No sábado, a deputada federal Talíria Petrone publicou um comparativo internacional da proporção de servidores públicos no emprego total, em países selecionados, que provocou um debate acalorado nas redes sociais.
O gráfico mostra que a quantidade de servidores públicos no Brasil é bem menor que a média da OCDE (um grupo de países ricos no qual o governo Bolsonaro vem tentando entrar) e da maioria dos países desenvolvidos.
Enquanto no Brasil a proporção de funcionários públicos no total de trabalhadores é de 12%, a média da OCDE é quase o dobro, 21%.
Os países com os mais altos índices de desenvolvimento social, como Noruega, Suécia e Dinamarca, tem índices de participação do funcionalismo no total dos empregos que chegam a 35%.
A proporção de funcionários públicos no Brasil é uma das menores do mundo. Compartilhe até chegar no Guedes. pic.twitter.com/z2UIstq6YB
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) February 8, 2020
O debate acalorado se deu por causa da provocação da deputada, que pediu que o tweet fosse compartilhado “até chegar no Guedes”, referindo-se ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que recentemente também causou polêmica ao usar o termo “parasita” para se referir ao funcionalismo público.
O gráfico usado pela deputada foi extraído de uma reportagem publicada no Infomoney, e traz dados desatualizados; foram tirados de um relatório da OCDE de 2015, e os números correspondem ao ano de 2013. O relatório mais recente da instituição é de 2017, e seus números sobre o funcionalismo público vão até o ano de 2015. Neste relatório, a média da OCDE é de 18%.
Coreia e Japão, por outro lado, são países com níveis de distribuição de renda altamente igualitários, sobretudo em comparação ao Brasil.
Muitos críticos responderam à deputada que o percentual divulgado por ela não queria dizer muita coisa, e que o importante mesmo seria saber a evolução das despesas com funcionalismo em relação ao PIB.
A verdade é que ambos os números são importantes. Evidentemente é essencial saber se o Brasil tem uma quantidade razoável de funcionários públicos em relação ao total de seus trabalhadores. Os dados mostram que não. Não temos excesso de funcionários públicos, ao menos em termos numéricos. Possivelmente temos carência de servidores em áreas estratégicas, como engenharia, pesquisa, educação e saúde, e excesso em setores que talvez pudessem ser mais enxutos.
No Atlas do Estado brasileiro, amplo estudo estatístico do Ipea, nota-se que a participação dos gastos do funcionalismo em relação ao PIB cresceram continuamente (mas modestamente) a partir de 2011, na relação com o PIB, passando de 9,6% em 2012 para 10,7% em 2017. Entretanto, o avanço pode ser explicado antes pela queda e estagnação do PIB no período do que propriamente pelo aumento das despesas com funcionalismo.
Um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 2010 mostra que países de renda alta costumam gastar cerca de 10,4% do PIB com o pagamento de servidores.
A Europa gasta 10,2% de seu PIB com o pagamento de salários de servidores públicos.
Um número mais preocupante, também presente no Atlas, é o que mede as despesas com servidores em relação à Receita Corrente Líquida das diferentes esferas de governo.
É aqui que o subfinanciamento do Estado fica evidente. Os gastos com funcionalismo federal chegaram a 24,2% da Receita Corrente Líquida do governo federal em 2017, recorde histórico. Nos estados e municípios, a situação é pior: nos estados, os gastos com servidores passaram de 36% da Receita dos estados; nos municípios, passaram de 46%.
Mais uma vez é preciso considerar a crise fiscal dos últimos anos, deflagrada pela dramática debacle econômica iniciada em 2014.
De 2008 a 2012, os gastos do funcionalismo federal em relação à Receita Corrente Líquida vinham caindo; isso muda a partir de 2013, até chegarmos aos níveis atuais.
Atualização: como se pode verificar no gráfico abaixo, também colhido no Atlas do Estado brasileiro, o crescimento do funcionalismo público nos últimos anos 30 anos se deu sobretudo nos municípios, e um pouco nos estados. A nível federal, houve estabilidade, e até uma alguma redução em termos absolutos nos últimos 10 anos. Em termos relativos, a proporção dos servidores federais no total do funcionalismo caiu dramaticamente, de cerca de 20% do total dos vínculos públicos para aproximadamente metade disso.
Em relação aos salários, os gráficos abaixo mostram que os desequilíbrios estão extremamente concentrados no Judiciário. Os salários do Executivo vem se mantendo estáveis há quase 30 anos.
