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Relatório do Credit Suisse põe em relevo monstruosa desigualdade brasileira

O Credit Suisse divulgou hoje o seu relatório relativo à distribuição de riqueza no mundo. Eu separei alguns gráficos. Segundo o Credit Suisse, o 1% mais ricos do Brasil detêm 49% de toda a riqueza do país. Nos gráficos abaixo, preste atenção sobretudo na primeira coluna, que mostra o percentual de nacionais de cada país […]

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O Credit Suisse divulgou hoje o seu relatório relativo à distribuição de riqueza no mundo. Eu separei alguns gráficos.

Segundo o Credit Suisse, o 1% mais ricos do Brasil detêm 49% de toda a riqueza do país.

Nos gráficos abaixo, preste atenção sobretudo na primeira coluna, que mostra o percentual de nacionais de cada país com riqueza (não confundir com renda) inferior a US$ 10 mil, em relação à população total, e a comparação com o mesmo percentual a nível global.

A desigualdade no Brasil é simplesmente bizarra.

 

Baixe os relatórios do Credit Suisse sobre a Riqueza Mundial nos links abaixo:

No Infomoney

Brasil tem 42 mil novos milionários em 2019, diz estudo do Credit

Brasil figura entre os países com o maior crescimento de milionários no período, mas também como um dos mais desiguais

Por Giovanna Sutto 21 out 2019 14h47

SÃO PAULO – Neste ano, o número de milionários no Brasil apresentou uma alta de 42 mil pessoas em relação ao ano passado, chegando a 259 mil brasileiros com uma conta de seis dígitos. Em 2018, eram 217 mil pessoas, segundo dados da décima edição do Relatório de Riqueza Global do Credit Suisse.

Com esse resultado, o Brasil figura entre os países com o maior crescimento de milionários no período, atrás de Estados Unidos, Japão, China, Alemanha e Holanda, respectivamente.

O país se destaca ainda mais, se consideramos o grupo de milionários “ultra high”, ou seja, com riqueza acima de US$ 50 milhões: foram 800 novos membros dessa categoria. A alta só perdeu para os americanos, que viram o número de milionários com patrimônio acima de US$ 50 milhões crescer 4,2 mil.

Se por um lado, os números para os mais ricos são otimistas, por outro só comprova o abismo de desigualdade que o país enfrenta. A pesquisa estima que o percentual 1% mais rico da população detém 49% de toda a riqueza familiar do país.

A tendência se mostra na contramão do padrão global. Isso porque a parcela de riqueza mundial concentrada no 1% no topo da pirâmide subiu entre 2007 e 2016 em todos os países analisados pelo estudo (com exceção da Índia), mas de lá para cá apresentou uma queda também em todos os países, com exceção do Brasil.

Além disso, a proporção de brasileiros com riqueza inferior a US$ 10 mil é maior do que a média observada globalmente: 70% no Brasil versus 58% no restante do mundo.

Segundo o relatório, o nível alto de desigualdade reflete em parte a alta desigualdade de renda, que é um dos problemas recorrentes do Brasil. “São dois fatores principais que contribuem com esse resultado: baixo desempenho educacional em toda a força de trabalho e a divisão entre os setores formal e informal da economia”, diz o texto.

O Brasil enfrentou sérias dificuldades financeiras nos últimos anos e recentemente foram adotadas curvas de políticas destinadas que devem incentivar o crescimento, de acordo com o relatório. “Mas é muito cedo para dizer qual será o impacto na riqueza do país”.

Em termos de riqueza média das famílias, o número mais que triplicou entre 2000 e 2011, passando de US$ 7.050 por adulto para US$ 24.920. No entanto, ao analisar os dados de 2010 até 2019, a riqueza média caiu 3%, até chegar ao patamar atual de US$ 23.550 mil.

Situação global

A riqueza global aumentou 2,6% no ano passado e atingiu US$ 360 trilhões, enquanto a riqueza por adulto bateu um novo recorde de US$ 70.850, ficando 1,2% acima do nível observado em meados de 2018.

