– No Dia Mundial da Saúde, que é hoje, 7 de abril, a ONU fez um comunicado, através de seu secretário-geral, Antônio Guterres, para lembrar que a data está marcada em 2020 por ser um ano particularmente difícil para todo o mundo. Nas palavras dele, “hoje, minha mensagem é para nossos profissionais de saúde – enfermeiras (os), parteiras (os), técnicos, paramédicos, farmacêuticos, médicos, motoristas, profissionais de limpeza, administradores e muitos outros – que trabalham dia e noite para nos manter seguros”. Ele fez ainda uma menção especial às enfermeiras e enfermeiros: “elas (es) geralmente oferecem conforto no final da vida”.
– O governo da Argentina suspendeu por enquanto as negociações de reestruturação de sua dívida com credores internacionais e congelou os pagamentos. O Ministro da Economia, Martín Guzmán, disse ontem (6) que a medida vai ajudar o país a voltar a uma posição mais firme e proteger os mais vulneráveis em um momento em que a economia, já atingida pela recessão, enfrenta os impactos da pandemia por coronavírus. Em seu twitter ele disse: “essa decisão faz parte do plano elaborado para restaurar a sustentabilidade da dívida”. Só em 2020, a Argentina precisaria pagar mais de 22 bilhões de dólares de parcela da dívida e mais de 10 bilhões de dólares em juros.
– O coronavírus já passou com força na Ásia, especialmente China, Europa e agora as Américas serão o foco das preocupações com a pandemia. Pela primeira vez, em 24 horas, a China não registrou nenhuma morte. A primeira morte informada foi no dia 11 de janeiro. Foram registrados até aqui 3331 óbitos. Na segunda 6 foi registrada uma morte e do dia 6 para o dia 7 nenhuma. A taxa de infecções também está desacelerando na Europa. A tendência de queda é atribuída às medidas rígidas de isolamento impostas em março. Na Itália, o chefe do Instituto Superior de Saúde, Silvio Brusaferro, disse que a “curva começou sua queda”. Em toda a Europa já se debate a segunda fase pós-surto. Como sair do confinamento? A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que apresentará amanhã (8) algumas “diretrizes” para uma saída do isolamento social. A tom da fala geral é de que a vida não voltará a ser como antes de imediato e que vão existir muitas restrições por muitos meses.
– Quem também falou sobre a “vida de antes” foi o infectologista da equipe da Casa Branca de enfrentamento ao coronavírus, Anthony Fauci, na entrevista coletiva diária de ontem (6). Segundo ele, a vida pré-coronavírus pode nunca mais voltar a ser como antes, especialmente enquanto não houver uma vacina ou um tratamento efetivo. Ontem eram 364 mil os casos confirmados de infecção por coronavírus nos EUA e quase dez mil mortes. Ao ser perguntado sobre como seria a volta à vida “normal”, o infectologista respondeu: “se ‘volta ao normal’ significar agir como se nunca tivesse havido um problema com o coronavírus, eu penso que isso não irá acontecer até nós termos uma situação em que você possa proteger completamente a população.” A frase dele de ontem que mais foi difundida: “Se você quer voltar ao pré-coronavirus, isto pode nunca mais acontecer no sentido de que o perigo está lá”.
– Há muita esperança em todo o mundo sobre a descoberta de uma vacina ou de terapias medicamentosas efetivas. Todos os dias vemos na imprensa muito apelo sobre este tema. Temos Trump e Bolsonaro como garotos propaganda da cloriquina e hoje há denúncias de que ambos teriam interesses comerciais na difusão deste medicamento. Temos jornais da Austrália divulgando o uso da Ivermectina, um remédio usado no tratamento do piolho. Há também um medicamento para artrite Actemra sendo testado. Já tivemos relatos de testes de uma vacina oral em Israel. Sabe-se da efetividade do Interferón cubano em alguns casos e ontem houve muito burburinho sobre o início dos testes clínicos de uma vacina que está sendo produzida pela Inovio Pharmaceuticals, cujas pesquisas são financiadas pela Bill & Melinda Gates Foundation. Nenhum destes é a panaceia por enquanto. Por isso o reforço da necessidade isolamento social.
– Há mais ou menos dez dias, o secretário geral da ONU, pediu um cessar-fogo geral de todos os conflitos armados existentes no mundo por conta da pandemia. Ontem (6) ele divulgou um balanço informando que um “número substancial de partes em conflito expressou aceitação” ao apelo. Os conflitos nos quais houve êxito da abordagem diplomática de enviado da ONU, segundo o secretário, foram Camarões, Colômbia, Filipinas, Mianmar, República Centro-Africana, Sudão, Sudão do Sul e Ucrânia. Seguem não aderindo ao apelo as partes conflitantes no Afeganistão, Iêmen, Líbia e Síria.
– Na Venezuela, o ministro de Comunicação, Cultura e Turismo, Jorge Rodríguez, detalhou o anúncio por Maduro de toque de recolher nos municípios de Simón Bolívar e Ureña na fronteira com a Colômbia desde ontem (6). Segundo ele, tem havido entrada de paramilitares, desertores e mercenários com o propósito de gerar violência no país. Na região há acampamentos que eram coordenados por Clíver Alcalá Cordones, membro afastado das forças armadas venezuelanas, que recentemente admitiu um plano de assassinato contra Maduro. Enquanto isso, na Colômbia, 23 parlamentares enviaram uma carta ao presidente Iván Duque para solicitar que se abstenha de apoiar qualquer iniciativa de intervenção militar dos EUA na Venezuela. Os congressistas lembram ao presidente Duque na carta que qualquer iniciativa precisa ser amparada pelo parlamento que está em recesso pela quarentena contra o coronavírus até o dia 13 de abril. Na carta, eles se referem a um pronunciamento do ministro da Defesa, Carlos Homes Trujilo, que manifestou apoio a uma possível intervenção armada. Lembraram ainda que segundo o artigo 173-4 da constituição colombiana, se atribui ao senado colombiano “permitir o transito de tropas estrangeiras pelo território da República”.
– A pequena ilha de Cuba já conta com 363 infectados pelo coronavírus e 9 mortes. Enquanto isso, seu chanceler Bruno Rodríguez expressa as dificuldades que o país passa por conta do bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos EUA. Um dos exemplos das dificuldades é que uma grande doação do presidente da chinsa Alibaba, Jack Ma, não conseguiu chegar na ilha porque a companhia de transportes era estadunidense. No entanto, foi possível a chegada de uma grande doação vinda diretamente do governo da China. Com a chegada dos donativos chineses ontem foi um dia de grande troca de homenagens de parte a parte entre cubanos e chineses. De um lado, o embaixador cubano na China, Carlos Miguel Pereira Hernández, enviou uma mensagem via facebook dizendo que Cuba nunca deixou de reconhecer o valor do esforço extremo da China na contenção do vírus. Do outro, o porta-voz da chancelaria chinesa, Geng Shuang, disse que “é uma tradição na China retribuir a boa vontade com mais amabilidade. Nunca esqueceremos o apoio político da comunidade internacional nos momentos mais difíceis e tampouco das ajudas recebidas de 79 nações (Cuba incluída) e 10 organizações globais”.
– No México, o presidente López Obrador, anunciou que não haverá planos econômicos específicos para enfrentar a pandemia por coronavírus. Segundo ele, “a cultura de nosso povo sempre nos salvou e nos permitiu superar terremotos, furacões, inundações, epidemias, tiranias, maus governos e a corrupção.” Sua postura tem sido muito criticada por economistas de todas os campos. Já na frente sanitária, o presidente anunciou a contratação de 3000 médicos para enfrentar a epidemia. Até o momento, o México está com 2439 infectados e 125 mortos pelo coronavírus. As informações são de que o México poderá ser um dos países mais atingidos pela pandemia nas Américas. O país possui 1,4 leitos de hospital por mil pessoas, menos de 10 mil ventiladores para uma população de 130 milhões e uma das menores taxas de investimento em saúde per capta, segundo dados divulgados pela bloomberg.