É lamentável que a ANP não dê atenção, em seus informes, a produção nacional de derivados. Afinal, petróleo bruto não tem utilidade nenhuma se não for devidamente refinado e transformado em diesel, gasolina, gás de cozinha, plásticos, nafta, fertilizante, etc.
O painel dinâmico da ANP não tem nenhum dado sobre a industrialização do petróleo no Brasil.
Aliás, o painel dinâmico da ANP é muito pouco amigável. Nem parece que o petróleo é o principal produto da balança comercial brasileira. É o produto que mais importamos, e o produto que mais exportamos.
A indústria de óleo diesel é a maior do país em termos de faturamento.
A ANP deveria, para fazer jus à sua própria existência, promover estudos e incentivos que ajudassem o Brasil a ampliar a sua produção de derivados.
Mas é compreensível que a ANP não preste atenção a este “detalhe”: é porque não há nada a comemorar aí.
A produção brasileira de derivados, segundo dados da própria ANP, baixou para o menor nível em mais de 13 anos.
O Brasil produziu, em 2019, um total de 632 milhões de barris equivalentes.
Ops, desculpe, não foi o menor em 13 anos. Foi a segunda menor. a menor foi no ano passado, quando o Brasil produziu 631 milhões de barris equivalentes…
Esse declínio na produção nacional de derivados vai na contramão da produção de petróleo, conforme dados da mesma ANP, que bateu recorde em 2019, ultrapassando a marca de 1 bilhão de barris.
Ao mesmo tempo, porém, também elevamos os gastos com importação de derivados, que foram os maiores dos últimos 5 anos, atingindo 14,8 bilhões de dólares.
No período de 2010 a 2014, chegamos a gastar mais com a importação de derivados, mas é porque os preços do petróleo estavam muito mais altos. Em quantidade, nunca importamos tanto óleo diesel e gasolina.
Na ANP
Produção de petróleo sobe 7,78% no Brasil em 2019 e ultrapassa pela primeira vez a marca de 1 bilhão de barris no ano
Publicado: Quarta, 22 de Janeiro de 2020, 19h14
A produção total de petróleo no Brasil em 2019 foi de 1,018 bilhão de barris, um aumento de 7,78% em relação ao volume produzido em 2018, quando foram produzidos 944,117 milhões de barris. Já a produção total de gás natural em 2019 foi de 44,724 bilhões de metros cúbicos, um aumento de 9,46% em relação aos 40,857 bilhões de metros cúbicos registrados em 2018.
No consolidado do ano, o Pré-sal produziu 633,980 milhões de barris de petróleo e 25,906 bilhões de metros cúbicos de gás natural, o que corresponde a acréscimos de, respectivamente, 21,56% e 23,27% em relação à produção de 2018, quando foram produzidos 521,543 milhões de barris de petróleo e 21,016 bilhões de metros cúbicos de gás natural.
No mês de dezembro de 2019 a produção de petróleo foi de 3,106 milhões de barris por dia (MMbbl/d), superando em 0,52% o recorde registrado no mês anterior e em 15,44% a produção de dezembro de 2018. A produção de gás natural também superou o recorde do mês anterior, registrando um aumento de 0,87% e alcançando a média 137,8 milhões de metros cúbicos por dia (MMm3/d). Em relação a dezembro de 2018 a variação foi de 21,19%.
A produção no Pré-sal em dezembro correspondeu a 66,82% da produção nacional, totalizando 2,655 milhões de barris de óleo equivalente por dia (MMboe/d), sendo 2,118 MMbbl/d de petróleo e 85,4 MMm3/d de gás natural. Em relação ao mês anterior, a produção total aumentou 2,58% e 40,62% em relação a dezembro de 2018. Novamente o campo de Lula, na Bacia de Santos, foi o maior produtor de petróleo e gás natural, registrando 1,074 MMbbl/d de petróleo e 45 MMm3/d de gás natural.
Os dados estão disponíveis no Painel Dinâmico da Produção de Petróleo e Gás Natural.