Segundo dados preliminares divulgados ontem à noite pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o saldo da balança comercial brasileira em janeiro deste ano ficou em apenas US$ 356 milhões, o menor em cinco anos, com queda de 94% sobre o mês anterior e de 79% sobre janeiro de 2019.
O resultado negativo foi puxado, de um lado, pela forte queda das vendas de produtos manufaturados, e pelo aumento da importação dos mesmos produtos.
As importações de derivados de petróleo, em especial, vem pesando cada vez mais na balança comercial brasileira, neutralizando todo aumento de receita derivado das exportações de petróleo bruto.
Em janeiro, as importações de derivados de petróleo subiram 22% em relação ao mesmo mês de 2019, totalizando US$ 52,6 milhões por dia, em média.
Os dados definitivos serão divulgados em alguns dias.
Em janeiro, as importações de derivados de petróleo responderam por 8,14% do total das despesas com importação no período, um número apenas menor do registrado em 2013, quando as cotações internacionais do petróleo haviam ultrapassado a barreira do US$ 100 por barril.
A maior parte desses óleos combustíveis (82%) tem vindo dos Estados Unidos.
Outro item que vem pesando muito na balança comercial brasileira são os fertilizantes, que responderam por 3,27% das importações em janeiro, e vem impondo gastos de mais de US$ 9 bilhões ao ano – e crescendo.
Entretanto, o que realmente chama a atenção é o declínio da participação dos produtos industrializados nas exportações brasileiras.
Considerando a categoria “Indústria de Transformação”, que é bastante abrangente, e inclui todo o tipo de produto com algum tipo de benefício industrial, como carnes (frescas ou congeladas), pasta de madeira, açúcar, bagaço de soja, esses produtos respondiam por quase 90% das exportações até o início dos anos 2000. Desde então a sua participação vem caindo rapidamente, e atingiu, em janeiro de 2020, o seu mais baixo índice, 63%.
Ao examinar as exportações dos produtos classificados como da “indústria de transformação”, constata-se que aqueles com maior valor agregado é que estão sofrendo as mais duras quedas.
O aumento das importações brasileiras de petróleo tem correlação direta com a deterioração da nossa balança de pagamentos, como mostra o gráfico.