O quadro mental de Jair Bolsonaro parece estar cada vez mais deteriorado, como o demonstrou sua surreal resposta às colocações do governador de São Paulo, João Doria, em uma reunião por videoconferência realizada hoje (25).
Como se espera que seja feito em uma reunião de emergência para discutir estratégias de combate a uma pandemia, Doria listou questões práticas a serem resolvidas. Em sua resposta, Bolsonaro passou a vociferar contra o governador por conta de sua deslealdade, dizendo que Doria se elegeu em 2018 às custas dele e depois virou as costas. Aumentando o tom de voz, disse que a possibilidade de ser presidente “subiu à cabeça” de Doria e, já aos gritos, disse que o governador “não tem altura” para criticar o governo federal.
Um descalabro, menos de um dia após conclamar a população a voltar às ruas, contra as orientações da OMS e de toda a comunidade médica.
Os efeitos do seu discurso da morte de ontem são visíveis. O pronunciamento na TV e rádio deu um novo ânimo para a militância bolsonarista, que voltou a ficar atiçada nas redes sociais. Uma pandemia mundial que vai deixar um rastro ainda incalculável de mortos está sendo tratada como disputa política corriqueira por conta da insanidade do presidente da República.
No campo institucional, o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, submeteu-se à idiotia presidencial e mudou o discurso em relação à quarentena. O vice-presidente Hamilton Mourão, por sua vez, disse que a posição do governo é uma só, isolamento e distanciamento social. Quem a população deve seguir?
É, em resumo, o caos.
Diante de atos de tamanha gravidade, todos os atores políticos — partidos, parlamentares, juristas — deveriam estar se movimentando para derrubar Bolsonaro, seja por que meio for. Impeachment, afastamento por motivo de saúde, crime contra a saúde pública. Motivos não faltam.
Uma avalanche de ações institucionais para afastá-lo no cargo pode gerar uma comoção que se reverta em pressão e, por fim, derrube-o.
Depois do pronunciamento de ontem e do ataque histérico de hoje, não há o que esperar. Deixá-lo por mais tempo sentado na cadeira presidencial é o mesmo que colaborar com as atrocidades que fatalmente provocará.
Bolsonaro precisa ser detido para ontem.