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Esquerda em vertigem: a quem serve a crítica às alianças?

Por Tiago Soares Nogara * O documentário Democracia em Vertigem – recentemente indicado ao Oscar de melhor documentário do ano – merece uma série de elogios, afinal elabora eficiente reconstituição cinematográfica dos fatos que cercaram os eventos políticos brasileiros dos últimos anos. Ainda assim, vale a realização de breve reflexão acerca do componente político da […]

54 comentários
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Ricardo Stuckert

Por Tiago Soares Nogara *

O documentário Democracia em Vertigem – recentemente indicado ao Oscar de melhor documentário do ano – merece uma série de elogios, afinal elabora eficiente reconstituição cinematográfica dos fatos que cercaram os eventos políticos brasileiros dos últimos anos. Ainda assim, vale a realização de breve reflexão acerca do componente político da avaliação exposta pelo documentário, tanto acerca do conjunto da história política nacional quanto dos supostos erros cometidos pelo PT ao longo de seus mandatos.

Por um lado, a narrativa exibe um tom derrotista acerca dos séculos de construção nacional, pintando uma imagem centrada na desigualdade social, na cooptação do poder por oligarquias e no sufocamento das alternativas populares que vez ou outra ousaram alterar esta ordem. Por outro, ainda que glorificando a figura de Lula desde as greves do ABC, indica a vitória eleitoral de 2002 enquanto resultado das alianças amplas e heterogêneas que o PT concertou com diversos setores da dita oligarquia, e as respectivas concessões de seu programa popular em prol dessas elites.

E é a partir destes elementos que o documentário diagnostica as razões da posterior queda petista: (1) a existência de um sistema político oligárquico que visa esmagar alternativas populares; (2) erros de avaliação do PT, ao preferir as alianças institucionais, com as elites conservadoras, em detrimento da luta de massas. Essa narrativa não é nova: ao longo de todo o governo de Lula e de Dilma, setores minoritários da esquerda pró-governo centraram suas elaborações nessa críticas às demasiadas concessões operadas pelo lulismo, bem como no suposto abandono da luta de massas, que teria centralidade, em suas avaliações, para pressionar o parlamento em prol de reformas estruturais.

No entanto, esse diagnóstico esbarra nas próprias entrelinhas dos acontecimentos dispostos ao longo das mais de duas horas de documentário. Ainda que se aluda à uma frente única das elites conservadoras contra o governo PT, em diversos momentos se demonstram propostas de rompimento da aliança que partiram do próprio governo: a carta branca à Lava Jato, a demissão de elementos indicados por partidos da base aliada para as empresas estatais, a oposição à Eduardo Cunha na Câmara e a posterior entrega de sua cabeça numa bandeja, via CCJ – rompendo pacto que culminaria no arquivamento do processo de impeachment. Todos ensaios voluntaristas que minaram a estabilidade parlamentar construída nos mandatos anteriores, pavimentando o caminho para a futura abertura do processo contra a presidente

Em 2004, às vésperas da ascensão das denúncias vinculadas ao Mensalão, o então deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) concertou uma ampla frente de partidos em apoio à sua candidatura, vitoriosa, para a presidência da Câmara dos Deputados. Sua capacidade política e de diálogo com setores da base aliada e da oposição foi suficiente, à época, para que denúncias tão infundadas quanto às que hoje levam Lula à prisão e às que levaram Dilma ao impeachment não evoluíssem das páginas da Veja para a deposição do presidente. Longe de constituir um resultado das alianças heterogêneas, a queda de Dilma foi resultado da implosão destas.

Cabe lembrar: no auge das manifestações de 2013, Dilma foi às televisões prometendo uma Constituinte, atendendo aos apelos e à estratégia de movimentos sociais como o MST, inspirados pelo bolivarianismo chavista. Não por acaso, Gilmar Mendes declarou, em seguida, que o Brasil “dormiu Alemanha e acordou Venezuela”. Mais uma vez, não faltou voluntarismo à presidente, que confundiu dublês das revoluções coloridas com o brado de um avanço ao poder popular. A oposição se atiçou, o povo não comprou, e a panela de pressão de 2013 resultou no caldo de onde saíram movimentos que estariam na base das futuras manifestações pró-impeachment, e também no apoio à candidatura do atual presidente, Jair Bolsonaro.

