– A prolongada guerra na Síria ganhou novamente atenção da imprensa mundial nos últimos dias. As últimas batalhas na região de Idlib, noroeste do país e fronteira com a Turquia, considerado último reduto de forças rebeldes contra Assad, têm provocado um êxodo civil de grandes proporções. Calcula-se que quase um milhão de pessoas estejam se deslocando, provocando a maior crise de “desplazados” sírios desde o início da guerra em 2011. A Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michele Bachelet fez um apelo pelo fim dos combates e a criação de corredores humanitários para que os civis possam escapar em segurança das zonas de conflito. Os ataques das forças sírias e russas a grupos que desafiam o governo de Assad tem provocado também uma escalada de tensão com a Turquia. Erdogan ameaçou Putin de não respeitar as fronteiras de Idlib e nem o recente acordo de Sochi caso seus soldados e civis sejam atingidos nos combates. Por sua vez, o porta voz do Kremlin, Dmitri Peskov, respondeu que a Turquia não está fazendo nada para “neutralizar os terroristas”. O ministro da Defesa da Rússia também se pronunciou dizendo que “a verdadeira causa da crise na zona de Idlib é, infelizmente, o fracasso de nossos colegas turcos em cumprir com suas obrigações de separar os militantes da oposição moderada dos terroristas”. O acordo entre Rússia e Turquia firmado em Sochi, balneário russo no Mar Negro, em outubro de 2018, estabeleceu que Turquia e Rússia passariam a controlar juntas a maior parte da fronteira turco-síria onde estão presentes as forças curdas que almejam uma parte do território que reivindicam como seu na região e fazem oposição a Erdogan. Com o acordo, a Rússia tinha expectativa de que as forças curdas atuassem em prol do regime de Assad, pois com a Síria fortalecida seria mais fácil negociar com os turcos uma coexistência entre turcos e curdos no território. Bom lembrar que os EUA, transitoriamente aliados aos curdos “no combate ao EI”, tiraram suas tropas dessa região em outubro passado, em um ato considerado de traição pelos curdos. Como diz Pepe Escobar, a região é um verdadeiro jogo de xadrez e longe de ser para iniciantes.
– O drama mundial com a epidemia do Corona vírus segue seu curso. Há um registro hoje (18) de 73.336 casos confirmados, com 1874 mortes e 13.056 recuperados. No Japão, o navio cruzeiro “Diamond Princess”, atracado em Yokohama há 15 dias, a cada dia tem mais casos confirmados. Já são 454 pessoas infectadas de um total de 3.770 pessoas entre tripulantes e passageiros. Alguns países, como os EUA, fizeram operações de retirada de seus cidadãos da embarcação nos últimos dias. A situação transformou o Japão no segundo país com o maior número de casos depois da China. Em menos de seis meses o país sediará os Jogos Olímpicos de Verão 2020. Ontem (20) as autoridades anunciaram o cancelamento da celebração pública de aniversário do imperador Naruhito que estava marcada para 23 de fevereiro. O imperador faz duas aparições públicas por ano no terraço do palácio imperial, no ano novo e no aniversário. A última vez em que houve um cancelamento foi em 1996 durante invasão da embaixada do Japão no Peru. Outro impacto do vírus sobre o Japão é o econômico. A terceira economia do planeta já foi contraída em 1,6% no último trimestre de 2019 e agora será francamente atingida em matéria de turismo e exportação em decorrência do Corona vírus.
– Homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, presidente da Amazon, resolveu criar um fundo de 10 bilhões de dólares para financiar ONGs, pesquisas e projetos na área ambiental. No seu discurso diz que “a Terra é a única coisa que todos nós temos em comum – vamos protegê-la juntos”. Nunca é demais lembrar que a Amazon de Jeff Bezos já venceu uma disputa com os países da região amazônica pelo uso do domínio “.amazon”. A ICANN – Corporação para Atribuição de Nomes e Números na Internet decidiu pela mega empresa contra os países amazônicos. O Brasil “que lute” pela Amazônia, pois a floresta pode ir parar no catálogo de vendas da Amazon.
– Sobre as eleições na Bolívia, o candidato do MAS, Luis Arce Catacora, aparece com uma vantagem de quase o dobro de diferença do segundo colocado, Carlos Mesa, na pesquisa realizada pelo instituto Ciesmori e divulgada pela imprensa boliviana. Arce aparece com 31,6% das intenções, Carlos Mesa com 17,1% e a autoproclamada Jeanine Añez com 16,5%. Fernando Camacho vem em quarto com 9,6%. Apesar da esperança do MAS de uma vitória em primeiro turno, a pesquisa indica também que uma eventual unidade da oposição derrotaria o MAS.