O presidente Jair Bolsonaro fez uma live hoje, com seus três filhos, afirmando que remédios com base em hidroxicloroquina e cloroquina seriam a “cura” do coronavírus.
Resultado: falta dos remédios nas farmácias de todo o país, o que põe em risco a vida de milhares de brasileiros que, por causa de outras doenças (não de coronavírus) precisam tomar esse remédio regularmente.
A Anvisa então teve que intervir, para proibir as drogarias de vender o produto, a não ser para pacientes que apresentem receita (produto controlado).
Mais importante: a agência informou que NÃO HÁ RECOMENDAÇÃO do uso do produto para o tratamento de coronavírus.
Trechos do informe da Anvisa divulgado à imprensa:
“Apesar de alguns resultados promissores, não há nenhuma conclusão sobre o benefício do medicamento no tratamento do novo coronavirus.
Ou seja, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus.”
Esses produtos podem até a vir ser usados no tratamento do Covid-19, mas em hospitais e sob monitoramento médico estrito.
A irresponsabilidade do presidente, diante da mais dramática crise de saúde vivida pelo país em décadas, a cada dia se avoluma mais.
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Na Anvisa
Hidroxicloroquina e cloroquina viram produtos controlados
Medida vai permitir que pacientes que já utilizam os medicamentos não fiquem sem tratamento.
Publicado: 20/03/2020 18:10
Última Modificação: 20/03/2020 21:36
A Anvisa enquadrou a hidroxicloroquina e a cloroquina como medicamentos de controle especial. A medida é para evitar que pessoas que não precisam desses medicamentos provoquem um desabastecimento no mercado. A falta dos produtos pode deixar os pacientes com malária, lúpus e artrite reumatoide sem os tratamentos adequados.
A Agência recebeu relatos de que a procura pela hidroxicloroquina aumentou depois que algumas pesquisas indicaram que este produto pode ajudar no tratamento da Covid-19. Apesar de alguns resultados promissores, não há nenhuma conclusão sobre o benefício do medicamento no tratamento do novo coronavirus.
Ou seja, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus.
Como ficam os pacientes que já precisam do medicamento?
Os pacientes que já fazem uso do medicamento poderão continuar utilizando sua receita simples para comprar o produto, durante o prazo de 30 dias. A receita será registrada pelo farmacêutico, que já está obrigado a fazer o controle do medicamento no momento da venda.
A nova categoria significa que o medicamento só poderá ser entregue mediante receita branca especial, em duas vias. Médicos que fazem a prescrição de hidroxicloroquina ou cloroquina já devem começar a utilizar este formato.
A hidroxicloroquina já estava enquadrada como medicamento sujeito à prescrição médica. Com a nova categoria, a venda irregular pelas farmácias é considerada infração grave.
O uso sem supervisão médica também pode representar um alto risco à saúde das pessoas.
Confira as principais perguntas e respostas sobre o que a Anvisa está fazendo com relação aos medicamentos para a Covid-19.