A Lava Jato engoliu não apenas o PT, mas lideranças de grande parte dos partidos tradicionais brasileiros, também servindo como um prato cheio à deslegitimação da política enquanto meio de transformação social, lapidando a ascensão do candidato antissistema de 2018, que hoje tem Moro ao seu lado no governo. Da mesma forma, dinamitou o patrimônio de empresas nacionais, estatais e privadas, atingindo em cheio a geração de empregos, importantes obras de infraestrutura e nossa relevante projeção nos mercados internacionais.

Dentre as empresas dinamitadas, muitas se encontram nos braços da dita oligarquia que comanda o país. Por que foram afetadas? A resposta do documentário é simples: preço a ser pago para derrubar o PT. Desde a Revolução de 1930, o Brasil foi um dos países que mais cresceu economicamente no mundo, enfrentando uma profunda crise e desindustrialização desde a década de 1980. Longe de tangenciar essa questão, o documentário prefere reafirmar a narrativa que vê o Brasil como epicentro da desigualdade social, do racismo, das oligarquias. Nem mesmo a proclamação da República é poupada: desprezada enquanto “golpe militar”. Nessa visão, o PT e os programas sociais seriam um escape para o fim destes séculos de opressão e humilhação, mas as concessões às elites e o distanciamento da luta de massas teriam ceifado os sonhos precocemente

Também presente no documentário, o próprio diálogo de Dilma com Zé Cardoso – o mesmo que rodou o mundo palestrando junto à Sérgio Moro nos últimos anos – demonstra a visão nutrida pelo governo acerca do Congresso: de desprezo e surpresa com o conservadorismo e suposta ignorância dos parlamentares eleitos pelo povo. Talvez esperassem que estivessem no parlamento sueco, ou norueguês: o certo é que passaram longe de obter os votos necessários para frear um processo que leva à implosão não apenas de parte da agenda social dos governos do PT, mas do secular patrimônio político e econômico de uma das mais relevantes nações do grande xadrez geopolítico internacional

O documentário é elogiável e de certa forma cirúrgico, tanto ao estabelecer uma cronologia concisa e coerente dos acontecimentos políticos quanto ao apresentar uma crítica viva e atual a este processo. Essa crítica é hoje materializada nas movimentações de distintos segmentos da esquerda brasileira, em especial no discurso das lideranças do campo petista, e mais representa uma transposição de uma orientação política para as telas do que o contrário. Logicamente, o PT e sua direção tem plena consciência de que a queda resultou mais do excesso de voluntarismo do que de pragmatismo – e a atual condição de Dilma e seus mais próximos seguidores na construção partidária reflete isso. A reafirmação do discurso da traição das elites e do retorno às bases é uma tática para manter a militância ativa e as várias correntes do partido unificadas, e tem toda coerência com a estratégia de manutenção da assertividade petista no panorama nacional, rechaçando demais vertentes de esquerda que venham a disputar a hegemonia de seu campo.

Enquanto isso, o grosso da população que elegeu Bolsonaro passa a dividir sua preferência entre o bolsonarismo e sua dissidências, sem estabelecer gestos de futuro apoio ao lulismo ou demais setores à sua esquerda. Instituições históricas e consolidadas do Estado nacional, vide Forças Armadas e Itamaraty, se assustam com as grotescas inflexões de nossa política externa. O Centrão se articula e procura uma via por fora do atual presidente. Parte dos setores produtivos se ressente das gestões econômicas, e teme a perda de mercados no estrangeiro.

Foram as alianças com partidos de centro e direita que permitiram a determinado setor das esquerdas, ainda que minoritário no conjunto da sociedade, comandar um amplo governo de coalizão por mais de uma década. A queda resultou da implosão destas, com a chancela do próprio governo. A quem serve, nesse momento, insuflar a naufragada tese de que a derrota das esquerdas foi fruto das concertações amplas e heterogêneas que estabelecia? Por um lado, aos que anseiam por precipitar um segundo turno entre o bolsonarismo e o multiculturalismo da Rede Globo. Por outro, aos que preferem se autoproclamar resistência, frente a lidar com as agruras e contradições do poder. De todas formas, não restam dúvidas: serve à reação.

* Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI), da Universidade de Brasília (UnB).

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Comentários

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Psolista Esquerda Caviar

16/01/2020 - 13h17

Vejo uma foto de um presidente com os governadores eleitos.
O mais engraçado é ver bolsominions , que votaram no Aécio e nunca reclamaram da foto de Bolsonaro com o assassino da Mariele , falando besteiras.
Mas nada se compara a hipocrisia dos ciristas.
Ciro pode se aliar ao DEM né? Hahaha
Sobre a corrupção generalizada no desgoverno miliciano nada , nothing , niente.
Cafezinho cada dia pior.
O texto não é ruim mas o Miguel tinha que por essa foto para estimular o ódio ao PT.
Quantas fotos Ciro tem com Lula?Com FHC? Com seu novo colega o Botafogo?
Bolsonaro tem fotos com Flávio Dino e Evo Morales.
Até Chaves tirou fotos com Bush.
Stalin com Roosvelt.
Aposto que deve ter uma foto do Miguel com o Lula em algum lugar.

Batista

16/01/2020 - 12h23

Da série, “Campanha Política 2022 – Se Colar, Colou”:

A foto que ilustra o post é do inicio do segundo mandato do Presidente Lula, 2007 a 2010, com os governadores eleitos em 2006, com Yeda Crusius (PSDB-RS), ao lado do vice-presidente, José Alencar, uma das três governadoras eleita, junto com Ana Julia (PT-PA) e Vilma Faria (PSB-RN).

PS: Divertido que os ‘Cretinos Fundamentais’ enxergam Cabral, mas não enxergam Aécio na foto.
Freud explica.

    Alan C.

    16/01/2020 - 12h50

    Esse tal de Aécio (tranqueira quanto os outros) fez parte de algum governo por acaso…?

    Quer comparar com o pedigree do nosso parça Serginho…?

    Inesquecível com o Lula no palco fazendo campanha (elegendo) ele… está no documentário isso ?

    Psolista Esquerda Caviar

    16/01/2020 - 13h26

    Desses “cretinos” é de se esperar.
    Triste é o Miguel usar esse recurso ridículo digno do esgoto bolsonarista ou de Youtuber de exrema-direita.

putin

16/01/2020 - 11h45

todos que governam TEM que fazer concertaçoes amplas. contentar quantas mais classes sociais possevel. o PT fez isto muito bem (e quem acha que se pode governar bem sem concertaçao é um idiota ou um ipocrita), por isto considero o PT um partido de centro e por isto gosto do PT.
mas… o PT cometeu 2 pecados “imperdoaveis”:
– a fatia do produto nacional que vai para a classe trabalhadora aumentou de 31 á 38% (aquela dos empregadores encolheu em termos relativos, tambem se aumentou em termos absolutos)
– geopoliticamente o brasil se aproximou ás potencias emergentes (russia e china).
estas 2 coisas a internacional fascista imperial nao podia admitir.

baixar REALMENTE (nao só em futeis palavras) a desegualdade e promover REALMENTE a independencia nacional do imperio americano: estes os 2 pecados que custaram o golpe e tudo o que aconteceu depois.

    Wellington

    16/01/2020 - 12h51

    Exato, o PT fez muito bem…esse foi o problema do Brasil ter falecido.

      Wellington

      16/01/2020 - 12h52

      …o motivo do Brasil ter falecido.

        Wellington

        16/01/2020 - 13h28

        desculpem, fui alfabetizado tarde.

    Evandro Garcia

    16/01/2020 - 12h57

    O único centro que o PT conhece é o de reclusão…Kkkkkkkkk

Francisco

16/01/2020 - 08h40

Tá serto!
Expulsar a esquerda do partido (que mais tarde fundariam o PSOL) e colocar gente como Delcídio do Amaral em seus quadros faz parte das “alianças”, isso como exemplo.
O PT foi o coveiro de sua própria sepultura…

