Sindicato da categoria inicia paralisação de três dias, enquanto greve dos trabalhadores da Petrobras já dura 17 dias
Por Redação RBA
Publicado 17/02/2020 – 11h37
Caminhoneiros protestam pela aplicação da tabela do frete, principal ‘conquista’ da greve de 2018
São Paulo – Desde a zero hora desta segunda-feira (17), caminhoneiros ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Autônomos (Sindicam) paralisaram o acesso ao Porto de Santos, apesar de liminar na Justiça que impôs multa diária de R$ 200 mil para evitar o bloqueio. Eles também apoiam declaram apoio à greve dos petroleiros, que entrou hoje no seu 17º dia.
Segundo Carlos Alberto Dahmer, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Ijuí (Sindtac-Ijuí), os motoristas realizam protestos nas margens das rodovias em todo país mas, até as 10h da manhã, o único registro de interdições com bloqueios era o do Porto de Santos.
O movimento deve prosseguir ao menos até a próxima quarta-feira (19), quando estavam previstas para serem julgadas no Supremo Tribunal Federal (STF) três ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs), movidas por entidades do setor patronal – a Associação do Transporte Rodoviário do Brasil (ATR Brasil), que representa empresas transportadoras, juntamente com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – e contestam a constitucionalidade da Lei 13.703, de 2018, que instituiu a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas.
O ministro Luiz Fux, porém, adiou o julgamento das ações a pedido da Advogacia Geral da União, órgão do governo federal. Ainda não há nova data para o julgamento.
Dahmer criticou a política da Petrobras de atrelamento dos preços dos combustíveis às flutuações do mercado, bem como o desmonte da estatal, com demissões em massa e venda de ativos.
“Em diversos lugares do mundo se guerreia pelo petróleo. Aqui se dá de graça, para que os grandes oligopólios se beneficiem. Tiram das nossas refinarias a sua capacidade, deixam a companhia ociosa para garantir o lucro das empresas estrangeiras. Essa luta não é só dos caminhoneiros, não é só dos petroleiros. É de toda a sociedade”, afirmou o presidente do Sindtac-Ijuí aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (17).
Petroleiros
Já os petroleiros apontam o risco de desabastecimento por conta da intransigência do governo Bolsonaro, que segue intransigente e se nega a negociar. Os petroleiros estão em greve, desde o dia 1º de fevereiro, em defesa da Petrobras como maior patrimônio público do povo brasileiro, e contra as cerca de mil demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR).
Segundo o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT) João Antônio de Moraes, a paralisação já atinge 120 unidades da estatal em todo o país, com mais de 20 mil trabalhadores de braços cruzados.
“Sem a Fafen-PR, ameaçada de fechar após as demissões, vai aumentar a dependência da exportação de fertilizantes. Se passarem a ser importados, assim como os combustíveis, ficarão sujeitos às flutuações do mercado internacional, o que deve impactar no preço dos alimentos”, alerta Moraes.
Também em entrevista ao Jornal Brasil Atual, ele comemorou a adesão dos “companheiros” caminhoneiros à luta por uma outra política para os combustíveis.
“Queremos saudar a vinda dos companheiros caminhoneiros. Eles estão se apercebendo que têm um vínculo muito grande com os petroleiros. Afinal de contas a matéria prima que move os seus caminhões somos nós que produzimos. Perceberam que a paridade com o preço internacional é um suicídio para todo mundo”, disse o diretor da FUP.