A nova pesquisa XP/Ipespe, edição de março (íntegra aqui), traz algumas informações interessantes que vão muito além do declínio da aprovação ao governo Bolsonaro, revelando um distanciamento crescente entre a opinião majoritária da população e os delírios do núcleo duro ao redor do presidente.
Por exemplo, a pesquisa mostra que a maioria da população, 56%, confia nas urnas eletrônicas e no sistema de contagem eletrônica dos votos. Este número deve ser contrastado à afirmação de Bolsonaro, de que “nenhum” brasileiro confiava no sistema eleitoral brasileiro, depois de lançar acusações gravíssimas contra o pleito de 2018, dizendo que tinha provas de fraude, provas estas que jamais trouxe à público (provavelmente, as “provas” são notícias do Terça-Livre publicadas na deepweb…).
A população também está cada vez mais preocupada com a descontrolada depreciação da moeda nacional.
A maioria da população apoia medidas para estimular a economia, ao invés do “avanço das reformas”.
A população, ou pelo menos os entrevistados por essa pesquisa, está bastante consciente sobre as medidas a serem tomadas. 89% responderam que adotaram ou pretendem “evitar eventos”, ou seja, o contrário do que fez o presidente da república, no domingo 15.
A maioria absoluta dos entrevistados, 83%, respondeu que já adotou medidas de prevenção. É espantoso, porém, identificar que 16% tenham respondido que “não adotaram”.
Praticamente todos os entrevistados acreditam que haverá impacto negativo na economia brasileira.
76% dos entrevistados disseram que a crise afetará sua situação financeira pessoal.
70% dos entrevistados disseram que “estão com um pouco de medo”, ou “muito medo” do surto de coronavírus.
Esse gráfico também me parece importante: 44% dos entrevistados disseram que a violência de criminalidade diminuiu, mas 42% disseram que aumentou.
O gráfico que mostra a maioria hoje acha que a economia brasileira está no caminho errado. Houve uma inversão brusca em relação ao mês anterior. Até fevereiro, o saldo era positivo para o governo: 47% diziam que a economia estava no caminho certo, e 40%, no caminho errado. Agora 48% acham que estamos no caminho errado, e apenas 38%, no caminho certo.
O percentual que atribui responsabilidade ao governo Bolsonaro pela situação econômica atual cresceu para 17%, o maior até agora. Mas ainda temos 41% dos entrevistados que ainda culpam os governos Lula e Dilma, em especial o governo Lula.
O gráfico com a expectativa sobre a corrupção também passou por enorme transformação nos últimos meses. Logo após a eleição presidencial, em novembro de 2018, havia uma grande esperança dos brasileiros de que a corrupão diminuiria. Não há mais. Hoje 67% dos brasileiros acham que a corrupção aumentará ou ficará como está, e apenas 27% que diminuirá.
Por fim, a avaliação do governo caiu para o seu pior nível, desde o início das pesquisas: 30% de ótimo e bom. A nota de ruim e péssimo ficou estagnada em 36% em março.