Ainda sobre a pesquisa Atlas Político comentada no post anterior, ela traz gráficos de aprovação das principais lideranças políticas do país.
Vamos examinar.
Os gráficos trazem alguns fatos curiosos. Por exemplo, Lula não se beneficiou dessa virada da opinião contra Bolsonaro. Ao contrário, o saldo de sua imagem piorou bastante: sua imagem negativa subiu e sua imagem positiva caiu. Segundo a pesquisa, 60% dos brasileiros tem imagem negativa de Lula, contra 28,5% que tem imagem positiva.
Até então, Lula tinha rejeição maior que outras lideranças, mas também gozava de uma imagem positiva muito mais alta.
Em novembro de 2019, por exemplo, o Atlas Político dava 53% de negativo para Lula mas 40,7% de positivo, ao passo que lideranças como Fernando Haddad e Ciro Gomes tinham imagem negativa similar, mas uma nota positiva bem inferior.
Hoje a nota positiva de Lula, 28%, não o distancia tanto mais de Haddad, com 24% de positivo, e Ciro, também com 24%; e, surpreendentemente, nem de Rodrigo Maia!
A melhora da imagem de Rodrigo Maia é um dos destaques dessa pesquisa: seu negativo caiu de 66% para 55%, o que lhe dá uma rejeição menor que as de Bolsonaro e Lula (e emparelhado com Haddad e Ciro), e sua nota positiva subiu de 13% para 23%, não muito longe de Lula.
Vamos analisar mais detidamente, após cada gráfico.
A se acreditar nessa pesquisa, a soltura de Lula, ocorrida no início de novembro de 2019, não fez bem à sua imagem. Em novembro, ele chegou a seu melhor momento, com imagem negativa no ponto mais baixo em muitos meses, 53%, e uma imagem positiva vigorosa de 41%. Nas pesquisas seguintes, a boca de jacaré se abriu, com sua imagem negativa subindo para 60% na pesquisa mais recente, e a positiva desabando para 28,5%.
A imagem de Haddad também sofreu um abalo nesta última pesquisa, em especial sua nota positiva, que caiu de 31% para 24,4%, a mais baixa da série. Sua imagem negativa oscilou u m pouco para baixo, para 56,4%, depois de ter atingido 59,1% em fevereiro.
A imagem negativa de Ciro oscilou 1 ponto para cima, para 55%, e sua imagem positiva, um ponto para baixo, para 24%. De modo geral, o pedetista tem se mantido estável.
A imagem de Moro, que tinha começado um processo acelerado de deterioração já na primeira metade de 2019, atingindo seu pior momento em novembro, voltou a melhorar nos últimos meses, e registrou uma excelente pontuação em abril.
José
28/04/2020 - 13h06
É preciso muitíssimo cuidado ao interpretar pesquisas como essas. São tendências, retratos de um momento, que espelham o que a mídia noticia ou, principalmente, o que deixa de noticiar. Não se trata de brigar com números, mas entender o que motiva esse resultado. Pessoalmente, penso que Lula, com liberdade para participar do debate público, inverte esses números com um pé nas costas. Não que isso seja suficiente para uma vitória eleitoral ou para viabilizar uma governabilidade. Me preocupa muito mais é que o jogo democrático virou farelo no Brasil. Democracia, no sentido liberal (que pra nós é um avanço, democracia real aqui é sonho) , significa não interditar adversários e aceitar a derrota. Essas pesquisas, na minha insignificante opinião, denotam a falência das regras democráticas no país. Viramos um big brother em que a vitória depende da mobilização das hashtags. Bernard Manin antecipou isso lá no início dos anos 2000, quando alertou para a derrocada da democracia representativa. Lamento dizer mas, na nossa expectativa de vida, não há horizonte razoável nem luz no fim do túnel. Pra quem tá nascendo hoje, talvez. Temos que pensar neles, mas sabendo que não provaremos dos frutos doces que plantarmos agora.
Alexandre Neres
27/04/2020 - 19h16
A Rede Globo faz eventualmente matérias sobre o Brasil em transe sob a batuta do Coronaloco e chama os ex-presidentes pra comentar sobre os atos tresloucados cometidos, nas quais o Sarney aparece vezenquando e FHC é pau pra toda obra. Pronto. Acabou aí. Dilma e Lula são proscritos, seus nomes não podem ser pronunciados por lá, há menos que esteja sendo forjada nova acusação. Quando isso acontece, o que se dá com certa frequência, a arraia-miúda espalhou por aí, não sei se é boato, que tem um blogueiro do Rio de Janeiro que comemora desbragadamente, igual pinto no luxo, como se tivesse ganho uma eleição majoritária ou um campeonato mundial. Vai entender.
Francisco
28/04/2020 - 11h07
‘Cruel, muito cruel’, atormentar a ‘quinta coluna gauche’, desesperada e inescrupulosa há muito, por saber que o ‘exótico desgovernante’ eleito pela xucra ‘classe dominante’ não pode ser defenestrado da presidência, sequer pela mesma, conforme pretendiam ao restar-lhes como unica opção em 2018 para impedir que o povo, democraticamente, levasse o PT ao quinto mandato seguido, em função do grande fracasso da operação jurídica-midiática lavajateira, por ela patrocinada: Não conseguir destruir o PT, mesmo criminalizando-o, seletivamente e via lawfare.
Esse é o fato, e como não destruído aterroriza e dói nessa gente, de ‘bem’ ou ‘quinta-coluna’.
Roger
27/04/2020 - 18h09
Entendo o Bozo estar com rejeição nas alturas, mas como é que uma pessoa ardilosa, “duas caras” como Moro pode estar em alta?! E Maia? Esse cara é uma nulidade! Diminuiu a rejeição por que? E por que subiu a do Lula? Afinal, não houve nada para que justificar tal subida. Muito sem noção, essa pesquisa. Aliás, por que ela não considerou os nomes de Flávio Dino e Camilo Santana, nomes bem em alta no enfrentamento do coronavírus, da burocracia do Bozo e da pirataria de Trump. Por que só o Dória? Essa Atlas Político é algum reduto direitista?
tonico de medeiros
28/04/2020 - 11h03
Flavio Dino e Camilo Santana…então porque não Kim Kataguiri ou Dario Gentili…?