A chamada da matéria no site do Datafolha, dizendo que o apoio à democracia recua no Brasil, embute um pessimismo que os números não mostram.
Ao contrário: em outubro do ano passado, no momento da eleição presidencial, o percentual dos brasileiros que concordaram com a afirmação de que a “democracia é a melhor forma de governo” atingiu um recorde histórico, de 69%.
Na pesquisa de agora, feita no início de dezembro de 2019, o número recuou para 62%, o que é um número bem acima da média dos últimos anos. Para efeito de comparação, em 1989, um ano após a promulgação da Constituição de 1988, o apoio ao regime democrática era de apenas 43%, e seguirá oscilando abaixo de 50% (com alguns picos acima disso) até a eleição de Lula, em 2002, a partir do que a média fica mais próxima de 60%, até hoje.
O medo de que Bolsonaro implementasse uma ditadura arrefeceu de 31% em outubro de 2018, para 21% hoje. E o percentual dos que consideram que não há “nenhuma chance” de que haja uma nova ditadura no Brasil subiu de 42% em outubro de 2018 para 49% hoje, número parecido com o do início de 2014.
Acho importante ressaltar, todavia, que um golpe e uma ditadura não costumam respeitar esse tipo de pesquisa. Eu me classificaria entre aqueles que não vê “nenhuma chance” de haver uma nova ditadura no Brasil, mas aqui poderíamos usar o velho dito espanhol: “no creo em brujas, pero que los hay, los hay”.
O gráfico relativo ao “legado da ditadura no Brasil”, por sua vez, mostra uma piora expressiva da imagem do regime militar: hoje temos 59% dos brasileiros que vêem a ditadura como negativa; em outubro de 2018, esse número era 51%, e em 2014, 46%.
A pesquisa identifica ainda que 30% dos brasileiros acham que a ditadura deixou mais realizações positivas do que negativas.
Quando a gente olha para as tabelas estratificadas por região, renda, sexo, religião, escolaridade, voto em 2018, encontramos algumas singularidades.
A primeira singularidade é que o apoio ao regime democrático é mais ou menos uniforme entre eleitores declarados de Bolsonaro (62%) e Fernando Haddad (66%). A diferença de 4 pontos não é muito relevante.
O Datafolha também considerou a “autoclassificação ideológica” dos entrevistados, que traz resultados muito interessantes: tanto esquerda (59%) como direita (55%) apoiam o regime democrático, embora a primeira com um pouco mais de ênfase. Os entrevistados autoclassificados como centroesquerda ou centrodireita são os apoiadores mais firmes da democracia.
Wellington
06/01/2020 - 09h28
Conheçemos muito bem o conceito de democracia a moda esquerdista e è bastante simples de resumir:
– Democracia è quando a gente està no poder, o resto è ditadura.
Evandro Garcia
04/01/2020 - 09h50
Esqueçeram de avisar a turma do mensalào e do peteolào, de avisar quem vivia de propinas para financiar o partido e as campanhas eleitorais para continuar no poder, de avisar quem aparelhou o Estado do começo ao fim e principalmente os brasileiros que ainda nao entenderam o que è a democracia.
Paulo Cesar Cabelo
03/01/2020 - 22h19
Depende do que você considera democracia , o princípio mais básico de uma democracia é a igualdade perante a lei , aliás é um princípio de qualquer república.
Um país onde o presidente da indulto pra assassinos baseado na profissão , onde pobre é condenado por tráfico por 5 g de maconha e rico com meio quilo de cocaína não , onde o estado laico é afrontado com conivência da justiça , não é nem uma República , muito menos uma democracia.
Não é hipérbole , é fato , o Brasil nunca foi uma democracia , Lula teve que pedir autorização aos ricos pra governar , isso é democracia?
Vivemos numa ditadura semi-feudalista , onde o nome e os bens estão acima da lei.
Paulo
03/01/2020 - 19h47
Não há caminho para o desenvolvimento justo e sustentado, com liberdade, fora da democracia, mas há que se melhorar a qualidade do nosso Parlamento, que é um dos piores do mundo, em se tratando de regimes democráticos. Há que se melhorar, sobretudo, a qualidade de nossos políticos e a qualidade dos Tribunais Superiores (sugiro fechar as portas do quinto constitucional, pois a qualidade de nossos advogados é bem sofrível), mas tá difícil, muito difícil…
Alan C
03/01/2020 - 13h59
Discordo totalmente, não é o que vemos nas ruas.
Além do mais, o zé ninguém que ganhou a eleição venceu com discurso mais fascista da história e a maioria votou nele.
E essa Folha tem que se decidir, não dá pra rezar pra dois Deuses, pq não gostar do zé ninguém e elogiar os absurdos que o governo faz é no mínimo ridículo.