4 DE MARÇO DE 2020
Por Paulo Morceiro, no Valor Adicionado
Em 2019, a participação da manufatura no PIB do Brasil caiu para 11,0% (nível mais baixo desde 1947), segundo dados do IBGE divulgados hoje. Muda governo, mas a situação não muda. A retórica de reindustrialização do atual governo, apesar de bem-vinda, ainda não surtiu efeito.
Em 2019, a indústria de transformação cresceu apenas 0,1%, enquanto o PIB do país cresceu 1,1%. O crescimento do Brasil foi 1/3 do mundial, caracterizando uma situação de voo de pintinho (crescimento per capita irrisório).
Essa situação tem se repetido ano após ano desde a década de 1980: se a indústria de transformação cresce pouco a economia brasileira também cresce pouco. O crescimento futuro do Brasil depende necessariamente da performance da indústria de transformação. Se o país quiser ter o mínimo de ambição de “fazer o dever de casa” para crescer no mesmo ritmo da economia mundial, não há outra saída se não resolver a situação de baixa competitividade e inovação da indústria brasileira.
Os setores de serviços modernos – como informação e comunicação, o mais sofisticado de todos os serviços – não conseguem puxar o crescimento do PIB do Brasil da mesma forma que a manufatura fez no passado. Em 2019, informação e comunicação cresceram 4,1%, porém, devido à baixa articulação com o restante da economia, o impacto no PIB do país foi pequeno.
A manufatura ainda continua vital no quesito “locomotiva do crescimento”, ditando o ritmo de crescimento do país.