Fontes:
Alan C
11/02/2020 - 14h16
E o PIB 2020 já foi revisto pra baixo 7x em 40 dias do novo ano… É uma carcada a cada 5 dias kkkkk
QUE BOZOLÂNDIA RIDÍCULA!! rs
A Descobridora
11/02/2020 - 12h07
Acabei de descobrir que a Andrade Gutierrez (da cineasta Petra) propinou o Aécio Neves em 20 milhões! Por isso que ele foi escondido no filme do impeachment.
Batista
11/02/2020 - 12h28
A pior desinformada é a que abre e morre pela boca aberta, ao pensar-se informada e descobridora sem sequer informar-se basicamente sobre o assunto abordado.
No caso, assista o filme, pois além de ficar informada sobre o mesmo e evitar repetir a baboseira afirmada, quem sabe pegue no tranco, descubra o livre pensar com a própria cabeça e deixe de dizer o que não sabe e passar longe de descobrir, pretendendo-se descobridora.
Heitor
10/02/2020 - 18h49
No Brasil falta corrigir certas distorções no emprego público. Existem áreas que é preciso acabar com os altos salários.
Carlos Marighella
10/02/2020 - 19h27
Precisamos acabar com os baixos salários, aqueles que vieram com a reforma trabalhista.
Abdel Romenia
10/02/2020 - 19h59
Cada um de nòs ganha conforme o que produz, o que sabe fazer, o que agrega de valor, o que investe, etc.
Riformas trabalhistas ou nada sào a mesma coisa.
Carlos Marighella
10/02/2020 - 20h39
Seria ótimo se fosse assim.
Wellington
10/02/2020 - 21h16
É assim.
Carlos Marighella
11/02/2020 - 13h25
Em alguns (poucos) setores sim, na maioria, não.
Paulo
10/02/2020 - 20h13
Na lata!
Lúcio
10/02/2020 - 15h53
Nenhuma dessas métricas interessa ao povo, que é quem vota e paga imposto. O que importa é que se paga uma fortuna de imposto e se recebe um serviço de m* em troca.
O problema do funcionário público brasileiro é que ele, por ter passado em concurso público, começa a se enxergar como elite intelectual do país, e por isso detentor de direito natural aos privilégios que são dados aos servidores. Se enxerga como titular de direitos, nunca como serviçal do povo – antes o contrário, o povo é que deve servir ao barnabé, pagando sem contestar o imposto que banca os seus privilégios. Na cabeça do barnabé, é uma realidade “justa”, porque meritocrática – quem acha ruim “que estude e passe no concurso”, um argumento que seria apenas arrogante se não fosse burro. Ao se recusar a assumir uma postura de fazer valer o dinheiro do contribuinte, revela que está 100% ciente de ser mero detentor de privilégios injustos garantido por uma ordem imoral, e que toda a sua luta é apenas para manter tais privilégios. Depois alegam não entender por que o povo não vai às ruas contra as reformas.
Evandro Garcia
10/02/2020 - 17h01
“Depois alegam não entender por que o povo não vai às ruas contra as reformas.”
Aí você deixa a cabecinha dessa turminha sem rumo…kkkk
Esses números, gráficos, planilhas, Japão, Rússia e Colômbia são inúteis, o que interessa é a opinião das pessoas.
Paulo
10/02/2020 - 17h25
“Depois alegam não entender por que o povo não vai às ruas contra as reformas”. Sabemos perfeitamente! O povo não vai às ruas porque pensa que essa tal Reforma vai beneficiá-lo, o que é fruto de propaganda massiva e direcionada justamente a satisfazer suas ideias pré-concebidas, a respeito do servidor público. Ideias pré-concebidas como as suas, por sinal…
Evandro Garcia
10/02/2020 - 20h04
Quem manda sào os usuarios dos serviços publicos.
Paulo
10/02/2020 - 20h12
Os “usuários” da Previdência também aprovaram a Reforma…Foi boa para eles? O que você acha?
Evandro Garcia
10/02/2020 - 21h18
Foi ótimo.
Ryan Drumont
21/02/2020 - 20h15
Perfeito!!
maria do carmo
10/02/2020 - 13h11
Senhores jornalistas nao se deixem esnobar pelo bolsonaro mentiroso e bocal, entendo que alguns dos senhores vao ao Alvorada para ouvi-lo dizer e desdizer mentiras, mas e muita humilhacao se deixar humilha por um presidente ignorante imbecil !!!