Clever Mendes de Oliveira

16/01/2020 - 01h47

Tiago Soares Nogara *,
Excelente texto. Não vi o filme então ficou uma dúvida se você criticou o filme por fazer parte dos que tentam “insuflar a naufragada tese de que a derrota das esquerdas foi fruto das concertações amplas e heterogêneas que estabelecia?”
Eu vejo redutos pequenos na esquerda expressando esta ideia que você corretamente critica. E avalio que são redutos pequenos e não são expressivos ou capazes de conquistar uma tendência majoritária dentro da esquerda. E gostaria mais do texto se tivesse nominado alguns integrantes desse que eu considero diminuto grupo.
De dois pontos principais que me fizeram elogiar o texto, um foi a crítica à defesa que a ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff fez da Constituinte. É difícil a esquerda perceber que talvez nem a daqui cem anos o Brasil terá uma constituição tão moderna como a de 1988. E certamente se houver uma constituinte vamos retroceder uns 50 anos.
O segundo ponto foi a frase em oposição à ideia de que “a derrota das esquerdas foi fruto das concertações amplas e heterogêneas”. Transcrevo o que você diz:
“Foram as alianças com partidos de centro e direita que permitiram a determinado setor das esquerdas, ainda que minoritário no conjunto da sociedade, comandar um amplo governo de coalizão por mais de uma década.”
Perfeita sua observação. A esquerda de modo geral custa a entender isso. Nesse sentido eu deixo o link para o post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” de segunda-feira, 18/04/2016 às 12:04 aqui no blog de Luis Nassif e de autoria Luiz de Queiroz e oriundo de sugestão de Jair Fonseca. O endereço do post “Para Deleuze, esquerda ou direita é uma questão de percepção” é:
https://jornalggn.com.br/sociedade/para-deleuze-esquerda-ou-direita-e-uma-questao-de-percepcao/
Jair Fonseca havia inserido um link para o vídeo de Gilles Deleuze, que entretanto, não funciona. E depois eu deixei outro link mas que não traz na íntegra a entrevista de Gilles Deleuze.
Fiz mais recentemente um terceiro comentário que traz um link para o post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx” de quinta-feira, 21/12/2017, publicado aqui no blog de Luis Nassif e que pode ser visto no seguinte endereço:
https://jornalggn.com.br/movimentos-sociais/os-brasis-dentro-do-labirinto/
O meu terceiro e bem mais recente comentário tinha por finalidade fazer referência a um demorada discussão que eu tive com Arkx no post “Os Brasis: dentro do labirinto, por Arkx” e além disso indicar um link com a transcrição da entrevista do Gilles Deleuze.
Abraços,
Clever Mendes de Oliveira
BH, 15/01/2020

    Clever Mendes de Oliveira

    16/01/2020 - 12h39

    Tiago Soares Nogara,
    Estava um tanto tarde quando eu fiz o comentário e, já com sono, eu não fui capaz de perceber o seu posicionamento em relação ao filme e fiquei em dúvida se você criticou o filme por fazer parte dos que tentam “insuflar a naufragada tese de que a derrota das esquerdas foi fruto das concertações amplas e heterogêneas que estabelecia”.
    Agora relendo o texto vejo que não havia razão para dúvida. Transcrevo a parte em que você deixa bem claro que o filme defende esta ideia de que a derrota da esquerda é fruto da política de conciliação do PT com a elite. Diz você:
    “o documentário diagnostica as razões da posterior queda petista: . . . . erros de avaliação do PT, ao preferir as alianças institucionais, com as elites conservadoras, em detrimento da luta de massas.”
    E de certo modo o comentário de Carlos Marighella enviado quarta-feira, 15/01/2020, confirma esta visão da diretora do documentário a respeito da forma que o PT deveria proceder politicamente. É o que se pode ver da inserção a partir de 13′ e 15″ da fala de Petra Costa em que ela diz o seguinte:
    “Eu votei no Lula com a esperança que ele reformasse eticamente o sistema político, mas lá tava ele, repetindo práticas que ele sempre criticou e formando alianças com a velha oligarquia brasileira”
    Em meu entendimento, quando digo que os que defendem esta ideia dentro da esquerda é pequeno eu me prendo mais ao âmbito da representação. O eleitor de esquerda, entretanto, que não tem destaque na mídia, pensa desse jeito. E a extrema direita que é muito grande e certos setores da classe média também pensam assim.
    De certo modo, Lula tem muito voto na direita pelo que ele disse lá atrás que há uns 300 picaretas na política. E esse é também um pensamento majoritário na esquerda que não aceita a atividade política tal qual ela é e fica, à maneira de Platão, idealizando-a.
    A grande surpresa para mim sobre essa falta de compreensão da realidade política, foram dois textos recentes de José Carlos de Assis, que incorporam dois elementos ruins na análise política: um é que o povo não sabe votar e outro que é a necessidade de um governo militar para organizar o país.
    O primeiro destes dois textos de José Carlos de Assis é o post “Mobilização por novo pacto constitucional” de sexta-feira, 06/12/2019 às 15:53 h, e que pode ser visto no seguinte endereço:
    https://www.brasil247.com/blog/mobilizacao-por-novo-pacto-constitucional
    No texto José Carlos de Assis defende a mesma ideia da Constituinte expressa pela ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff como reação às manifestações de junho de 2013. De alguma forma, a nação, que usufrui de todo aparato estatal para a educação e ainda tem analfabetos, seria conscientizada dos valores civilizatórios de liberdade, fraternidade, igualdade e solidariedade e nos daria uma nova e mais moderna constituição.
    E o segundo texto é “Poder moderador em mãos dos generais da república” de segunda-feira, 13/01/2020 às 11:35 h, e que pode ser visto no seguinte endereço:
    https://www.brasil247.com/blog/poder-moderador-em-maos-dos-generais-da-republica
    Para José Carlos de Assis, a saída para o atual estado de coisas seria a “intervenção militar qualificada” que ele a apresenta nos seguintes termos:
    “O poder é conferido a um homem íntegro, não ambicioso, por seis meses, com uma pauta definida de ação para enfrentar o período de caos. Ao fim desse período ele devolve o poder ao Congresso, preferivelmente sob uma nova Constituição”.
    É de se perguntar se esse homem íntegro poderia ser o Eduardo Bolsonaro pela primazia de defesa de um novo AI-5. O José Carlos de Assis não é qualquer um. Jornalista de destaque há muito tempo, lembro ter comprado nos anos 80 o livro dele “A Chave do tesouro: anatomia dos escândalos financeiros : brasil 1974-1983”. Depois ele se voltou para a área econômica setor em que ele já é doutor e é professor de renome.
    Avalio que há muitos intelectuais na esquerda com este pensamento de José Carlos de Assis. Aliás, aqui cabe relembra aquilo que a Hannah Arendt considerou o grande cisma na filosofia: o afastamento da filosofia da política quando Platão avalia que a filosofia de Sócrates fora derrotada pelo populismo democrático.
    Para não me indignar com a situação atual, eu tenho feito o jogo do contente e alegado que o PT fez tudo para de um lado amarrar a esquerda ao partido e de outro permitir que um outsider (falso é verdade, mas com a sombra do exército por detrás) ganhasse a eleição de 2018.
    Nesse jogo do contente, eu alego que a intenção do PT era que com a sombra militar a impedir que o eleito fizesse besteira se pudesse realizar o contrário daquilo que Lula, por sua própria natureza conciliadora, fez. Intenção que o PT quis por em prática quando apoiou a técnica, a ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff, na expectativa que ela tivesse força como ex-guerrilheira a se impor sobre o Congresso Nacional.
    E aqui, nesta questão da hegemonia do PT no campo da esquerda transcrevo outro trecho do seu artigo que pensei também em elogiar, mas que em razão de uma primeira leitura rápida e já cansado não fizera. Diz você:
    “Logicamente, o PT e sua direção tem plena consciência de que a queda resultou mais do excesso de voluntarismo do que de pragmatismo – e a atual condição de Dilma e seus mais próximos seguidores na construção partidária reflete isso. A reafirmação do discurso da traição das elites e do retorno às bases é uma tática para manter a militância ativa e as várias correntes do partido unificadas, e tem toda coerência com a estratégia de manutenção da assertividade petista no panorama nacional, rechaçando demais vertentes de esquerda que venham a disputar a hegemonia de seu campo.”
    Eu considero que este comportamento do PT de não abrir mão de ser o partido hegemônico na esquerda é estrategicamente correto, e tanto é, que o PT tem conseguido manter a hegemonia.
    Agora como defensor da democracia tal qual ela é, sem o idealismo de Platão e sabendo que a democracia que consiste em um processo contínuo de composição de interesses conflitantes só é plenamente realizada se ela for fisiológica, eu discordo de se tentar limpar a política como parece ser a intenção do PT utilizando as mãos dos militares, como pareceu dizer o José Carlos de Assis.
    É verdade que a democracia no mundo todo é bastante disfuncional pela maior oportunidade que se dá aos poderosos e famosos para se elegerem. É uma vantagem numérica que se dá à direita já em maioria na sociedade. A direita é maioria porque uma sociedade criada com base no conservadorismo religioso e no espírito individualista do sistema econômico capitalista torna a direita muito maior do que a esquerda.
    E essa disfuncionalidade da democracia com o superdimensionamento da direita na representação é aumentada à medida que a sociedade for muito desigual. Então, dada a desigualdade brasileira, o grau de disfuncionalidade da nossa democracia é bastante acrescida.
    O combate a disfuncionalidade da democracia precisa, entretanto, ser feito ao longo do tempo, sabendo que o fim pleno dessa desigualdade só será usufruído por gerações futuras. É claro que este é um ponto de vista de quem já se beneficia de certas regalias.
    Abraços,
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 16/01/2020

Justiceiro

15/01/2020 - 21h41

Estou vendo o Sérgio Cabral na foto?

É até sacanagem, Cabral contia preso enquanto o chefe da quadrilha já foi solto.

    Alan C

    15/01/2020 - 22h12

    Serginho é nosso parça…Cabral Livre !!

