra ser bem educado) e hoje ganha dinheiro da mesma forma como um malafaia da vida, só que explorando o fanatismo lulopetista.
Geraldo Pereira de Andrade 80835880834
02/05/2020 - 11h28
O Governo, os Empresários, a Imprensa, a Justiça, os Militares de altas patentes, todos com bolsos bem recheados para acabar com o Brasil e mudar para o modelo estadunidense, onde o que interessa é o capital , o povo de nada vale apenas é o gerador da riqueza e que dela não usufrui.
A Imprensa não tem interesse de confronto do ignorante presidente com as trajedias brasileiras deixando-o preservado intocado, como sendo um elemento neutro de soma zerada.
Não há interesse de tirar o Bozo, pois todos vão viver lá na Florida no bairro Brasil sobre nossas custas.
O povo brasileiro tenta se espelhar na utópica vida americana, e quando chegar lá vai se ver pobre e miserável, porque para se dar bem no mundo do capitalismo tem que ESTUDAR, tem que SE FORMAR COM NOTA MAXIMA, não basta ter um diplominha, e enganar no ingles.
Para o nosso povo tupiniquim onde as classes ricas nos querem ignorantes, onde as IGREJAS CATOLICAS EVANGELICAS tem filiais de pseudos-empresários QUE MAMAM NOD DIZIMOS DE SUAS IGREJAS CO-IRMÃS dando a falsa idéia de prosperidade, ficará a ilusão de serem empreendedores sómente de empréstimos bancários onde os BANCOS são os sócios de seus sonhos.
ACORDEM BRASILEIROS
Alan C
02/05/2020 - 10h08
Vamo parar com essa pataquada de pedir impeachment como se estivéssemos bebendo um copo de água. Foi assim com Collor (impichado), foi assim com FHC, foi assim com Dilma (impichada), foi assim com o #ForaTemer e agora está sendo assim com esse zé ninguém.
Tá ruim com ele, povo?? Se arrependeu?? Tem eleição daqui a 2 anos e meio… Quem o colocou lá foi vc… Deveria ter pensado melhor antes. Quis cortar a perna fora por causa de uma veeruga no dedão do pé, taí o resultado, agora para de com essa choradeira ridícula.
gerson Fuji
02/05/2020 - 13h12
Que choradeira ?
Ricardo
02/05/2020 - 07h09
F
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R
A
B
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Alexandre Neres
01/05/2020 - 22h41
Prezado Pedro, permita-me discordar. Bolsonaro é um destrambelhado, um genocida, um inconsequente, um despreparado, o pior presidente que já tivemos em todos os tempos e sentidos. Porém, ninguém pode dizer que se enganou porque ele nunca procurou disfarçar suas abominações e sociopatias.
Fui cara-pintada e olhando retrospectivamente vejo que agi errado. Que naquele caso, mesmo tendo havido um crime de responsabilidade, o efeito causado à soberania popular foi mais deletério do que instrutivo. Bolsonaro é o presidente que mais praticou crimes de responsabilidade, sem dúvida, mas acho defender seu impeachment neste momento um equívoco. Ele tem que ser tolhido pelas instituições e temo por isso, por achá-las sobremaneira frágeis em nosso país.
Os partidos políticos em vez de mobilizar suas bases, fazer o dever de casa, estão procurando um atalho que é a via judicial. Parecem não ter aprendido nada com as crises anteriores. Eu até entendo, porque é normal que estejam semeando para colher lá na frente, são políticos, dá status para quem faz o pedido. Acho que este tipo de atitude da oposição pode ser o mote para o desgoverno capenga se reagrupar, cerrando fileiras contra os malditos comunistas, ou seja, todos que os criticam.
Acho deplorável ver os partidos se animarem com a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Essa decisão presta um desserviço à democracia e aos governos que virão no porvir. Não vejo como acertada uma decisão que me agrada pessoalmente, seja por me beneficiar, seja por ferrar meu adversário. Não vejo com bons olhos uma decisão que impeça o presidente nomear quem ele quer para ministro ou diretor da PF, ele pode nomear alguém da sua confiança. Se alguém me perguntar: gostaria que o Ramagem fosse diretor da PF? Não. Porém, segundo consta, ele é prestigiado no meio dos seus pares, já é diretor da Abin, o que o impediria de ser diretor da PF? Neste momento, o único embasamento que sustenta tal decisão monocrática é a acusação de Sergio Moro, que não foi comprovada ainda. Será que ela tem tanto peso assim? Como bem disse o Gilmar Mendes, o bolsonarismo é filho da Lava Jato. Vale a pena comemorar uma decisão que expressa de forma clara e inequívoca o lavajatismo que se impregnou na nossa sociedade?