Breno
10/02/2020 - 12h01
“O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo. O cara virou um parasita e o dinheiro não está chegando no povo…a aprovação de uma reforma administrativa é necessária para fazer com que mais recursos possam ser direcionadas a áreas essenciais”.
Quem é contra mais recursos para serviços públicos essenciais? Por que?
Quais poderiam ser os objetivos de quem quis tirá-la de contexto, além de manter privilégios e impedir que haja mais recursos e melhores serviços públicos essenciais à população, expondo a incompetência e conivência de governos anteriores com um sistema de privilégios de alguns às custas da população?”
DANIELA
30/03/2020 - 12h42
Queria saber onde está esse aumento de 50% acima da inflação… Eu não tenho aumento há anos! Quando tivemos aumento de 6% em 4 parcelas de 1,5%, a defasagem salarial era de 78% em relação à inflação. E sou servidora do judiciário. O famigerado Poder Judiciário que custa tão caro ao país. Informe-se melhor. Quem trabalha no Judiciário não é apenas Juiz, Desembargador ou Ministro. Milhares de Técnicos, Analistas e Auxiliares carregam o piano. Num país sem educação, sem saneamento básico e com uma saúde pública caindo aos pedações, o número de processos judiciais cresce na mesma proporção que os problemas. De brigas domésticas, demandas de UTI”s, cobranças, inventários, execuções fiscais, etc… Você provavelmente não tem ideia do número de processos que são ajuizados por minuto nesse país. Privilégios? É fácil falar do que não se sabe. Servidores Públicos não têm data base. A Constituição da República de 1988 previa a recomposição salarial dos servidores, assim como é feita na iniciativa privada, mas, isso nunca saiu do papel. Os servidores passaram por 4 reformas previdenciárias e desde 1998 nenhum servidor se aposenta com menos de 30 anos de contribuição e 55 anos de idade (para a mulher) e 35 anos de contribuição e 60 anos de idade (para o homem), continuava contribuindo, assim como continua contribuindo para a previdência, mesmo depois da aposentadoria e já não existe paridade desde 2003. Isto é, paga-se mais contribuição do que os outros e recebe menos aposentadoria. Há muitos anos os servidores que ingressaram no serviço público após as últimas reformas só poderiam receber até o teto do INSS. A grande farra dos que querem execrar a categoria dos servidores foi nos obrigar a pagar até 22% de previdência, sem qualquer aumento salarial há anos. Você quer ter serviços públicos de qualidade? Então tenha respeito pelos trabalhadores! Somos trabalhadores, sim, pagamos impostos, escolas, planos de saúde, temos dívidas, sangramos igual a todos os brasileiros. Informe-se antes de ficar repetindo as inverdades daqueles que querem apenas aumentar os lucros dos bancos e tirar do bolso de quem trabalha o pouco que temos!
Alan C
10/02/2020 - 11h40
https://i.redd.it/xroakz0y39g11.jpg
Acho esse gráfico mais real, pois se refere a população inteira e não só aos trabalhadores. O funcionalismo publico atende a todos.
Miguel do Rosário
10/02/2020 - 15h14
Alan, o gráfico é bom, mas acho que os números não batem. Para os outros países, parece correto, para o Brasil, não.
Alan C
10/02/2020 - 16h09
Miguel,
Eu disse o que eu acho ser a diferença, e este gráfico foi publicado no site da Auditoria Cidadã da Dívida, que com todo respeito a essa Talíria Petrone, que eu nem sei quem é, me parece ser uma fonte mais robusta.
Redação
10/02/2020 - 16h42
Alan, o site da Auditoria da Dívida não é uma fonte robusta. Muito pelo contrário. Tampouco a Talíria. Os números do gráfico estão errados. Eles não fazem sentido nenhum. O funcionalismo público nos EUA correspondem a 15% do total dos empregos, mas não em relação ao total da população. Todos os países – menos o Brasil – aparecem com dados em relação ao emprego total, e não à população.
Alan C
10/02/2020 - 18h08
Miguel, entenda, o site da ACD não é a fonte, eles apensa replicaram uma notícia, exatamente como vc fez aqui no seu blog, a fonte está no pé da imagem, IBGE para o Brasil e OCDE para os demais países.
Abdel Romenia
10/02/2020 - 17h02
Esse gráfico deixa bem claro a seriedade dessa Auditoria de sei lá o que.
Cigano Cheiroso
10/02/2020 - 17h22
São os mesmos dados da reforma da previdência, é sempre o mesmo gráfico mudam só os nomes. Kkkkkkkkkkkkkkkk
Bozonaro
10/02/2020 - 18h26
reforma da previdênci? aquela que seus defen$ore$ diziam que se não fosse feita o dólar isia passar de R$ 4,20??
