– Quando abrimos os sites e jornais de todo o mundo nesta manhã de sexta, 13 de março, só nos deparamos com uma palavra: Coronavírus. Semelhante ao que ocorreu em janeiro, com a escalada de casos na China, agora as notícias são de casos que pipocam em todo o mundo.
– No mundo inteiro é notícia que o secretário de comunicação da presidência da República do Brasil, Fábio Wajngarten, testou positivo para o coronavirus. As matérias trazem fotos e imagens do membro da comitiva de Bolsonaro em visita aos EUA próximo de Trump e do vice Mike Pence. O mundo aguarda também o resultado do teste de covid19 do próprio presidente Bolsonaro, o mesmo que no começo da semana em conferencia de imprensa em Miami desdenhou da pandemia e disse que a crise do coronavirus era fantasia propagada pela imprensa. Trump também estava na mesma linha e dizia que o calor do verão mataria o vírus. Ambos presidentes dos maiores países das Américas precisaram rever seus discursos e fizeram pronunciamentos à nação alertando para a gravidade da crise, no entanto sem respostas concretos de seus governos. Trump anunciou banimento de voos vindo da Europa, no clássico norte-americano: “a ameaça é externa” e Bolsonaro só falou dos atos de seus adeptos marcados para 15 de março.
– No dia 6 de fevereiro, comentei aqui nestas notas que um medicamento cubano estava sendo usado na China para combater o coronavírus. Trata-se do Interferon Cubano Alpha (IFNrec). Ontem, 12 de março, espalhou-se um boato no Brasil de que Cuba já havia produzido uma vacina para o vírus. Isso ocorreu por conta de matérias que citavam o interferon, mas faziam uma chamada como se o remédio fosse uma vacina, quando na verdade é um antiviral usado já há bastante tempo para outras doenças, como hepatite. Outras matérias tratavam de vacinas que ainda estão em fase de estudos ainda na ilha. O mais importante disso tudo é que mais uma vez, diante de uma grave situação de saúde pública, Cuba, um país totalmente bloqueado economicamente pela maior potência econômica do mundo, os EUA, demonstra sua capacidade técnica, científica e humana para desenvolver soluções mundiais de saúde coletiva.
– Ontem (12), pela primeira vez, a província de Hubei, na China, epicentro do coronavírus ao final de dezembro de 2019, registrou pela primeira vez desde janeiro menos de 10 casos diários de infectados. Em todo o país foram apenas 15. O número de mortes também foi o menor desde 24 de janeiro, 11 pessoas morreram. O governo do país declarou também ontem o fim do pico do surto. O porta-voz da Comissão Nacional de Saúde, Mi Feng, disse em entrevista coletiva em Pequim que novos casos continuam em declínio. Lembramos que a primeira morte registrada por coronavirus na China foi em 9 de janeiro, dois meses atrás portanto. Diante desse cenário, agora a China está concentrada em ajudar os outros países a superarem seus surtos. Ontem mesmo chegou na Itália um carregamento volumoso de suprimentos e também 8 profissionais de saúde. Além disso, o país acelerou a produção de máscaras por exemplo. Transformando fábricas, como uma montadora de carros elétricos, em espaços de produção de 5 milhões de máscaras por dia para vender ao mundo todo. Na parte econômica também começa a recuperação. O ministro-conselheiro da embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui foi entrevistado pela globo news e disse que as grandes empresas chinesas já retomaram em mais de 90% sua produção. Segundo ele, o governo também está adotando medidas de socorro financeiro a pequenas e médias empresas que foram obrigadas a parar com a crise. Yuhui ainda se referiu a testes de vacinas a partir de abril, mas sem previsão de quando poderão ser usadas.
– Por falar em China e coronavírus, ontem o porta voz do ministério de relações exteriores do país, Zhao Lijian, sugeriu que os EUA podem ter levado o coronavirus para a cidade chinesa de Wuhan, onde tudo começou. Ele escreveu em sua conta no twitter: “quando o paciente zero começou nos EUA? Quantas pessoas estão infectadas? Quais são os nomes dos hospitais? Pode ser que o exército norte-americano tenha levado a epidemia a Wuhan. Seja transparente! Torne público seus dados! Os EUA nos devem uma explicação!”.
– E não só os chineses que pedem explicação a Trump. Neste momento toda a população dos EUA quer saber como serão disponibilizados os testes para o covid19, que são caríssimos para o cidadão comum. A União Europeia também está possessa com o anúncio unilateral de Trump para barrar a chegada de voos que chegam da Europa. Ontem (12) saiu um comunicado do bloco em que o presidente do Conselho da UE, Charles Michel e a presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen disseram: “a União Europeia reprova o fato da decisão dos EUA impor um banimento à viagens que foi decidido de forma unilateral e sem consultas”.
– Curiosidade. Personalidades com coronavírus: ator Tom Hanks e esposa; deputada e ministra da saúde do Reino Unido, Nadine Dorries; primeira dama do Canadá Sophie Grégoire Trudeau; Irene Montero, ministra da igualdade da Espanha; Masoumeh Ebtekar, vice-presidente do Irã para assuntos da mulher e da família, Daniele Rugani, jogador da Juventus na Itália.
– Mudando um pouco de tema, o chefe do Comando Sul dos EUA, Craig Faller, disse na quarta (12) que os acordos na área da defesa assinados com o Brasil vão ajudar os EUA a barrarem as ambições da China na América do Sul. Ele disse ainda que os EUA vão aumentar sua presença militar no continente este ano. Ao alfinetar a China ele se referiu às “ambições” do país em se estabelecer na América do Sul que possui localização geográfica privilegiada para instalações espaciais, como a da Patagônia, na Argentina, que já possui um empreendimento chinês. Nessa mesma visita de Bolsonaro, o governo americano teria pressionado no sentido de que abrir o mercado brasileiro para o 5G da Huawei prejudicaria os acordos já assinados e os vindouros.
– No mundo inteiro o dia de ontem (12) já está conhecido como a “quinta maldita” (#blacktursday) de 2020 para economia. Nos EUA as bolsas fecharam com queda de quase 10%, a Dow Jones teve a maior perda desde 1987. No Brasil o “circuit breaker”, quando o sistema de compras e vendas nas bolsas é interrompido automaticamente ao atingir queda de 7%, foi acionado umas três vezes. Na Europa também foi um dia de fortes baixas, toda na casa dos 12% a 14%. O petróleo que segue em queda contribuiu para o caos, mas principalmente a crise do coronavirus, especialmente após o anúncio de Trump de banir voos vindo da Europa nos EUA, o que fez as companhias aéreas despencarem mais de 20% nas bolsas.