Por Monica de Bolle, no Twitter
1. A doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 foi batizada de COVID-19. Coronavírus é a espécie do vírus — esse pertence à família dos coronavírus que provocam síndromes respiratórias agudas, como o SARS em 2002-2003.
2. Diferentemente do SARS, COVID-19 mata menos pessoas que o contraem do que o original SARS-CoV (10% vs. 3,4% ou menos). Isso não significa que não se deva ficar muito alerta.
3. Como o SARS, COVID-19 pode evoluir para um quadro de pneumonia atípica — uma pneumonia inflamatória em parte deflagrada pela reação imunológica do paciente. Esse tipo de pneumonia é difícil de conter pois ela não é diretamente causada por um agente infeccioso (vírus, bactéria).
4. A pneumonia atípica e a síndrome respiratória significam que COVID-19 não pode ser comparada de forma alguma a uma gripe. Gripes podem levar a quadros de pneumonia, mas em casos mais raros de infecções secundárias.
5. No caso do COVID-19, assim como no do SARS, a pneumonia atípica é a progressão da doença, não uma infecção secundária. Alguns estudos sugerem que mais de 75% dos pacientes que contraem COVID-19 desenvolvem anomalias em ambos os pulmões.
6. Quais anomalias? A mais comum é a que se chama Ground Glass Opacity (GPO) — de forma simples, trata-se do acúmulo de fluidos nos pulmões e de regiões onde estruturas pulmonares foram destruídas. Isso pode aparecer mesmo nos casos brandos, e é típico dessa doença, não da gripe.
7. Os cientistas ainda não sabem se COVID-19 deixa sequelas — nos pacientes mais gravemente afetados, autópsias revelam extensos danos pulmonares causados pela doença (e por algumas condições preexistentes).
8. O vírus se transmite por contato entre pessoas. Fragmentos e partículas são expelidos nas secreções quando alguém infectado tosse ou espirra. Contudo, o vírus não fica no ar e vive por poucas horas em superfícies.
9. Por esse motivo, a recomendação tem sido o distanciamento social para evitar a contração da doença e práticas de higiene como lavar as mãos com frequência e não levá-las ao rosto (o que exige muita autodisciplina).
10. Crianças podem pegar e transmitir o vírus, embora não aparentem desenvolver a síndrome respiratória aguda. Para adultos de qualquer idade, a possibilidade de sequelas pulmonares significa que essa é uma doença a ser evitada ao máximo. Repito: não é uma gripe.
Abaixo, alguns artigos científicos sobre essa doença. Há muita coisa que ainda não se sabe, mas também há muita coisa que a comunidade científica sabe e que está sendo mal-comunicada pelas autoridades de saúde no mundo todo.
https://nature.com/articles/s41564-020-0695-z
https://biorxiv.org/content/10.1101/2020.02.07.937862v1.full.pdf
https://thelancet.com/pdfs/journals/lancet/PIIS0140-6736(20)30183-5.pdf
https://cell.com/cell/fulltext/S0092-8674(20)30229-4
https://ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32104915