Análise: Ibope divulga pesquisa de rejeição e potencial de voto de PSL e PT

Divulgação

A íntegra da pesquisa pode ser baixada aqui.

A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 22 de outubro. Foram 2002 entrevistas pessoais.

Separamos alguns paineis para comentá-los. A análise principal está no final do post.

Primeiramente, vamos listar os principais fatos relativos ao potencial e rejeição de voto do PSL, cujo número é o 17:

  • 50% dos entrevistados responderam que não votariam “de jeito nenhum” no PSL. Essa é uma rejeição altíssima para um partido que acabou de ganhar uma eleição presidencial.
  • A rejeição maior ao PSL se concentra entre os mais pobres, com renda familiar até 1 salário, entre os quais 55% responderam que não votariam “de jeito nenhum” em Jair Bolsonaro.
  • A rejeição ao PSL nas capitais é de 55%; nas periferias, de 52%, e no interior, de 48%.
  • Entre pessoas com mais de 55 anos, a rejeição ao PSL atingiu 55%.

Agora, vejamos os dados da pesquisa relativos ao Partido dos Trabalhadores:

  • A rejeição geral do PT entre os entrevistados da pesquisa é de 43%.
  • Entretanto, 27% dos entrevistados responderam que votariam “com certeza” neste partido. É um percentual considerável, que varia entre 17% no Sul, 23% no Sudeste, até 42% no Nordeste. 
  • A rejeição ao PT é muito alta, todavia, entre eleitores com renda acima de 5 salários, onde chega a 59%.
  • Nas capitais, a rejeição ao partido é de 46%.
  • Entre pessoas autodenominadas de raça/cor branca, a rejeição ao PT atinge 53%.
  • No Sudeste e no Sul, a rejeição ao PT é de 49%.
  • Entre eleitores mais pobres, com renda familiar até 1 salário, o PT tem ótimo desempenho: 40% responderam que votariam “com certeza” no partido, contra 30% que disseram que não votariam nele “de jeito nenhum”.

 

Agora, uma breve análise desses resultados.

  • A pesquisa revela uma deterioração incrivelmente rápida da imagem do PSL, legenda do presidente da república, Jair Bolsonaro, que ganhou o segundo turno das eleições há exatamente 1 ano.
  • A pesquisa também mostra uma resiliência grande do PT, em todas as regiões e faixas de renda, com destaque para a faixa dos cidadãos mais pobres.
  • A rejeição ao PT entre eleitores com renda familiar acima de 5 salários é o ponto-fraco do partido, como ficou claro nas eleições do ano passado. Esse não é um eleitorado “de elite”, e sim composto, em sua maioria, de famílias de renda modesta, mas que parecem separados, por um poço profundo, da cultura dos cidadãos com renda inferior.
  • Os quase 60% de rejeição nessa faixa de cidadãos com renda familiar acima de 5 salários acaba ressoando muito alto, porque estes são os eleitores tem condição de “fazer campanha” espontaneamente nas redes sociais e nas ruas. 
  • A pesquisa, que é apenas uma pesquisa, e que deve ser olhada com muita moderação, reflete todavia a profunda polarização da sociedade brasileira.
  • Os dois principais pólos de opinião, tanto aquele que representa o partido vencedor das eleições, e que está no poder, como o principal partido de oposição, tem rejeição muito acentuada.
  • O PSL tem rejeição geral maior, de 50%, mas o PT tem maior rejeição entre famílias de renda média, cuja opinião é mais barulhenta.
  • A rejeição ao PSL nas cidades com mais de 500 mil habitantes, a rejeição ao PSL é de 57%, ao passo que o PT, nestas mesmas localidades, tem rejeição de 46%.
  • Caso estes números sejam próximos da realidade, o PSL enfrentará fortes dificuldades nas eleições municipais de 2020.
  • O PT também deve enfrentar alguma dificuldade em 2020, por causa da já comentada rejeição nas faixas de renda média.
  • Um último ponto que acho importante comentar é que a pesquisa Ibope usa um recorde de renda diferente daquele apresentado pela última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE, o POF 2019.
  • Segundo o POF 2019, as famílias com renda superior a 5 salários corresponderiam a cerca de 27% do total das famílias brasileiras, enquanto apenas 11% dos entrevistados do Ibope tem renda familiar acima dessa faixa.
  • Ainda segundo o POF 2019, as famílias com renda inferior a 2 salários correspondem a aproximadamente 24% da população, ao passo que 56% dos entrevistados do Ibope estão nessa faixa.
  • Eu fiz alguns comentários sobre isso num post recente, de onde tirei os gráficos abaixo.

 

 

 

 

 

 

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