No quesito riqueza por adulto, a Suíça lidera a lista (US$ 17.790), seguida dos Estados Unidos (US$ 11.980), do Japão (US$ 9.180) e dos Países Baixos (US$ 9.160). A maior queda foi observada na Austrália (US$ 28.670), devido principalmente a efeitos cambiais; e houve outras perdas significativas na Noruega (US$ 7.520), Turquia (US$ 5.230) e Bélgica (US$ 4.330).

“A riqueza global cresceu, mas a uma taxa bastante modesta de 2,6%. Parte desse baixo crescimento se deve à valorização do dólar norte-americano: com base na taxa de câmbio média de cinco anos, a riqueza total aumentou 5,9%; e a riqueza por adulto, 3,8% desde o fim de 2017”, afirmou Anthony Shorrocks, economista e autor do relatório.

Ainda, o estudo mostra que 2019 conta com 46,8 milhões de milionários em todo o mundo, o que representa uma expansão de 1,1 milhão sobre os números de 2018. E os Estados Unidos acrescentaram mais da metade desse número – 675 mil novos milionários como mostrado na tabela acima – à sua ampla lista.

“Com quase 20 anos de dados à nossa disposição, conseguimos visualizar duas fases distintas de crescimento da riqueza. O século começou com uma ‘era dourada’ de geração de riqueza robusta e inclusiva. No entanto, o crescimento da riqueza entrou em colapso durante a crise financeira e jamais retornou ao nível observado antes. Houve uma mudança sísmica na época da crise financeira (2008), quando a China e outras economias emergentes assumiram o comando da geração de riqueza. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos mantiveram um inacreditável período de 11 anos de crescente riqueza por adulto”, complementou Shorrocks.

Globalmente, considerando o grupo de pessoas que tem patrimônio de US$ 10 mil a US$ 100 mil, a expansão foi a maior registrada no século: triplicou de 514 milhões em 2000 para 1,7 bilhão em meados de 2019.

“Isso reflete a crescente prosperidade das economias emergentes – especialmente da China –, bem como a expansão da classe média no mundo desenvolvido. O patrimônio médio desse grupo é de US$ 33.530”, diz o estudo.

“Apesar da tensão comercial entre os EUA e a China nos últimos 12 meses, ambos os países se saíram muito bem na geração de riqueza, contribuindo com US$ 3,8 trilhões e US$ 1,9 trilhão, respectivamente”, afirmou Nannette Hechler-Fayd’herbe, chefe global de Economia e Pesquisa do Credit Suisse.

Futuro

A projeção do estudo é de que a riqueza global aumentará 27% nos próximos cinco anos, chegando a US$ 459 trilhões até 2024. Os países de renda baixa e média são responsáveis por 38% do crescimento, embora respondam por apenas 31% da riqueza atual.

O número de milionários também aumentará consideravelmente nos próximos cinco anos, chegando perto de 63 milhões; enquanto o número de pessoas “ultra high” atingirá 234 mil.

No Brasil, o relatório estima que o número de milionários deve crescer 23% até 2024, o que representaria um total de 319 mil adultos.

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Comentários

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Everton Garcia

24/10/2019 - 19h07

As politicas esquerdistas (que nào passa da boa e velha caça ao pobre) dando certo…

Jorge

24/10/2019 - 03h31

Temos China e EUA com altos indices de desigualdade que sao os paises ricos com maiores taxas de crescimento anual. Temos a Europa com pouca desigualdade, mas tambem muito pouco crescimento. Será que há um relacao entre desigualdade e crescimento? Penso por exemplo que um rico investe mais em geracao de empregos se o governo taxar menos seus lucros.

    Wellington

    24/10/2019 - 13h00

    Claro.

