Agora vamos examinar os números relativos à produção econômica brasileira, nos últimos anos e sua projeção para 2020 e anos próximos, segundo a edição de janeiro do Panorama Macroeconômico, do Ministério da Economia.
Os número são otimistas, e naturalmente ainda precisam enfrentar a prova da realidade: o governo estima que o Brasil vai crescer 2,4% este ano, o que seria o melhor índice desde 2014, embora ainda assim uma taxa modesta para uma economia em desenvolvimento. Eu peguei no Banco Central um gráfico com um histórico desde 1962, para compararmos.
O governo estima que a economia se recuperá num crescendo, com desempenhos melhores a cada trimestre.
Como não há nenhum projeto de investimento, o governo contará com a sorte e com um crescimento vegetativo do consumo.
Os gráficos abaixo compilam o desempenho da economia até o terceiro trimestre de 2019, ou até novembro.
No gráfico abaixo, com o PIB trimestral por setor, fica patente a nossa dependência crescente da agropecuária. A indústria caiu expressivamente a partir de 2014, e ainda não se recuperou.
Pelo lado da demanda, o gráfico mostra que a recuperação econômica (que nem é tão recuperação assim, como se vê na imagem, com a linha do PIB caindo nos últimos trimestres) está perigosamente baseada na importação. Investimentos e exportação se mantém estagnados.
Quando se olha o gráfico do PIB industrial, um fator que chama a atenção é o descolamento do PIB da indústria extrativa, que é a linha superior. A indústria de transformação é a linha mais inferior do gráfico, e se mantém estagnada.
No gráfico com os subsetores dos Serviços, o destaque são os serviços de informação, que forma a linha superior. Neste setor, estão youtubers, aplicativos e empresas ligadas ao setor de telefonia.
Os números relativos ao investimento mostram uma situação muito negativa, embora se possa ver uma ligeira recuperação nos últimos trimestres.
O gráfico do balanço dos pagamentos mostra como o Brasil viveu, de 2010 a 2016, uma situação bastante negativa em termos de transações correntes e balança comercial e de serviços. O bom momento de consumo assistiu a uma explosão de importações, gastos no exterior, produzindo um buraco crescente em nossa balança de pagamentos, o que certamente contribuiu para o cenário de fragilidade macroeconômica visto a partir de 2015, quando estoura a bolha de crédito.
As transações correntes voltaram a piorar, porque a produção brasileira, com baixos índices de produtividade, não consegue dar conta do aumento do consumo proporcionado pela recuperação econômica.