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O estouro da boiada e as missões da formiga

Foi esta — “estouro da boiada” — a expressão que um integrante do governo usou para para se referir ao afrouxamento do isolamento social no país prevista para esta segunda-feira, dia 13 de abril. Provavelmente sem querer, o tal integrante do governo usou com precisão a metáfora bovina, por dois motivos. Um é o comportamento […]

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Foi esta — “estouro da boiada” — a expressão que um integrante do governo usou para para se referir ao afrouxamento do isolamento social no país prevista para esta segunda-feira, dia 13 de abril.

Provavelmente sem querer, o tal integrante do governo usou com precisão a metáfora bovina, por dois motivos. Um é o comportamento de manada dos apoiadores do Bolsonaro, o que lhes rendeu a designação jocosa de gado. Estes devem ir para a rua conforme as orientações de seu líder, o genocida que empurra o país para uma catástrofe. O outro motivo é o fato de que, se confirmado o afrouxamento da quarentena (ou a intensificação dele, visto que já está ocorrendo), veremos realmente um movimento de boiada, não um estouro, mas uma ida ao matadouro.

A curva de novos casos e de mortes por conta da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, começou a subir no Brasil. Estamos entrando na fase da transmissão descontrola e todos, repito em caixa alta para que não fique algum porém no ar, TODOS os indícios indicam que as contaminações e consequentes mortes explodirão muito em breve, poucas semanas, talvez dias.

Boa parte da população, intoxicada com a mentalidade liberal do “salve-se quem puder”, não percebe que o dever de garantir a sua sobrevivência é do presidente. Basta ele usar o dinheiro que há no caixa da União — dinheiro que vem dos impostos pagos exatamente por essa mesma população a cada compra ou conta paga, aliás. Para os bancos foram despejados mais de um trilhão de reais assim que a crise provocada pela pandemia começou. Para o povo, uma novela mexicana se arrasta rumo a um final pastelão: a liberação de uma quantia de dinheiro bem menor do que seria razoável a uma quantidade igualmente baixa de pessoas.

O que fazer diante de tudo isso?

Para minimizar esse estouro fúnebre da boiada, uma boa pedida é convencer alguém a não sair para a rua, a segurar as pontas por mais uns dias.

Quem puder ajudar alguém de qualquer forma, ajude, inclusive financeiramente, se for possível. Convencer uma única pessoa a não sair de casa pode resultar em algumas mortes a menos logo à frente. Se resultar em uma internação a menos já será uma vitória.

Seguir travando a batalha da comunicação contra a desinformação e a mentira alucinadas do bolsonarismo também é essencial. Eles persistem em sua pregação macabra nas redes sociais, prescrevendo remédio, fazendo “análises” toscas de política internacional, defendendo a volta ao trabalho em meio à pandemia, todos incentivados pelas palavras do psicopata que está na presidência e dos seus “intelectuais” (basicamente os filhos e Olavo de Carvalho). É preciso desacreditá-los.

Convencer/ajudar alguém a ficar em casa e espalhar a informação correta sempre que possível: duas missões de formiguinha para este início de semana que podem salvar vidas. A formiga é um bicho prodigioso, afinal.

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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Ester

13/04/2020 - 09h29

O Papa Francisco sugeriu que talvez seja hora de os países considerarem um salário básico universal para ajudar a melhorar a ruptura econômica mundial dos trabalhadores causada pelo surto em curso do COVID-19 em uma carta de Páscoa a líderes de importantes movimentos sociais.


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