A saída de ministro da Justiça, Sergio Moro, do ministério da Justiça, anunciada pelo próprio, é uma bomba, e não apenas pela demissão em si, mas pelas revelação, feitas pelo ministro, de que Bolsonaro tentou interferir em investigações em curso, exigindo acesso a relatórios confidenciais de inteligência.
Mais um crime de responsabilidade.
Moro também acusou Bolsonaro de mentir, porque o texto do Diário Oficial da União traz a exoneração “a pedido” do diretor da Polícia Federal.
Outro crime.
Moro afirmou que não houve esse “pedido”, e que a presença de seu nome no texto do DOU foi colocado sem sua autorização.
O lado irônico da fala de Moro é seu elogio aos governos do PT, pela autonomia dada à Polícia Federal, autonomia essa que agora estaria ameaçada pelo presidente Bolsonaro.
“Não são aceitáveis indicações políticas”, declarou o ministro.
Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) enxergaram crimes nas denúncias de Moro.
O primeiro seria crime de advocacia administrativa, presente no artigo 321 do Código Penal, em função das denúncias de Moro, de que o presidente queria acessar relatórios confidenciais de inteligência de investigações em curso da Polícia Federal.
A Polícia Federal – explicou um ministro do STF à Folha – investiga sob supervisão do Ministério Público Federal e do Judiciário. Jamais do Executivo, como quer o presidente Bolsonaro.
Outro crime corresponde à violação do artigo 299 do Código Penal, de falsidade ideológica. O presidente da república teria assinado um documento fraudulento, que mencionava uma exoneração “a pedido”, e traz uma assinatura eletrônica de Sergio Moro, sem autorização deste. O artigo indica como crime “omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”.
O próprio Bolsonaro declarou, em suas redes, que irá dar uma entrevista coletiva às 17 horas:
Abaixo, o vídeo de Moro: