O Banco Central divulgou hoje os números referentes ao crédito e juro reais no Brasil, até fevereiro de 2020.
Houve aumento generalizado das taxas de juro pagas por pessoas físicas e empresas, na contramão do recuo na taxa Selic, definida pelo Banco Central.
Isso significa que os bancos estão usando crédito mais barato do Banco Central e elevando o custo do crédito para empresas e cidadãos.
A taxa de juros do cartão de crédito rotativo é um caso emblemático: atingiu o seu maior nível em 20 meses, ou 323% em 12 meses.
O cartão de crédito é o principal motivo de endividamento crescente dos brasileiros. Além disso, é o meio de pagamento mais usado no comércio eletrônico, por suas próprias características tecnológicas.
Com a atividade econômica extremamente prejudicada por causa das medidas de contenção, que obrigam a todos a permanecerem em suas casas para evitar a disseminação do Covid-19, qual o tipo de negócio que poderia segurar a economia? Aqueles baseados principalmente na internet, que podem existir sob isolamento social.
Pode-se trabalhar e pode-se vender e comprar pela internet, sem sair de casa.
Qual o meio de pagamento mais usado nos negócios realizados pela internet?
O cartão de crédito.
Quanto está o juro do cartão de crédito no Brasil?
323% e subindo.
Game over.
No BC
(…)
No crédito livre, a taxa média de juros das concessões atingiu 34,1% a.a., com elevação de 0,4 p.p. no mês e redução de 3,8 p.p. na comparação interanual. No crédito às famílias, taxa média de 46,7% a.a., com aumento mensal de 1,1 p.p. (crédito pessoal não consignado: +3,0 p.p.; cartão rotativo regular: +1,8 p.p.; cartão rotativo não regular: +9,5 p.p.). De acordo com a metodologia divulgada na Nota para a Imprensa de janeiro, as estatísticas de taxas de juros do cheque especial são estimadas, na primeira divulgação, sendo revisadas no mês seguinte. Dessa forma, as taxas de juros do cheque especial de janeiro foram revisadas para 141% a.a. Em fevereiro, a taxa de juros do cheque especial alcançou 130% a.a., com quedas de 11 p.p. no mês e de 135,6 p.p. em doze meses, correspondendo a 7,2% a.m.
No crédito livre às empresas, a taxa média de juros caiu 0,6 p.p. em fevereiro, para 17% a.a., com reduções em diversas modalidades (capital de giro: -0,9 p.p.; desconto de duplicatas e recebíveis: -2,0 p.p.; aquisição de veículos: -0,4 p.p.). Excluindo-se as operações rotativas, a taxa média de juros do crédito livre situou-se em 26,4%, com estabilidade no mês e redução de 3,0 p.p. na comparação interanual.