– Mais de um milhão de pessoas em todo o mundo estão infectadas pelo novo coronavírus, segundo o mapa da John Hopkins University. São 205 países onde há notificações, segundo a OMS. As mortes já passaram a casa dos 50 mil. Mais de 200 mil pessoas já foram curadas. Na França aumentou exponencialmente o número de mortes, com 1355 em 24h. Nos EUA houve também novo recorde de mortes, com 1169 em 24h até o início da noite de ontem (2). Na Espanha foram 932 nas mesmas 24h. Na Itália começa a cair o número diário de mortes, foram 760 em 24h.
– Na América do Sul a situação mais dramática pela pandemia do coronavírus é no Equador. O sistema de saúde e funerário colapsou em Guayaquil, capital do estado de Guayas. Até ontem (2) o país tinha oficialmente 3302 casos confirmados e 120 mortes, mas os números podem ser bem maiores. Só em Guayaquil o prefeito, Andrés Guschmer fala em mais de 400 pessoas mortas. Há uma profusão de vídeos e fotos que chegam a todo instante pelas redes de pessoas falecidas em casa sem poderem ser enterradas e corpos abandonados pelas ruas. Uma jornalista equatoriana, Blanca Moncada (@blankimonki), faz pelo twitter, desde o dia 30 de março uma lista com o nome de pessoas falecidas e que precisam ser recolhidas para enterro seja em casa, seja nas ruas. É desesperador ver as pessoas respondendo a jornalista com fotos e endereços de pessoas falecidas há 3, 5 dias. No dia 21 de março ministra da saúde do país, Catalina Andramuño, abandonou seu cargo. No dia 24, o governo pagou 325 milhões de dólares em uma parcela da dívida externa, contrariando a Assembleia Nacional e economistas que apelava para a destinação dos recursos para o Ministério da Saúde. Ontem o parlamento convocou a ex-ministra da saúde para explicar sua gestão frente à pandemia, mas ela não apareceu no plenário virtual. O primeiro caso registrado no Equador foi em 14 de fevereiro. Desde o dia 17 de março está decretada a quarentena, mas com baixa adesão pela população, pelo que se relata. O Equador possui uma ponte aérea com a Espanha muito intensa. Os equatorianos são conformam a maior população migrante dentro da Espanha. Pressionado, o presidente Lenin Moreno disse ontem (2) que está organizando um “acampamento especial” para os mortos por coronavírus em Guayaquil. Segundo ele, há estimativa de que sejam entre 2500 e 3500 pessoas falecidas nas próximas semanas só no estado de Guayas.
– Nenhuma das entidades ativas do multilateralismo latino-americano se pronunciou até o momento sobre a situação no Equador. Nem a OEA, ou o Grupo de Lima, ou o Prosur.
– O governo brasileiro apoia a proposta de “Moldura Institucional para a Transição Democrática na Venezuela” apresentada pelos EUA. É o que diz uma nota emitida pelo Itamaraty. Diz também que “a saída de Nicolás Maduro é condição inicial para o processo, uma vez que ele carece de qualquer legitimidade para ser parte numa transição autêntica”. Segundo a proposta, seria estabelecido um Conselho de Estado, eleito pela Assembleia Nacional reconhecida pelos EUA, com mandato para organizar eleições. O Grupo de Lima também emitiu nota no mesmo sentido. Enquanto isso, os EUA enviam navios da marinha americana para o Caribe com o argumento de “conter cartéis de drogas” e “atores corruptos” que se aproveitariam da pandemia do coronavírus para “contrabandear mais narcóticos”. A marinha real britânica também anunciou ontem (2) o deslocamento do navio RFA Argus dos EUA para o Caribe. Segundo o ministro de defesa do Reino Unido, Jeremy Quinn, o deslocamento faz parte de iniciativas no combate ao coronavírus. O navio pode funcionalr como hospital flutuante ou navio de carga, possui sistema antiaéreo e pode comportar até seis helicópteros. A França também tem movimentação naval na região na área das Antilhas Francesas e da Guiana Francesa.
– Trump vem sendo cobrado a se posicionar publicamente sobre o comportamento de Bolsonaro, seu aliado, na condução das respostas à crise da pandemia do coronavirus no Brasil. Esta semana Trump recuou bastante em sua qualificação inicial da crise. Ele relatou que seu posicionamento anterior se devia a “conselhos de amigos”. Segundo Trump, “muitos amigos, empresários, pessoas com um ótimo senso comum, me disseram: ‘Por que não esperamos passar?’. Muitas pessoas disseram muitos pensaram sobre isso: ‘Deixe passar. Não faça nada. Só aguente e deixe passar e pense nisso como uma gripe’.” Mas nos últimos dias ele acabou por concluir que “isto não é uma gripe. É perverso”. Ele também parou de falar da Cloriquina. Duas pessoas já morreram nos EUA depois de ingerir a cloriquina inadvertidamente.
– Enquanto milhares de pessoas morrem, seguem os embates na União Europeia sobre as medidas econômicas a serem tomadas frente à pandemia. França e outros oito países, como Itália, Espanha e Portugal, defendem a emissão de títulos específicos, os “coronabonds” como estão sendo chamados. A defesa dos bônus é de que eles podem “garantir financiamento estável de longo prazo para as políticas necessárias para conter os danos causados pela pandemia”. Outro grupo, liderado pela Alemanha, com apoio de Áustria e Holanda, é contra os “coronabonus”. Este países estão mais aferrados à tese da austeridade fiscal. Curiosamente são os países com populações menos afetadas pela pandemia. Apesar da Alemanha ter cerca de 30 mil mais infectados que a França, está com cerca de 1000 mortos, enquanto Macron administra uma crise com quase 6000 mortos. Em resumo, os países ricos não querem pagar os custos dos gastos dos países pobres com a pandemia. Alemanha e Holanda não querem assumir os gastos de Itália e Portugal, por exemplo. E os ricos ainda vêm com lição de moral dizendo que os vizinhos não economizam em tempos de bonança e por isso não tem poupança para tempos de crise. Para romper o impasse, a França apresentou uma proposta de formação de um fundo reserva de longo prazo. Enquanto isso, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, tenta desviar o foco do debate para um pacote de medidas no valor de 100 bilhões (muito pouco).
– Estadão traz hoje uma matéria relatando como o Brasil teve papel direto na criação da OMS, Organização Mundial de Saúde. O Brasil teve um diretor da OMS ao longo de 20 anos, de 1953 a 1973, o médico Marcolino Gomes Candau, responsável entre outras coisas pela construção da sede da organização em Genebra, na Suíça, e por um amplo programa de erradicação da varíola. Hoje é mundialmente reconhecido que sem a OMS é impossível combater qualquer ameaça ou perigo na área da saúde. O que acontece em um país afeta todos os demais.
– Após 18 anos, governo do Afeganistão e grupo dos Talibãs se reúne pela primeira vez em Cabul. O grupo foi expulso do poder em 2001 após invasão dos EUA no contexto da derrubada das torres gêmeas de Nova Iorque em 11 de setembro. Um acordo foi assinado no último dia 29 de fevereiro e prevê a libertação de 5 mil prisioneiros talibãs em troca de mil integrantes das forças afegãs. Está prevista também a saída das forças militares dos EUA do país. Apesar do acordo, segue a violência no país e a saída dos EUA ainda não é algo que se demonstre factível.
– Presidente do Irã Hassan Rouhani disse ontem (2) que os EUA desperdiçaram a oportunidade histórica de suspender as sanções contra seu país e que o país vai superar a crise do coronavírus mesmo assim. Nas palavras do presidente, “somos quase autossuficientes na produção e todo o equipamento necessário para combater o coronavírus. Fomos muito mais bem sucedidos do que muitos outros países na luta contra essa doença”. O Irã é o país do Oriente Médio mais atingido pela crise com quase 50 mil infectados e mais de 3 mil mortes.
– Cerca de 6 mil brasileiros seguem no exterior sem conseguir retornar ao Brasil no meio da pandemia do coronavírus. O país que mais concentra brasileiros nessas condições é Portugal.
– No Peru, uma medida inusitada foi tomada no enfrentamento do coronavírus. Apesar do confinamento total, pessoas seguem saindo às ruas. O presidente Vizcarra resolveu então que agora homens e mulheres precisam sair em dias alternados. Segundas, quartas e sextas homens. Terças, quintas e sábados mulheres. Domingo ninguém. A medida levantou obviamente a questão da homofobia e o presidente disse que as forças armadas responsáveis não serão homofóbicas no patrulhamento (sic).