A edição de hoje do Boletim Focus, publicação semanal do Banco Central com base em entrevistas feitas com agentes privados, traz alguns números modestamente positivos, como a atualização de 2,30% para 2,31% para o crescimento do PIB do ano. A variação de 0,01% é obviamente insignificante, mas apenas o fato de ter variado para cima e não para baixo, isso é o que importa.
A produção industrial, segundo o Focus, deve crescer 2,19%, mas é muito difícil levar a sério este número, visto que, no ano passado, o mesmo Focus também começou o ano estimando um crescimento parecido, e foi reajustando, semana a semana, para baixo. Além do mais, não é uma previsão corroborada por nenhum número real.
A previsão para a dívida líquida do setor público já é um número mais crível, e é positivo que tenha baixado para 57,6%, contra 57,9% na semana anterior.
Entretanto, há um número que traz um pouco de preocupação, e mostra o Brasil, mais uma vez, preso à armadilha da balança de pagamentos: sempre que há qualquer movimentação positiva da economia brasileira, há uma tendência imediata de piora na balança de pagamentos, o que acaba, no médio e longo prazo, obstruindo o desenvolvimento brasileiro.
O Focus reajustou para baixo, em alguns casos reajustes bem significativos, o déficit da nossa conta corrente para os próximos 4 anos, incluindo o ano corrente.
No acumulado de 2020 a 2023, deveremos ter um déficit em conta corrente acumulado de US$ 250 bilhões.
Há 30 dias, a previsão, para o mesmo período, era de um déficit 30 bilhões de dólares menor.