Os resultados da Petrobras em 2019 são um falso positivo.
A receita de vendas caiu 2,58%, de R$ 310,25 bilhões em 2018 para 302,24 bi em 2019.
A dívida bruta subiu 3,27%, para US$ 87,12 bilhões.
A dívida líquida subiu 14%, para US$ 78,8 bilhões.
O lucro líquido recorrente ficou estagnado, com oscilação positiva medíocre de 0,51%, apesar do aumento na produção.
A importação de gasolina cresceu 47%, e a de diesel, 19%, o que mostra o desmonte da estrutura de refino no país.
Quando se analisa a receita líquida, a importância das refinarias para a Petrobras fica bem clara. Em 2019, as vendas de diesel renderam R$ 91 bilhões a Petrobras, ou 30% da receita líquida total da estatal. As vendas de gasolina, por sua vez, renderam R$ 38,7 bilhões à Petrobras em 2019. Somando diesel e gasolina, os dois renderam R$ 143 bilhões em 2019, ou 43% do total da receita líquida da Petrobras no ano.
Por aí vocês podem ver como a privatização das refinarias pode afetar a capacidade da Petrobras de gerar faturamento para si mesma. No momento em que o preço do petróleo passar por nova baixa, a estatal poderá experimentar um brutal desfinanciamento.
O volume de produção de diesel pela Petrobras caiu 2,4% em 2019, ao passo que o de gasolina ficou estagnado.
A única razão pela qual os lucros aumentaram em 2019 foi porque a Petrobras vendeu uma série de ativos importantes, como a TAG, uma de suas subsidiárias mais estratégicas, de transporte de petróleo, além da entrega de campos de petróleo a empresas de outros países.
Festejar lucros obtidos com venda de patrimônio lucrativo, é como um produtor de aço gabar-se de que o faturamento de sua empresa cresceu após vender seus fornos de fundição. São lucros não-recorrentes, que não irão se repetir, e, no ano seguinte, a empresa não contará com aqueles ativos que antes lhe davam lucro.
A Petrobrás depende cada vez mais exclusivamente da venda de óleo cru ao exterior.
Enquanto isso, o investimento em “pesquisa com desenvolvimento tecnológico”, a parte mais estratégica de qualquer grande empresa de energia, caiu 3,3% em 2019.
Quanto ao volume de produção, houve queda na oferta de diesel e estagnação no mercado de gasolina (as importações desses dois combustíveis tem crescido dramaticamente)
Abaixo, alguns quadros sobre os empregados da Petrobras. No primeiro, é até impressionante o alto nível de instrução da maioria dos empregados da empresa.
No segundo quadro, uma relação dos empregados pelas diferentes regiões. Houve uma redução no número de empregados, incluindo aqueles que trabalhavam no exterior, de 63.361 para 57.983, uma queda de 3,7 mil empregados.
A exportação de petróleo está muito concentrada em poucos destinos. 71% das exportações do produto são destinadas para a China, no caso do petróleo cru; e 39% para Singapura, no caso dos derivados.