      Alan C

      15/01/2020 - 23h29

      Demorou a entender que não tinha ponto heim… quase uma semana rs

Paulo

15/01/2020 - 19h43

Democracia em vertigem nada mais é que a narrativa petista (e da esquerda) exposta em circuito cinematográfico. E, por sua vez, a indicação ao Oscar somente se deve, muito provavelmente, ao liberalismo da academia hollywoodiana (liberalismo no sentido estadunidense, de liberalidade de costumes e pauta cultural de esquerda). Quanto ao Golpe parlamentar de 2016, deveu-se quase que exclusivamente à reação do Centrão à Lava-Jato, já que julgavam que Dilma e o PT não interferiam, como supostamente deveriam fazê-lo, nas investigações da PF.

Ivan

15/01/2020 - 19h36

Vcs já pararam pra analisar essa foto? é surreal, Lula está rodeado pelo que tivemos de pior na política nas últimas décadas.

Definitivamente, quem anda com porco, farelo come.

    simon

    15/01/2020 - 20h00

    Tava escrevendo a mesma coisa quando vì sua mensagem…rapaz mas tem tranqueiras nessa foto, principalmente o suino maximo ai no meio.

    E es militontos acham que os gringos sabem quem è essa porcada e as imundices que produzem….Kkkkkkkkkk

      Evandro Garcia

      15/01/2020 - 20h06

      Os brasieliros fizeram a proeza de deixar esses animais no poder por 20 anos….se contar para alguem nao acredita.

        Wellington

        15/01/2020 - 23h33

        Lula foi vítima do sistema.

          Evandro Garcia

          16/01/2020 - 06h03

          “Çei…”

    Alexandre Neres

    15/01/2020 - 23h19

    Fico pasmo com a quantidade de analfabeto funcional que não consegue fazer a leitura de uma foto. Veem a foto com a visão que a Globo inculcou ao longo de anos. Óbvio que a foto foi escolhida a dedo e é insidiosa. A foto simplesmente simboliza um período no qual o presidente da república era respeitado e mesmo as oposições queriam posar e ficar bem na foto por reconhecer nele a soberania popular. É o sistema político brasileiro na veia, seus líderes e suas vicissitudes, como a banda tocava até que um bando de doidivanas esgarçou o que tinha e alçou aos píncaros asnos despreparados sem a menor condição de ocupar qualquer cargo de expressão.

    Paulo Cesar Cabelo

    16/01/2020 - 12h50

    Gente boa é o Bolsonaro que tira foto com o assassino da Mariele hahaha

Carlos Marighella

15/01/2020 - 19h14

Acabei de assistir o documentário e cito os pontos que achei mais importantes:

13’15”
“Eu votei no Lula com a esperança que ele reformasse eticamente o sistema político, mas lá tava ele, repetindo práticas que ele sempre criticou e formando alianças com a velha oligarquia brasileira”
(Fala de Petra Costa, autora do documentário).

17’20”
“O senhor inventou essa”
(Dilma para Lula após o resultado da eleição de 2010).

21’10”
Petra Costa para Dilma: “Quando você percebeu que o Lula tava te escolhendo?”.
Dilma: “Eu não queria. Aí é o meu problema com a… (pausa longa)… liberdade” (aqui Dilma deixa a entender que foi obrigada por Lula).
Dilma olha pra baixo, faz sinal negativo com a cabeça e continua: “Mas era público e notório”.
Petra Costa: “E ele insistindo”.
Dilma, em tom de lamentação: “Ele não fala, ele faz política de caso consumado, o Lula é assim”.

46’40”
“Esse governo que vai entrar aí é o governo da elite, da Globo, dos empresários, latifundiários, banqueiros, dos americanos que vão querer a Amazônia, a Petrobrás (…) o brasileiro teve oportunidade mínima, o PT deixava as migalhas pra nós, agora nem migalha vai ter”
(Comentário de um senhor em alguma manifestação me parece na Cinelândia, Rio).

49’40”
“Eu acho que não pode ser usado o instrumento de impeachment como recurso eleitoral e me parece que é este o caminho que estão tentando utilizar. O impeachment sem razão beira o golpismo, o Brasil não é uma republiqueta pra tirar um presidente só porque ele não tá bem popularmente. Se quem votou se arrependeu do voto, vai ter que corrigir na próxima eleição, essa é a lógica da política” (Eduardo Cunha numa entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, dois meses depois Cunha aceita o pedido de impeachment em retaliação ao PT não ter votado a favor dele nas acusações que pairavam contra si).

