Homem forte da Lava Jato na Receita guardava em casa quase R$ 900 mil em dinheiro vivo

A Polícia Federal divulgou hoje que um tio do auditor federal Marco Aurélio Canal, o responsável da Lava Jato junto à Receita Federal, guardava em casa um total de R$ 866 mil em espécie. Parte do dinheiro era do próprio Marco Aurélio, segundo confessou o tio, João Batista da Silva.

Segundo João, R$ 230 mil pertenceria ao sobrinho. O resto seria dinheiro de pagamentos de clientes do próprio tio, que tem uma empresa de contabilidade e assessoria jurídica.

Entretanto, o dinheiro estava condicionado todo junto, em embalagens plásticas de papel escondidas atrás de livros, lançando a suspeita de que pertenceria inteiramente ao sobrinho, que era supervisor nacional da Equipe Especial de Programação da Lava Jato, grupo responsável por aplicar multas aos acusados da operação por sonegação fiscal.

Canal foi acusado por empresários de extorsão. Em troca de propina, ele aliviaria as multas aplicadas às empresas.

A denúncia contra Canal confirma uma velha máxima do Direito, extraída de versos de um satírico de Roma Antiga, ” sed quis custodiet ipsos custodes?”, que se traduz para “mas quem guardará os guardiões?”, ou “quem vigia os vigias?”.

É uma triste ironia que a Lava Jato, vendida à população como a “maior operação contra a corrupção da história do Brasil” vá encerrando seus dias acusada, com provas materiais, palpáveis, de todo o tipo de abuso judicial, extorsão e… corrupção.

É também uma lição: se o Brasil quiser combater a corrupção com eficiência, os agentes do Estado precisam se manter dentro da legalidade, sem cometer excessos, e respeitando, o tempo inteiro, os ritos, procedimentos e garantias do código do processo penal e da Constituição.

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