A reportagem da Agência Sportlight traz informações muito difíceis de serem respondidas.
O então deputado Jair Bolsonaro pedia reembolso de valores estratosfericamente altos para pagar o combustível de seu carro.
Em apenas uma nota, Bolsonaro comprou mil litros de combustível!
Em 11 idas a dois postos de gasolina no Rio, Bolsonaro gastou R$ 45 mil!
Os valores são absolutamente incompatíveis, e sinalizam notas frias e desvio de recursos públicos para o bolso do capitão.
A reportagem traz outras coisas estranhas.
Uma: Bolsonaro abastecendo duas vezes o carro, no mesmo dia, no Rio de Janeiro, e postos diferentes.
Outra: abastecendo o carro no Rio enquanto estava em Brasília.
A denúncia é parecida àquela que se faz a seu filho Flavio Bolsonaro: desvio de verba do gabinete.
Parece que o filho aprendeu a lição em casa.
Abaixo, um trecho da matéria.
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No Sportlight
EXCLUSIVO: Notas fiscais revelam superfaturamento do deputado Jair Bolsonaro em reembolsos da verba de combustível
POR LÚCIO DE CASTRO · PUBLICADO 07/04/2020 – 14:15
Jair Bolsonaro encheu o tanque do carro com mais de mil litros de gasolina comum.
Exatamente 1.003,46 litros.
Ao menos é o que está na nota fiscal de um posto na Barra da Tijuca (Auto Serviço Rocar), zona oeste do Rio de Janeiro. Emitida em 7 de janeiro de 2009, com valor de R$ 2.608,00 na ocasião, corrigidos para R$ 4.833,38 atuais (IGP-M do último mês de fevereiro). Embora não exista carro com tal capacidade no tanque, foram reembolsados sem objeção pela Câmara como parte da “cota parlamentar” do então deputado federal pelo PP, partido de Paulo Maluf. Dinheiro público.
REEMBOLSO DA CÂMARA:
Os altos valores em notas fiscais para reembolso de combustível do agora presidente não ficaram por aí.
A reportagem cruzou os dados entre a base de dados públicos do congresso, as notas fiscais de cada abastecimento apresentadas por Bolsonaro, obtidas via “Lei de Acesso à Informação” da Câmara dos Deputados (que funciona com independência da LAI do governo federal) e dos relatórios do serviço de reembolso da “Coordenação de Gestão Parlamentar”, subordinada ao “Departamento de Finanças, Orçamento e Contabilidade da Câmara”.
Em onze idas a dois postos de gasolina do Rio, o Rocar (Barra da Tijuca) e o Pombal (Tijuca), entre 7 de janeiro de 2009 e 11 de fevereiro de 2011, o então deputado usou o equivalente a R$ 45.329,48 (valor corrigido pelo IGP-M a partir da soma de cada nota. Ver tabela abaixo). Uma média de R$ 4.120,86 a cada ida nesses dois postos.
O cruzamento de dados entre notas fiscais, reembolsos e presença em plenário revela uma série de outros fatos: o abastecimento em dois diferentes postos do Rio no mesmo dia, apesar dos muito litros comprados. E mostra também datas em que abasteceu no Rio mas as votações do congresso revelam presença em Brasília.
(continue a ler a reportagem no Sportlight).