Dólar de hoje, R$ 4,33…. kkkkk
Abdel Romenia
10/02/2020 - 15h50
Muito real esse gráfico seu, é capaz que vale para os homicídios também…kkkkkk
putin
10/02/2020 - 10h37
se a existencia do “publico” fosse inutil/danosa/ineficiente/parasita, como falam desde sempre os ot.arios fascio-liberalistas, canada, dinamarca, frança, finlandia, suecia, noruega, israel e até uk e eua estariam falidos á muito tempo.
ao contrario tem uma boa correlaçao entre publico e alto desenvolvimento dos paises, PONTO FINAL.
agora os ot.arios fascio-liberalistas vao dizer que os datos ocde sao falsos e que a ocde ta cheia de commandos cubanos, kkkk.
p.s. o genio weintraub diria “paraCita”, kkkkkkkkk!
Alan C
10/02/2020 - 11h31
OCDE sua comunista petista duma figa!!! kkkkkkkk
Evandro Garcia
10/02/2020 - 12h00
Agora và na Dinamarca ou no Canadà pra ver se acha medico em hospital tirando selfie ou jogando com o celular em vèz de atender ou se acha as filas quilometricas perdendo o dia inteirao para fazer qualquer besteira na prefeitura ou em outro lugar por esemplo.
Os numeros em si nào dizem muito, alias, nada.
Entreguem essa porcaria de graça para algumas pessoas serias para parar de perder tempo.
Renato
11/02/2020 - 12h28
“falidos à muito tempo” é ótimo. Você é o retrato do fracasso da Pátria Educadora de Dilma ! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Paulo
10/02/2020 - 10h23
As “autoridades” sabem disso tudo desde tempos imemoriais (todo bobo que não conhece rateia contra o funcionalismo, quando em campanha eleitoral, e, quando assume, percebe que a realidade é outra, cansei de ver isso). Que o nº de servidores é insuficiente, que o gasto com eles não é exorbitante, que essas altas nos gráficos são contingenciais e relacionadas à crise econômica, etc. O que se deseja, realmente, e eu já denunciei aqui, é algo muito mais engenhoso. São basicamente dois pilares que sustentam essa dita Reforma Administrativa:
1) O Governo precisa de dinheiro e quer extorqui-lo do funcionalismo (via redução de jornada e contribuição extraordinária), já que Porco Guedes já fez a Reforma Trabalhista e a da Previdência e a economia não decolou. Sem dinheiro, não tem reeleição, pro Capetão;
2) A ampliação do período de experiência (estágio probatório) e, consequentemente, da aquisição da estabilidade, visa deixar o servidor vulnerável, para que não exerça, na plenitude, suas prerrogativas. Isso é importantíssimo para muitos parlamentares e para o próprio Capetão, que tem filhos investigados criminalmente. Qualquer neófito na matéria sabe que a estabilidade foi estabelecida, conceitualmente, em benefício do serviço público, e não do servidor. Um maior controle dos servidores permitirá ao Governo exercer com mão de ferro a Administração, perseguindo e exonerando qualquer um que não se submeta à sua tirania.
Além desses dois eixos centrais, em que se ampara a Reforma, abrir-se-á, caso aprovada na íntegra, a possibilidade da chamada “entrada lateral” (mais adequadamente deveria ser denominada “entrada pela porta dos fundos”), que nada mais é do que uma maneira de aparelhar a Administração Pública com apaniguados, que normalmente não passariam num concurso público, recebendo altos salários, e, segundo creio, exercendo poder de mando e controle sobre os funcionários em geral.
Tudo isso sem falar na permissão para a contratação de temporários e celetistas, que, por sua vez, pode ser aproveitada por parlamentares e membros da cúpula do Governo para ganhar dinheiro, seja através da famosa “caixinha”, seja por meio de administração direta de empresas de prestação de serviços.
É o que está para vir!
putin
10/02/2020 - 10h45
a LEVE alta dos graficos do custo em relaçao ao pib/receita se deve á baixa do denominador (pib/receita). mas infelizmente este blog sempre bota alguma informaçao demagogica para salvar a cara do governo.
Redação
10/02/2020 - 11h08
Putin, ué, mas eu enfatizei justamente isso no post! Leia ao menos!
Evandro Garcia
10/02/2020 - 09h28
Limpeza no chiqueiro logo, please.