    Clever Mendes de Oliveira

    24/10/2019 - 17h52

    Jorge (quinta-feira, 24/10/2019 às 03h31),
    Esta é uma questão complicada. Sem ser economista e analisando apenas pelo que acompanho nos últimos quase 50 anos diria que é preciso reconhecer alguns fatos.
    Primeiro, o capitalismo é o sistema mais eficiente para o aumento da produção e o aumento da produção tem produzido avanço no desenvolvimento.
    Segundo o capitalismo é concentrador de renda, de riqueza.
    Terceiro, a concentração absoluta inviabiliza o capitalismo.
    Quarto, o capitalismo só é o sistema mais eficiente se ele contar com a ajuda do Estado. O Estado ajuda não só cumprindo a função de instrumento de dominação dos poderosos, o Estado também ajuda fomentando o capitalismo via déficit público, além de garantir estabilidade via o orçamento público. E mais, para ter crescimento continuado o Estado precisa agir para evitar a concentração absoluta. Assim, uma função importante do Estado é distribuir melhor a riqueza produzida.
    Quinto, os países muito pobres tem boa distribuição de renda. Quando eles começam a crescer há uma piora acentuada da distribuição de renda. Assim, ao analisar a distribuição de renda separe os países por faixa de renda per capita. Para renda per capita muito baixa o índice de geni é bom. Na linha intermediária de renda per capita estão os países com distribuição de renda pior. Na faixa mais alta da renda há melhora da distribuição da renda.
    De certo modo o que você diz no seu comentário e o que eu digo no quinto item era dito por Delfim Netto de outro modo: é preciso primeiro deixar o bolo crescer para depois dividir. Esquecendo o dilema ético de aceitar a acumulação de capital mediante o trabalho de terceiro, o grande problema do sistema capitalismo é o fato de ele gerar o próprio germe da sua destruição e que é a concentração de renda.
    Em outras palavras, o capitalismo cresce mais, isto é, aumenta mais a produção quando paralelamente piora a distribuição de renda e o Estado precisa agir para evitar que a distribuição de renda piore, sob o risco de contribuir para a destruir o capitalismo.
    Governar então não é nada fácil. E é ainda mais complicado quando se sabe que em países grandes como o Brasil é preciso combater a desigualdade em duas frentes: na frente da desigualdade social e na frente da desigualdade espacial.
    A dificuldade de governar atinge tanto a direita que precisa manter o sistema capitalista, e, assim, defende a distribuição de renda como um meio, como para a esquerda que precisa defender a distribuição de renda como um fim.
    Então fazer o país crescer de forma mais igualitária tanto social como espacialmente é fazer o capitalismo ser menos eficiente em cada momento presente, portanto, reduzir o crescimento, com a única vantagem de que no longo prazo o crescimento se torne mais constante e firme.
    E aqui eu ainda penso que vale mencionar o ditador da Coreia do Sul Park Chung-hee que praticamente reinou na Coreia do Sul de 1961 a 1979, quando foi assassinado. Era um ditador de direita que privilegiou o ensino fundamental e médio com dedicação exclusiva. Lá então não existia escola primária e de segundo grau privada que no Brasil são as melhores escolas. Isso ajudou bastante a se ter um crescimento acentuado da produção capitalista sem que houvesse deterioração da distribuição da renda, ou pelo menos que a piora na distribuição de renda fosse atenuada.
    Abraços,
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 24/10/2019

Celso

23/10/2019 - 18h53

O Brasil e todos os paises da america latina são a periferia do chamado capitalismo.
Com o capitalismo em crise a periferia neoliberal sente e sofre demais.
No Chile o povo não aguenta mais. No Peru a situação também esta complicada.
Logo chegara ao Brasil que é uma das maiores periferias do capitalismo. Ainda mais com a família bolsonaro no poder junto com o guedes querendo implantar o modelo chileno no Brasil.

Pedro

23/10/2019 - 14h09

Abby Martin senta-se com o renomado economista marxista Richard Wolff para discutir a crescente popularidade do socialismo sob Trump e suas raízes históricas na América, conceitos errados sobre o sucesso econômico da Rússia e da China e a teoria de alienação e capitalismo monopolista de Marx.

https://www.youtube.com/watch?v=kVo0YNZK_oY

Ricardo Brandão

22/10/2019 - 21h05

Ótimo artigo. Parabéns. #auditoriadadividaja


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