O partido realizou, no dia 29 de novembro, um seminário para discutir a sua “auto-reforma”.
A expressão mais repetida no evento foi: autocrítica.
O partido procurou, naturalmente, se distinguir do petismo, que passou a olhar para a expressão com enorme hostilidade. O próprio ex-presidente Lula, em seu primeiro discurso para o PT, após sair da prisão, repetiu que a legenda “não tem que fazer autocrítica nenhuma”.
Em seu discurso, Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da Oposição na Câmara dos Deputados, afirmou que é preciso “coragem para fazer autocrítica”.
Molon criticou a política tributária dos últimos anos, que procurou reduzir a desigualdade impondo ônus apenas à classe média, deixando os super-ricos ainda mais ricos.
Sua fala pode ser assistida a partir do minuto 2:02:00. O player abaixo já está no ponto.
E aqui, o discurso de abertura do presidente do PSB, Carlos Siqueira, onde ele enfatiza igualmente a necessidade de se olhar para os próprios erros, assumir responsabilidade e fazer autocrítica.
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Abaixo, um post sobre o evento publicado no site do PSB.
Roberto Chiazzaro, da Frente Ampla: não podemos esconder erros embaixo do tapete
30/11/2019
Os partidos de esquerda devem ter coragem e iniciativa própria para discutir seus equívocos no comando de governos. Com essa mensagem, o deputado uruguaio Roberto Chiazzaro apresentou hoje aos integrantes do Partido Socialista Brasileiro (PSB) a experiência exitosa da coalizão Frente Ampla, durante a Conferência Nacional de Autorrreforma, realizada de quinta-feira a sábado (30), no Rio de Janeiro.
“O comitê central do partido está avaliando neste momento e fazendo uma autocrítica, com um caráter fraterno, dos 15 anos da Frente Ampla no governo do Uruguai”, disse Chiazzaro, que é do Partido Socialista uruguaio. Após governos bem avaliados, a Frente foi derrotada esta semana nas eleições presidenciais por menos de 30 mil votos de diferença. “Não podemos ter medo e não podemos nos esconder embaixo do tapete”, acrescentou o deputado, no primeiro painel do Diálogo Internacional.
Em sua fala, Chiazzaro fez um relato dos avanços obtidos nas duas gestões de Tabaré Vazquez e na de Pepe Mujica – este foi convidado para a conferência do PSB, mas teve problemas de última hora que o impediram de vir ao Brasil. “Tenho certeza de que venceremos as próximas eleições municipais de Montevidéu [capital uruguaia], mostrando a força da Frente Ampla”, afirmou.
O maior legado da Frente Ampla, segundo o deputado, foi a transformação do Uruguai em um país mais igualitário em termos de renda de população. O instrumento para essa mudança econômica está nos chamados “conselhos de salários” que reúne vários segmentos da sociedade. “Conseguimos um aumento real de 61% nos salários, além de criação de 300 mil empregos para uma população de 3,5 milhões.”
Na parte econômica, disse Chiazzaro, o Uruguai ainda apostou numa reforma tributária para estimular um crescimento econômico equilibrado e com a maior distribuição de renda possível. “Provamos que se pode sim crescer de forma distributiva. Não existe aquela história da época de ditadura de que é preciso aumentar o ‘bolo’ [a riqueza] para só depois dividi-lo”, ressaltou o deputado.
Paralelamente à economia bem gerida, o avanço ocorreu nas políticas públicas da área social. Chiazzaro contou que foi realizada uma reforma da área de saúde, com valorização de hospitais públicos de primeira geração. “Eles são hoje melhores, em muitos aspectos, do que os hospitais privados. Fizemos parcerias com médicos cubanos que baixaram nossos custos em cirurgias de catarata e próteses”, informou.
Outra iniciativa foi a descentralização do ensino superior, antes concentrado na capital Montevidéu. Foram criadas faculdades pelo interior do país. Na educação infantil, relatou Chiazzaro, a informatização se espalhou pelas escolas públicas, dando acesso completo aos estudantes a computadores. Atualmente, o Uruguai possui uma rede extensa de fibras ópticas para transmissão de dados e investe em tecnologia 5G.
Alexandre Neres
02/12/2019 - 17h29
Fazer autocrítica é internalizar o massacre diuturno praticado pela Rede Globo, demonizando a política e os políticos, o que culminou com a eleição do Bolsonaro.
Fazer autocrítica seria como se a mulher estuprada fizesse um mea culpa pelo fato de estar usando uma minissaia no dia do crime.