Carne puxa inflação de novembro, que registra maior alta para o mês em 4 anos

Inflação acelera para 0,51% em novembro, maior alta para o mês desde 2015

Editoria: Estatísticas Econômicas | Alerrandre Barros

06/12/2019 09h00 | Última Atualização: 06/12/2019 09h53

Agência IBGE — A disparada nos preços das carnes fez o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, acelerar para 0,51% em novembro, após registrar alta 0,10% no mês anterior, conforme divulgado pelo IBGE hoje (6). Esse é o maior resultado para um mês de novembro desde 2015, quando o IPCA ficou em 1,01%. No acumulado do ano, a inflação registrou 3,12% e, nos últimos 12 meses, ficou em 3,27%. Em novembro de 2018, a taxa foi de -0,21%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete registraram alta em novembro, com destaque para despesas pessoais (1,24%), alimentação e bebidas (0,72%), e habitação, que passou de uma deflação de 0,61% em outubro para alta de 0,71% em novembro. Juntos, os três grupos corresponderam a cerca de 82% do IPCA de novembro.

“No grupo de despesas pessoais, a alta foi puxada pelos jogos de azar, com a entrada em vigor dos reajustes dos preços das loterias federais, que variaram de 40% a 66%”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. “Já a aceleração no grupo alimentação e bebidas deveu-se, principalmente, ao comportamento dos preços das carnes, que registraram alta de 8,09% e contribuíram com o maior impacto individual no mês (0,22 ponto percentual)”.

Kislanov esclarece que o aumento nos preços das carnes decorre da maior demanda pela China acompanhada da desvalorização do real frente ao dólar. “Isso incentiva a exportação, restringindo a oferta interna e elevando o preço dos produtos”, disse ele. Como resultado, a alimentação no domicílio, que havia registrado deflação de 0,03% em outubro, passou para uma alta de 1,01% em novembro. Já a alimentação fora do domicílio apresentou alta de 0,21%.

Na habitação, a variação de 2,15% foi influenciada pela energia elétrica, com a mudança de bandeira tarifária de um mês para o outro. “Em outubro, estava em vigor a bandeira amarela, com acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora consumidos. Já em novembro, passou a vigorar a bandeira vermelha patamar 1, cujo valor foi reajustado”, disse o gerente da pesquisa.

No lado das quedas, o gerente da pesquisa destaca os artigos de residência, que tiveram variação de -0,36% e contribuição de -0,01 p.p. no índice do mês. Comunicação registrou queda de 0,02% e vestuário alta de 0,35%. Em transportes, os preços dos combustíveis (0,78%) desaceleraram na comparação com o mês anterior (1,38%), especialmente por conta da gasolina, que variou 0,42% em novembro. As passagens aéreas subiram 4,35%, pelo segundo mês consecutivo.

Entre os 16 locais pesquisados pelo IPCA, a maior variação ficou com São Luís (1,05%), por conta da alta nos preços da gasolina e das carnes. As regiões metropolitanas do Recife e de Aracaju registraram o menor índice (0,14%): no primeiro caso, em função da queda nos preços de alguns itens alimentícios, como a cebola, a batata-inglesa e as frutas; em Aracaju, além da queda da cebola, houve também redução nos preços do gás de botijão.

INPC sobe para 0,54% em novembro

O IBGE também divulgou hoje (6) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado como referência para os reajustes salariais e referente às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos. O INPC teve alta de 0,54% em novembro, acima dos 0,04% registrados em outubro. O acumulado do ano está em 3,22% e o dos últimos 12 meses foi para 3,37%, contra 2,55% nos 12 meses anteriores. Em novembro de 2018, a taxa foi de -0,25%.

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