Se, em determinado momento, restarem provadas as declarações do Moro ou ficar demonstrado que o cara é próximo dos filhos do ômi e que agiam formando um consórcio criminoso ou atuavam em conjunto para se safarem de crimes, aí sim creio que deveriam tirá-lo de lá. Neste comenos, acho que essa posição atenta contra o estado democrático de direito, cerceando um direito legítimo do presidente. Gostamos dela pelo prazer que nos dá de vê-lo se dando mal, entretanto temo pela volta do cipó da aroeira e creio que mais cedo ou mais tarde se voltará contra nós.
Espero que seu ponto de vista esteja certo e o meu errado. Concordamos no sentido de que é uma temeridade termos em meio a uma pandemia um rematado tresloucado a nos conduzir, divergimos na forma de lidar com essa peça que a vida nos pregou como companheiros de infortúnio. Saudações!
chichano goncalvez
01/05/2020 - 20h02
Engraçado, para não dizer patetico: o Hitler queria o bem de seu povo, e expandir o seu imperio, o que este quer é exterminar o seu povo, entregar o restante aos estados unidos, e colocar seu dinheiro nos bancos de la. É o maior antipatriota jamais visto na face da terra.
Paulo
01/05/2020 - 19h47
É tudo calculado por ele e pelo núcleo político de seu governo. O sujeito é um canalha e escondeu da população boa parte do que pretendia fazer. É um mentiroso nato, pior que Jânio Quadros, de quem se dizia que “aquilo que fala sentado não confirma de pé”. Pior que Collor, cujas origens e vícios políticos eram bem conhecidos, e só foi eleito graças a Globo (que depois se vingou dele, associando-se aos “caras pintadas”, que foram inescrupulosamente usados pela mídia). Até essas práticas de dar as mãos, de se lançar no meio do povo, de tossir, de coçar o nariz, são calculadas. A propósito, ontem o vi usar, pela primeira vez, a palavra questão bem pronunciada (ou seja, até o “cuestão” é marketing pessoal, como a caspa no paletó do “varre, varre, vassourinha”, ou os sanduíches de mortadela que ele comia sentado na sarjetas da Vila Maria, em São Paulo, ao lado dos operários). Vejamos o que farão Botafogo e Alcóollumbre! Deles só se pode esperar o pior, e do procurador geral da República, idem…
Batista
01/05/2020 - 20h52
Só rindo!
Se tem alguma coisa que não pode-se cobrar de Bolsonaro é que tenha ‘escondido da população boa parte do que pretendia fazer’.
Afinal, nos últimos 28 anos, jamais escondeu e deixou de escancarar o que era e o que faria, de forma mais clara e exemplificada na campanha eleitoral, se eleito.
Sabendo-se disso, novidade canalha é a hipócrita desculpa pela ignorância de votar-se em Bolsonaro, mesmo com oito outras opções de candidatos conservadores para votar no primeiro turno, no qual o desqualificado não elegeu-se por meros 3,9% dos votos, como também é a desculpa complementar para justificar a ignorância praticada: ‘Votei para tirar o PT’.
Desculpa que não sustenta-se em fatos (basta informar-se) e sim em ignorância adestrada alimentada por ‘fake-news’ ou por eterno apoio de ‘pato aspirante’ à hereditária e xucra classe dominante.
Paulo
02/05/2020 - 09h58
Os bolsonaristas foram ignorantes (e ainda são), mas nem todos que votaram nele eram bolsonaristas. Estes não sabiam que ele iria impor uma idade limite de 65 anos, para aposentadoria (nem em muitos países da União Européia se chega a isso), nem que iria “flexibilizar” os direitos trabalhistas, muito menos que iria se comportar como se comporta, diante da pandemia, ou, ainda, repassar, em 1 ou 2 dias, R$ 1,3 trilhão aos bancos. E, se fechar com o “Centrão”, então, só restará a caricatura de seu “projeto político”, representada pelos olavistas. Agora, varrer a ladroagem petista da corrida eleitoral e por cobro ao Foro de São Paulo era medida que se impunha a qualquer cidadão de bem…Se tivessem tido o descortínio que eu tive, votariam nulo.
putin
02/05/2020 - 12h47
atacar os trabalhadores é o que qualquer direita faz desde sempre na america latina.
entao, nao votar a direita era medida que se impunha a qualquer cidadao de bem.
mais ainda, o que o B fez estava no programa eleitoral. BURRO quem nao leu. BURRO quem nao conhece a historia. BURRO quem só se apela á “corruppizzau”, insistindo em nao se dar conta que a “ladroagem” pertence a todo o espetro politico e impresarial e nunca desaparecerá. e só é usada para destruir quem incomoda (aumentando os salarios e procurando independencia do imperio eua).
sinceramente torço para ver os trabalhadores que votam a direita tendo a propria renda ferozmente cortada.
Alan C
02/05/2020 - 14h22
Paulo, tudo isso foi falado exaustivamente, mas era considerado como choradeira petista e por isso não era levada a sério, mas que o povo foi avisado, foi.