Reproduzo abaixo o texto de um leitor muito amigo do blog, Grijalbo Coutinho.
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O REVOLUCIONÁRIO CORINGA
Por Grijalbo Coutinho
Recomendo “ Coringa”.
Mesmo não sendo o gênero da minha predileção, ainda mais porque advindo da máquina cinematográfica integrante das superproduções norte-americanas, fui ver “Coringa” na última sexta-feira, dia 04 de outubro de 2019, por duas razões simples.
Coringa sempre foi o vilão dos filminhos fantasiosos ideológicos do bem contra o mal, embora contasse o controverso personagem com a minha simpatia antecipada por ser ele o inimigo dos capachos do sistema de dominação e opressão, quais sejam, os heróis Batman e Robin.
Coringa é real. É ele a expressão visível, na condição de vítima, de uma sociedade excludente e preconceituosa!
Coringa transcende ao objetivo ou ao objeto do seu criador. Solto, ele não tem dono. É como o fenômeno da interpretação das normas jurídicas aplicadas sem arbítrio ou exercício do Lawfare.
Depois, ouvi em uma rádio, no início de noite da quinta-feira, em resenha rápida tratando das estréias do final de semana, que o filme “Coringa” abordava a trajetória da difícil infância dele como elemento para a formação de sua personalidade “assassina e malévola”.
Se é assim, vou ver urgentemente, pensei.
Consegui uma das últimas vagas apenas na fila recusada nos cinemas, aquela praticamente colada à telona, capaz de causar torcicolo ao final da exibição. As duas salas que exibiam simultaneamente a película estavam igualmente lotadas.
Sem antecipar detalhes relevantes, inclusive para não atrapalhar amigas e amigos que pretendem ver o filme nos próximos dias, o grande “Coringa”, deixo aqui sintéticas impressões.
Apenas posso dizer que se trata de obra de arte rica em imagens e sons, crítica e densa do ponto de vista sociológico e político!
A destruição social causada pelo neoliberalismo está lá, viu, perversa turma do Brasil que executa desde 2016 ou aplaude as contrarreformas trabalhista e previdenciária, bem como defende o fim dos programas sociais e a entrega do patrimônio público brasileiro ao voraz mercado, esse verdadeiro Deus do mundo cão das injustiças sociais!
A nação imperialista empreendedora do caos mundial começa a pagar a sua conta com o povo e com a história!
A chacota, a violência física e o preconceito com o diferente não passam ilesos e merecem, por isso mesmo, reação brusca demais!
O Estado do salvo-se-quem-puder fica atônito ao perder o controle da situação, frente à reação popular contrária aos seus desatinos!
O mercado financeiro e os ricos insensíveis que se cuidem! São parte do motivo da revolta desorganizada!
Os playboys do mercado financeiro acostumados, depois dos elevados ganhos obtidos durante o dia e de algumas doses de whisk, à violência gratuita contra mulheres e outras minorias políticas, têm um acerto de contas daqueles chocantes!
A perversidade dos atos de Coringa jamais são gratuitos ou fruto de uma maldade inata a alguns seres Humanos, como propagam os nefastos programas policiais!
Expostas as vísceras de uma sociedade excludente, enaltecedora das virtudes da classe dominante e profundamente antissocial, perversa, portanto, com a maioria de seu povo, a surpresa é quando a massa enfurecida enxerga no vilão pobre e enlouquecido pelas receitas as quais o sistema lhe recomenda, o seu próprio drama e assim o eleva a herói para as transformações. Ele passa ser o elemento catalisador simbólico de inspiração para começar a prática de atos tendentes à quebra da ordem dominante e a instalação de outra em seu lugar, outra que seja capaz de gritar que o mundo dos ricos egocêntricos precisa ser chacoalhado com igual dureza como aquela dispensada por eles aos pobres, aos miseráveis e aos demais excluídos.
Um filme marcante para a nossa época atual.
Um filme que tem recomendado vigilância cerrada nos cinemas dos EUA para evitar violência que dizem as autoridades ele inspirar, inclusive rebeliões incontroláveis!
Um filme que consagra a genialidade interpretativa de “ Coringa” pelo ator Joachin Phoenix, como não se via nada igual nos útimos anos
Brilhante a atuação de Phoenix, para ser reverenciada nas próximas décadas!
É obra de arte para colocar Todd Phillips na galeria dos grandes diretores do cinema mundial.
Percebi que boa parte do público de “Coringa” deixou atônita as duas salas de cinema,triste e sem palavras, com algumas caras de desânino e rodinhas de amigos sem nada para dizer ou sem empolgação, talvez pela frustrada tentativa de assistir na telona violência desmedida sem razão de ser, provavelmente porque o Batman não aparece para acabar com a revolta do Coringa e de outros arruaceiros, ou talvez pelo sufoco circunstancial que os sujeitos do andar de cima enfrentam como alvo de uma massa que nada mais tem a perder!
E quando não não se tem mais nada a perder tudo pode acontecer, inclusive o enfrentamento de rua para que alguns bem aquinhoados diminuam a sua sede por dinheiro e assim permitam aos outros viver com dignidade!
Gostei e recomendo “ Coringa”, saindo ou não cada qual espectador com a sua máscara para desmascarar a sociedade da hipocrisia neoliberal que dilapida conquistas e direitos sociais em nome de desejos quase sexuais de poder desmedido do mercado, o mercado insaciável pelo lucro a qualquer custo e demolidor dos laços de humanidade nessa sociedade enlouquecida pela selvageria e pela tragédia! Viva, “Coringa”!
Netho
09/10/2019 - 10h21
Coringa é uma produção holywwodiana que segue os passos de O Homem que virou Suco, apenas com a inversão final de passar todos os ricos na lâmina,
Coringa não cogitou, por exemplo, de um Imposto sobre Grandes Fortunas como o sugerido por Piketty de 90% sobre os milionários do Planeta,
Suficiente para pagar cem mil reais anuais para todos os habitantes do Planeta Terra.
Bacurau e Coringa. Tudo a ver, mas nada de novo.
Exceto a distopia de que no final os palhaços fazem de Nova Iorque a sua invasão do Palácio de Inverno substituindo os bolcheviques liderados por Lenin e Trotsky.
Alexandre Neres
08/10/2019 - 16h11
Não vi o filme. Não tem spoiler. O fato é que ninguém aguenta mais super-heróis criados por uma mídia militante. Batman e Robin. O primeiro respaldando a tortura no Pará, enquanto o outro quer enricar por meio de palestra, o que antes era objeto de acusação. Chega de filisteus e de fariseus do sepulcro caiado bradando contra a corrupção. Batman fazendo o papel de advogado de defesa do repulsivo, o que antes criticava; Robin pedindo a progressão de regime do seu inimigo, algo inédito para a FT, para prejudicá-lo por meio de um casuísmo. Só não vê quem não quer. A hora é do Coringa!
João Ricardo
07/10/2019 - 19h23
Assisti ao filme Coringa e recomendo à todos. O filme possui uma ótima direção, fotografia, trilha sonora e as atuações são excelentes. A performance de Joachin Phoenix é grandiosa. E todo conflito social está lá, escancarado pra todos verem: cidadão de bem, que de bem não tem nada; ódio, violência, preconceito e racismo. A sociedade cria seus próprios monstros. Filmaço. Para assistir e assistir de novo, e principalmente refletir.