O Brasil vive o pior dos mundos. Apesar do dólar alto, que poderia, em tese, fortalecer as exportações brasileiras, em especial a de nossos produtos industrializados, está acontecendo exatamente o contrário.
No acumulado de 12 meses encerrado em fevereiro, o saldo comercial do país caiu 17%.
Considerando apenas a indústria de transformação, foi uma catástrofe: o saldo negativo do comércio exterior avançou quase 700% em relação ao ano anterior, e chegou a US$ 29 bilhões, o maior em quatro anos.
Isso aconteceu porque as exportações da indústria de transformação caíram 1,6% enquanto as importações subiram 16%.
Essa piora da nossa balança vem na contramão do aumento dramático do saldo comercial do petróleo, que atingiu um novo recorde histórico no acumulado de 12 meses até fevereiro: US$ 12,9 bilhões.
O saldo brasileiro do petróleo poderia ser três vezes maior, e chegar a mais de US$ 30 bilhões, caso o país deixasse de importar produtos refinados de petróleo e os produzisse aqui, em nossas refinarias.
Nos últimos 12 meses, o Brasil exportou US$ 31 bilhões em petróleo, alta de 4% sobre o ano anterior e um recorde histórico. Com isso, o petróleo se tornou, de longe, o mais importante produto brasileiro de exportação.
Até mesmo as exportações de derivados, apesar da ociosidade crescente das nossas refinarias, experimentaram um forte crescimento de 38% no acumulado de 12 meses até fevereiro, gerando US$ 6,5 bilhões em receita.
Entretanto, as importações de derivados de petróleo, especialmente diesel, também estão batendo recordes históricos. Nos últimos 12 meses, o Brasil importou US$ 14 bilhões em derivados, maior nível em 5 anos. Em quantidade, as importações brasileiras de derivados chegaram a 27 milhões de toneladas no acumulado de 12 meses até fevereiro, o segundo maior volume importado de todos os tempos, superado apenas pela quantidade importada nos 12 meses até fevereiro de 2018, quando o Brasil importou 27,3 milhões de toneladas.