1h13’20’
“O PT que nasceu contestando toda essa forma vertical burocrática corrompida de fazer política, na medida em que foi crescendo, foi lidando com o poder, perdeu uma coisa que era muito importante pra gente que era o pé fora e o pé dentro, o que é isso? O pé fora é continuar muito ligado às lutas sociais (…) e o pé dentro é uma vez dentro da instituição, procurar muda-la. Fomos crescendo e o pé fora foi sendo esquecido” (Gilberto Carvalho, Secretário Geral da presidência no governo Dilma).

O que eu achei do documentário:

Achei bem mais ou menos, é apenas um bom apanhado geral dos acontecimentos.
Achei ruim a ideia da participação da mãe da autora, totalmente desnecessário pois ela é uma ilustre desconhecida.
Ficou evidente, pelo menos pra mim, que a Petra Costa é do campo progressista, contra o golpe, mas que tem várias críticas à gestão petista na presidência, seja com Lula, seja com a Dilma, a primeira fala dela no documentário já é uma forte crítica.
Esse documentário não tem a menor chance de ganhar o Oscar, essa é a minha opinião.

dcruz

15/01/2020 - 15h15

Aquele papel que deputados petistas desempenharam extemporaneamente para derrubar o Eduardo Cunha, sabendo de antemão que o ato fatalmente levaria ao impeachment de Dilma (que acabou acontecendo) foi tão primário que leva a crer que havia um plano em certos setores do partido para alijar Dilma. Positivamente, não era hora de ser tão coerentes assim, cheira a cabo Anselmo.

Ozeas

15/01/2020 - 15h04

TL;DR

Andressa

15/01/2020 - 14h27

Temos algo sobre o mensalão e o peteólão nesse documentário…?

Fora do ambiente dos “defensores da democracia” cubananl quais seriam as atos antidemocráticos praticados por curiosidade…?

Ou é só mais uma encenação de propaganda esquerdista…?

Paulo Cesar Cabelo

15/01/2020 - 12h35

Bom texto , só não entendi a parte que diz que a esquerda era minoriária na sociedade.
Lula venceu duas vezes com mais de 60% dos votos.
Ele confunde sociedade com o congresso , a esquerda nunca passou de um terço do congresso , mesmo quando era majoritária na sociedade , por causa do sistema eleitoral injusto.
Fosse voto em lista em 2002 o PT teria elegido metade da câmara , Lula teve 48,5 no primeiro turno.
Aliás estou explicando o óbvio , no presidencialismo com segundo turno forças minoritárias não ganham a eleição , hora bolas , o PT venceu quatro seguidas.

    Andressa

    16/01/2020 - 09h36

    No Brasil tem pouquissimos esquerdistas mesmo assim venceu 4 vezes seguidas…tà na hora de vocè se fazer algumas perguntas eu acho.

      Paulo Cesar Cabelo

      16/01/2020 - 12h57

      Vai se tratar Wellington , um sujeito que responde seus próprios comentários com nome de mulher deve ter sérios problemas.
      Não falo com capacho de miliciano.

    Evandro Garcia

    16/01/2020 - 13h26

    Claro que não, quem votava no PT era pela propaganda idiota na exploração da miséria (governar para os pobres e idiotices afins), do bolsa família, minha casa minha vida, dos cartões de crédito, de proclamar o fim da pobreza, etc…ou acha que os brasileiros sabem o que é esquerda e o que é direita…?

    Para os doutrinados tinha um papinho sob medida também, assim para gays ou negros (que morreram em doses industriais)…um monte de gente foi enganada por anos com papo bem raso, de terceiro mundo…sem calcular o gadismo crônico dos brasileiros, tá aí o resultado.

    simon

    16/01/2020 - 13h39

    …essas “democracias” onde o mesmo partido (facção) fica no poder por quase 20 anos…onde já se viu isso…?

    Vai ser brasileiro pra lá…mataram o Brasil com o voto ideológico e ainda se acham os defensores da democracia e jogam a culpa nos Estados Unidos, são uma piada.

      Alexandre Neres

      16/01/2020 - 18h33

      “…essas “democracias” onde o mesmo partido (facção) fica no poder por quase 20 anos…onde já se viu isso…?”

