Foto: Tomaz Silva/Ag. Brasil
O Brasil coleciona mortes e mais mortes no local de trabalho em 2019. O maior acidente de trabalho da história, os assassinatos de Brumadinho, deveria ter despertado o país para entender as consequências mórbidas e nefastas do avanço das políticas neoliberais de precarização do trabalho.
A verdade é que há anos estamos sendo tratados como lixo. Fomos desumanizados a tal ponto que a sociedade não nos vê mais como seres humanos. Nessa batida, a escravização moderna caminha a passos largos e o país demonstra ser cada vez mais incapaz de cuidar daqueles que dedicam sua vida e saúde para gerar riquezas ao país de.
Há anos estamos assistindo atônitos a mais completa humilhação da classe trabalhadora brasileira. Mudaram a legislação trabalhista para pior; achataram nossos salários e o poder de compra do cidadão não sustenta nem mesmo a própria familia.
A cada dia que passa, choramos pela dor de dezenas de amigos e amigas que não conseguem mais viver com tamanha exploração do trabalho humano. A verdade é que a grande maioria de nós apenas sobrevive: viramos zumbis escravos de uma sociedade individualista e covarde.
O mais recente crime contra os trabalhadores foi o incêndio na “boate” 4×4, no centro do Rio de Janeiro. Três bombeiros morreram na tentativa de apagar o fogo. Hoje, o Rio chora a tragédia. Amanhã, os bombeiros se juntaram ao hall dos “Silva cuja estrela não brilha”.
Consequentemente, a agenda econômica do país sequer vai fazer o debate necessário para esse tema: porque os locais de trabalho do país viraram abatedouro de pais e mães de família.
Enquanto isso, nos grandes jornais sequer podemos ler a verdadeira finalidade a boate 4×4: um dos mais famosos prostíbulos do Brasil. Chamam de “Spa” ou “Whiskyria” e escondem que esse incêndio poderia ter matado centenas de mulheres que sustentam sua vida sendo humilhadas, diariamente por dezenas de homes.
Um local de trabalho que recebe centenas de pessoas por dia e não consegue evacuar nem mesmo profissionais como bombeiros é uma aberração. É um cuspe na cara de quem trabalha. Um retrato perfeito sobre o descaso que a sociedade brasileira têm com os trabalhadores e trabalhadoras do pais.
Choramos, mais uma vez, a morte de companheiros que saíram de casa para trabalhar e não voltam mais. Essas mortes não podem ficar impunes. Nossa dor não pode ser em vão.