O Brasil é um país original.
No momento em que suas exportações de petróleo batem recorde histórico, atingindo mais de US$ 30 bilhões em 2019, a nossa balança de pagamentos piora.
A razão disso, naturalmente, é o aumento da importação de manufaturados, entre os quais os derivados de petróleo tem grande participação.
O Cafezinho não cansa de bater na mesma tecla: os maiores gastos da nossa balança comercial continuam sendo derivados de petróleo, mesmo com o país possuindo toda a infraestrutura, tecnologia, matéria-prima e mão-de-obra necessárias para produzir tudo aqui.
Nos últimos 12 meses terminados em janeiro, a importação brasileira de diesel cresceu 22,5%, totalizando 11,34 milhões de toneladas, o segundo recorde histórico; o recorde ficou com o período 2017/2018, quando o país importou 11,7 milhões de toneladas de diesel.
Para os EUA, nosso principal fornecedor, foi um recorde histórico: as importações brasileiras de diesel americano totalizaram 5,6 milhões de toneladas, alta de 12% sobre o ano anterior, que já havia sido um recorde.
Para entender o que significa a importação de diesel, e apenas do diesel, para a nossa balança de pagamentos, somamos as importações de diesel dos últimos 15 anos (2006 a 2020), sempre usando o período acumulado de 12 meses que vai de fevereiro de um ano a janeiro do ano seguinte.
Resultado: nos últimos 15 anos, o Brasil importou um total de US$ 74 bilhões em óleo diesel, ou o equivalente, em moeda nacional, a R$ 320 bilhões.
Apenas para efeito de comparação, o Plano Marshall, a grande ajuda financeira do governo americano para a reconstrução da Europa, após a II Guerra, equivaleria, a valores de hoje, a cerca de US$ 100 bilhões. Ou seja, apenas a importação brasileira de diesel em 15 anos correspondeu a 74% do valor do maior plano de assistência internacional da história da humanidade.
Considerando somente as importações de diesel dos Estados Unidos, o Brasil gastou US$ 34 bilhões nos últimos 15 anos, ou R$ 147 bilhões.