O texto da economista Monica de Bolle toca em alguns pontos importantes do debate econômico em curso no Brasil e no mundo:
- Sempre houve um enorme fosso entre o discurso e a prática dos governos “liberais” do mundo ocidental.
- Na prática, esses governos sempre olharam primeiro para seus próprios interesses econômicos e geopolíticos, e só depois, bem depois, para a importância do liberalismo econômico.
- Os países desenvolvidos apenas aceitam o liberalismo quando suas forças produtivas atingem algum tipo de hegemonia internacional que lhes permite abrir as porteiras.
- A professora lembra que o berço do liberalismo clássico, a Inglaterra, praticou o mais feroz protecionismo justamente no auge de sua filosofia liberal.
- Ela conta também que Estados Unidos e Alemanha usaram políticas de “substituição de importações” (um dos tipos de “política industrial” mais intervencionista, menos liberal) para desenvolverem suas próprias indústrias, e fazer frente à Inglaterra.
- A lição da história, portanto, mostra que os estrategistas econõmicos brasileiros, liberais ou não, não tem o direito de ser ingênuos.
- De nada adianta um país ser “liberal” e não ter indústria, não possuir serviços tecnológicos, não ter desenvolvimento efetivo.
- O liberalismo não pode jamais esquecer suas raízes e suas ramificações filosóficas: seus principais pensadores e teóricos lutaram por liberdade, justiça e democracia, não para criar uma plutocracia distópica e sinistra.