Um comentário sobre o depoimento de Renato Duque

Eu assisti, com atenção, ao depoimento de Renato Duque. A Veja faz sensacionalismo em cima de denúncias de um delator desesperado que, por si só, não oferecem nenhuma prova.  Duque afirma, de fato, que saiu por vontade própria, e que Dilma queria que ele permanecesse. Perguntado pelo procurador porque, ele responde que seria para arrecadar para a campanha de 2012, mas o procurador não pergunta se a Dilma falou isso diretamente com ele, ou se isso era uma especulação dele. Como ele não acrescenta nenhuma informação – e o depoimento inteiro é cheio de detalhes sórdidos (inventados?) sobre reuniões secretas, pedidos de dinheiro, etc -, conclui-se que a insinuação (foi apenas isso, uma insinuação) foi apenas leviana, com objetivo de agradar ao procurador.

Em dado momento, Renato Duque diz, quase chorando, que se arrepende de não ter colaborado antes, que hoje vê outros delatores em liberdade, enquanto ele já o preso da Lava Jato há mais tempo, condenado a 104 anos… É um homem desesperado, pronto a afirmar qualquer coisa em troca do ar puro da liberdade.

Processos de delação premiada não poderiam ser feitos assim, com pessoas nesse estado emocional, sob a perspectiva torturante de morrer na cadeia a menos que digam o que entendem que a acusação quer ouvir.

É absurdo ainda que um depoimento desse calibre seja vazado à imprensa, o que agride toda a jurisprudência que começa a ser construída pelo STF, de que as pessoas não podem ser condenadas por causa de uma delação. Ora, se ninguém pode ser condenado em tribunais por delação, então também não podem ser condenados na mídia pela mesma delação. Logo, essas delações não deveriam ser vazadas com tanta facilidade. E se houvesse, por alguma razão, a decisão de vazá-las, seria preciso oferecer espaço para que os acusados se defendessem, perante o mesmo juízo, e no mesmo vídeo.

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No site da Dilma

Dilma rechaça depoimento mentiroso na ‘Veja’

Ex-presidenta diz que o senhor Renato Duque mente e foi demitido da Petrobras em abril de 2012
28/09/2019 9:27

A propósito da noticia publicada no Radar de Veja, sobre as acusações infundadas do senhor Renato Duque de que a ex-presidenta Dilma Rousseff teria pedido a ele que arrecadasse dinheiro para a campanha eleitoral de 2012, a Assessoria de Imprensa esclarece:

1. O senhor Renato Duque mente. Jamais manteve contato estreito ou próximo com Dilma Rousseff nem nunca tratou com ela ou qualquer assessor próximo dela de assuntos referentes à arrecadação de recursos para campanhas eleitorais.

2. O senhor Renato Duque terá de apresentar provas do que fala, caso contrário deveria ter sua delação premiada invalidada.

3. É curioso, mais uma vez, que se volte a fazer vazamentos sem provas para a imprensa. É estarrecedor que se dê fiança a uma acusação infundada que se refere à eleição municipal de outubro de 2012, feita por um delator que foi demitido pelo governo Dilma Rousseff, em abril de 2012.

4. O Supremo Tribunal Federal já começou a reverter condenações abusivas e sem provas.

5. A verdade também está vindo à tona graças ao The Intercept Brasil e aos outros veículos de imprensa que mostram um conluio entre agentes públicos que deveriam zelar pela Constituição Federal.

6. É impossível esconder que agiram para manipular a opinião pública, abrir caminho para o Golpe de 2016, interferindo em seguida nas eleições presidenciais de 2018, e condenando e prendendo o ex-presidente Lula.

7. A Justiça e a democracia irão prevalecer.

Assessoria de Imprensa
Dilma Rousseff

Redação:
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