Paulo Paim defende autocrítica do PT e que apoiar Ciro em 2018 “teria sido melhor para todos”

Trecho da entrevista de Paulo Paim ao Congresso em Foco, publicada hoje.

(…)
O PT teria alguma parcela de culpa nesse estado de coisas? O partido precisa fazer alguma autocrítica?

Eu acho que autocrítica ninguém tem que ter vergonha de fazer. O PT cumpriu um papel importante na história do país. Desde o início no combate à ditadura até sua chegada ao poder. Mas acho que o PT deveria ter feito, no meu entendimento, uma política muito mais abrangente, naquilo que eu chamo numa visão de frente ampla, pelo Brasil e pelos conceitos que norteiam uma proposta de Nação comprometida com a nossa gente. Não dá para se achar que só é bom uma composição ampla quando se é candidato a presidente. Os dois mandatos do presidente Lula foram coisas que marcaram o pais perante o mundo. A gente se recorda de cenas como Barack Obama dizendo que Lula era “o cara”. Isso marcou e para nós é motivo de orgulho. Houve um segundo momento que foi a eleição da presidenta Dilma. Mas houve um terceiro momento em que nós devíamos ter avaliado que era necessário ampliar mais. Nós tínhamos Eduardo Campos. Era um nome a ser lembrado nessa composição mais ampla. Da mesma forma, Ciro Gomes. Ciro tinha que ser lembrado naquele momento da história.

O PT deveria ter apoiado Ciro em 2018?

Poderia ter sido. Quando digo que poderia ter sido, quero dizer que talvez fosse melhor para todos. Não estaríamos na situação em que nos encontramos. Digo mais: Lula está preso e hoje é consenso que foi uma prisão mais política que qualquer outra coisa. É claro que o Fernando Haddad (candidato do PT em 2018) foi um heroi, um lutador. Mas se o Ciro tivesse sido eleito, as possibilidades da liberdade do Lula para ajudar o Brasil seriam outras. Então, acho que nós cometemos alguns erros. Não dá para pensar em frente ampla somente se eu for o candidato máximo no processo eleitoral. Se nós tivéssemos olhado mais com essa visão, acho que estaríamos em outro momento, bem melhor para toda a nossa gente.

Redação:
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