      No estado de São Paulo, onde infelizes e caras de pau, sem a mínima coerência com o que pregam no âmbito nacional, elegem tucanos há mais de 20 anos. Isso é democracia, não é quando um bando de despeitados e de antidemocrática não aceita o veredicto das urnas.

putin

15/01/2020 - 12h06

nem esta materia nem o filme enfrentam a questao crucial GEOPOLITICA (netflix = eua)

    Evandro Garcia

    15/01/2020 - 19h30

    Nem da democracia do petrolào a moda petisita…Kkkkkk

Alan C

15/01/2020 - 11h39

Meus Deus! A choradeira da bozolândia tá inundando a internet!! hahahahaha

Chola não, dá tempo que indicar os animais ao troféu framboesa de ouro para os piores do ano kkk

    Justiceiro

    15/01/2020 - 16h53

    Qual choradeira? Já ganharam?

    Vão fazer igual a tal indicação para o Nobel da Paz de Lula. Festejaram, prometeram uma grande festa e no final, de 301 candidatos, Lula ficou em 299º

      Batista

      15/01/2020 - 18h27

      Qual a parte que tu perdeu para não entender ainda que “Democracia em Vertigem” já está consagrado e vencedor, independente de ganhar ou não o Oscar entre os cinco finalistas?

      Petra e equipe ganharam e se consagraram quando selecionados entre os 15 concorrentes a indicação ao Oscar.

      Ao serem indicados entre os 5 que concorrem ao mesmo, aumentaram o tamanho da vitória e da consagração.

      Caso ganhem-no (os cinco concorrentes são excelentes e qualquer um pode ganha-lo) apenas tornarão ainda maior o tamanho da vitória e da consagração por estarem concorrendo ao Oscar.

        Batista

        15/01/2020 - 19h20

        Já ia esquecendo, se ganhar, tu pode sair à frente e distribuir fake-news ‘informando’ que o filme, ‘Democracia em Vertigem’, só ganhou o Oscar, graças ao estagiário aparecer em algumas cenas, em especial na que faz elogios a torturador e ser amigão do Trump. Talquei?

      Alan C

      15/01/2020 - 19h32

      O resultado tá longe de sair, então obviamente não tem nada a ver com resultado, mas que a choradeira infinita tá engraçada, tá!! rs

    Renato

    15/01/2020 - 21h00

    Choradeira ? kkkkkkkkkkkkkkk . Dilma foi chutada pelos brasileiros, pelo Congresso e pelos mineiros. Melhor o filme ganhar o Oscar do que ter Dilma na presidência ou no Senado. Se há choradeira é dos petistas com o mimimi de sempre : foi górpi, foi górpi, foi górpi ! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Andressa

      16/01/2020 - 09h38

      Para quem nao aceitou a democracia ainda hoje foi GOPI o resto è papo e propaganda para militontos.

        Wellington

        16/01/2020 - 12h26

        “Çei…”

Abdel Romenia

15/01/2020 - 11h25

Mensalao em vertigem.

    Justiceiro

    15/01/2020 - 12h15

    Qual deles? Teve o do DEM, o tucano, o do PT e tem o atual, embora a mídia não comente.

      Abdel Romenia

      15/01/2020 - 12h21

      Qual vocè quiser.

      Se vocè sabe que està tendo mais um faça as devidas denuncias em vèz de conversar fiado num blog.

        Justiceiro

        15/01/2020 - 12h25

        Ficou bravinho com verdades né camundongo rsrsrs

          Abdel Romenia

          15/01/2020 - 19h31

          Eu nao, è porque sei que nao foi a esquerda verdaeira mas foi tudo de brincadeirinha….Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      Justiceiro

      15/01/2020 - 16h51

      Cai fora, seu merda. Tá me clonando.

      Típico de petista. Ainda está na memória de todos o kit gay desfilando por ai com a máscara do Lula querendo se passar por este.

      Tenham vergonha na cara

        Justiceiro

        15/01/2020 - 18h14

        Vai tomar na toba, justiceiro é teu nome por acaso animal???

          Andressa

          16/01/2020 - 13h29

          Não deveriam ser moderados os comentários onde um manda caçar rolinhas ou outro…?

        Evandro Garcia

        15/01/2020 - 19h24

        “…o kit gay desfilando por ai com a máscara do Lula querendo se passar por este”.

        Uma palhaçada inesquecivel !! Kkkkkkkkkkkkkkkk

Wellington

15/01/2020 - 11h15

O documentario demostra bem a desgraça que a esquerda sulamericana podre,velha, completamente ultrapassada, bandida, incivil atè beirar o nivel animal pela sede de poder fàz, vai ser uma bela propaganda viu…

    Andressa

    16/01/2020 - 12h28

    Só falta a china voltar a comprar soja da bozolândia.


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