Saiu hoje no G1: milícias do Rio de Janeiro vem obrigando comerciantes a reabrir seus estabelecimentos para voltar a extorqui-los, através da cobrança de taxas ilegais.
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No G1
Milícia obriga comerciantes do RJ a reabrir para manter cobrança de taxas, aponta denúncia
‘Mandando ficar com o bar aberto, que nós temos que ficar pra fazer dinheiro pra pagar eles”, conta lojista ouvido pelo RJ1. Morador recebe boleto para pagamento ao grupo.
Por Anita Prado e Guilherme Peixoto, RJ 1
17/04/2020 12h04 Atualizado há 2 horas
Comerciantes de áreas da Zona Oeste e Região Metropolitana do Rio dizem que são obrigados a trabalhar para pagar a taxa da milícia, apesar das restrições para o isolamento social como prevenção ao coronavírus. É o que aponta uma reportagem exclusiva do RJ1 nesta sexta-feira (17).
Segundo as denúncias, grupos paramilitares usam ameaças para obrigar vendedores e comerciantes a manterem as portas dos estabelecimentos abertas durante a pandemia.
Na Zona Oeste, a TV Globo flagrou funcionamento normal do comércio na Gardênia Azul, Rio das Pedras e Muzema. Sem se identificar, os moradores relatam como os milicianos agem na região.
“Eles vão sempre à noite, um deles encapuzado, um assim mais gordo, outro mais moreno e outro mais forte, entendeu? São três que foram lá em casa, para pegar R$ 30″, diz. ”
“Os milicianos daqui, cara, ficam oprimindo a gente, entendeu? Mandando ficar com o bar aberto, que nós ‘tem’ que ficar pra fazer dinheiro pra pagar eles, pra eles ‘poder’ pagar os caras da cobertura da PM”, relata outro morador.
Com boletos, a cobrança da milícia chega em casa, com o nome do morador, no Itanhangá. Algumas famílias, sem dinheiro para manter o básico, continuam ameaçadas.
“Por causa do vírus, a gente não pode pagar nem as contas, quanto mais eles. Outro dia, faltou até o do pão, para tomar café de manhã, aí vão lá em casa para pegar dinheiro? Não tem como”, desabafa morador.
Em Itaboraí, na Região Metropolitana, milicianos foram flagrados comemorando enquanto os moradores são obrigados a manter o trabalho normalmente. O município determinou o fechamento do comércio no dia 23 de março, e a cidade registrava 31 casos de Covid-19, com 4 óbitos, até esta sexta.
“Esses milicianos aí ficam exigindo que nós ‘fique’ com os bares abertos, com os nossos comércios abertos, entendeu, pra poder pagar a eles as extorsões que eles cobram da gente, pra pagar as viaturas que ‘faz’ cobertura deles quando eles vão fazer as extorsões deles”, diz comerciante.