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Notas internacionais (por Ana Prestes) 23/09/19

– A temperatura média anual do mundo começou a ser registrada em 1850. A média dos últimos quatro anos (2015-2019) já é a maior da série histórica. Julho de 2019 por enquanto é o mês mais quente de todos os anteriores. A informação está em um relatório da ONU publicado e apresentando ontem, na véspera […]

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– A temperatura média anual do mundo começou a ser registrada em 1850. A média dos últimos quatro anos (2015-2019) já é a maior da série histórica. Julho de 2019 por enquanto é o mês mais quente de todos os anteriores. A informação está em um relatório da ONU publicado e apresentando ontem, na véspera da Assembléia Geral da ONU a ocorrer esta semana em Nova Iorque, nos EUA. Segundo o relatório, no atual estágio de compromissos dos países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, a Terra ficará de 2,9⁰C a 3,4⁰C mais quente até 2100. Seria necessário multiplicar por 5 os esforços da luta contra o CO2 para conter o aquecimento global a 1,5⁰C, como prevê o acordo de Paris (2015) ou por três para conter o aumento ao patamar de 2⁰C, limite máximo estipulado pelo acordo. Ocorre hoje (23) em NY uma reunião especial com 60 governantes sobre o clima dirigida pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. O Brasil não terá pronunciamento nesta reunião por não ter entregue um plano de ação do país para o tema.

– Trump já está em campanha para sua reeleição e tem usado de seu posto para tentar atingir aquele que é um dos possíveis candidatos pelos democratas, Joe Biden. O final de semana foi de muito burburinho com o vazamento de que em conversa com o novo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Trump teria feito pressões para que o país abra uma investigação oficial a respeito de negócios do filho de Joe Biden na Ucrânia. Trump teria ainda segurado uma transferência de 250 milhões de dólares de recursos estadunidenses destinados à Ucrânia como forma de pressão. O vazamento de dados da conversa telefônica entre os dois presidentes veio através de uma denúncia de um funcionário da inteligência dos EUA que teria testemunhado a ligação. Agora a pressão é do parlamento para ter acesso à transcrição da conversa e também ao texto da denúncia. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, ameaçou ontem o presidente Trump com medidas a serem tomadas pelos parlamentares (com informações do Meio).

– A disputa comercial entre EUA e China está repercutindo no leilão do 5G no Brasil. O presidente Trump tem feito pessoalmente pressão para que a chinesa Huawei seja excluída das disputas pelo 5G em todo o mundo. Segundo a Anatel, no entanto, em matéria divulgada pelo Estadão, no Brasil não deverá haver nenhum tipo de barreira ao uso de equipamentos da Huawei. A empresa já está presente em mais de um terço da infraestrutura de redes de telefonia móvel no Brasil e foi escolhida pela Anatel para realizar os testes do 5G no Brasil com as teles Oi, Tim, Claro, Vivo e Algar que disputarão o leilão. O leilão, que ainda não possui edital aprovado e colocado para consulta pública deve ocorrer em meados de 2020.

– Parlamento da Áustria aprovou moção que obriga o governo do país a vetar o acordo comercial Mercosul – União Europeia perante o Conselho Europeu. O acordo que ainda está em fase final de redação precisa ser submetido à aprovação dos parlamentos dos Estados-membros da EU, Parlamento Europeu e Conselho Europeu.

– Na última sexta (20), Trump anunciou novas sanções contra o Banco Central do Irã e disse esperar que a medida seja uma punição suficiente, afastando a opção militar. O presidente dos EUA se gabou de estas serem, segundo ele, “as maiores sanções já impostas contra um país”. Os bloqueios atingem o banco central e o Fundo Nacional de Desenvolvimento do Irã, o BNDES deles. As medidas são em retaliação ao país por um suposto envolvimento no ataque à refinarias sauditas. Segundo as autoridades da Arábia Saudita os ataques foram feitos com pelo menos 18 drones e sete mísseis no campo e petróleo de Khurais, leste do país. A apenas 200 km de Khurais está Abqaiq, a maior usina de processamento de petróleo do país, também atingida pelos ataques.

– É grande a expectativa pelo discurso de Bolsonaro amanhã (24) na abertura da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Sabemos que a expectativa não é pelas boas coisas que podem vir, mas pelos erros, constrangimentos e vexames já usuais para o Brasil de Bolsonaro na arena internacional. Há fortes comentários nos bastidores da diplomacia mundial de que o presidente pode falar para uma audiência esvaziada e de baixo perfil, no quesito presença das altas autoridades dos países. O tema ambiental estará muito forte nesta AGNU, precedida por atividades de rua, como a greve mundial pelo clima, da última sexta (20) e também de uma reunião específica sobre o tema, dirigida pelo secretário geral Antonio Guterres, no dia de hoje (23) na sede da entidade em NY. E é justamente neste tema que o Brasil tem sido mais atacado internacionalmente. Bolsonaro será o oitavo presidente brasileiro a abrir a reunião, o primeiro foi João Figueirdo em 1982. A ver como será.

– A AGNU também será uma oportunidade para a discussão sobre a Venezuela. Enquanto a delegação venezuelana viaja dirigida pela vice presidente Delcy Rodriguez levando com ela as mais de 13 milhões da assinaturas contra as políticas de Trump no país, os subordinados de Guaidó tentam se credenciar no evento via delegação brasileira e Trump prepara uma reunião para quarta (25) sobre o tema.

– O parlamento europeu aprovou na semana passada uma resolução que equipara o comunismo ao fascismo. A equiparação está embasada em uma referência descontextualizada do pacto Ribbentrop-Molotov (acordo de não agressão firmado entre Alemanha e União Soviética em 1939) e abre caminho para intensificar e generalizar a perseguição e proibição de partidos comunistas na Europa e no resto do mundo.

– Em Israel, segue o impasse para a formação de governo pós-eleições. A Lista Conjunta, coalizão que reuniu partidos árabes e conquistou 13 assentos no parlamento anunciou ontem (22) que apoia o ex-general Benny Gantz para assumir o governo. Com esse apoio, Gantz passa a ter um bloco de 57 cadeiras, enquanto Netanyahu possui um de 55 assentos. São necessários 61 para formar governo.

– Começou no final de semana e deve ir até a quarta (25) o Congresso dos Trabalhistas no Reino Unido. São 1200 delegados reunidos para debaterem vários temas, entre os quais o mais sensível é o do Brexit.

– A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michele Bachelet, deu entrevista ontem para uma TV chilena e disse, entre outras coisas, que “a redução do espaço democrático não acontece apenas no Brasil” e que “a verdade é que me dá pena pelo Brasil” em referência aos ataques desferidos contra ela e seu pai por parte do presidente Bolsonaro.

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Ana Prestes

Ana Prestes Socióloga, mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG. Autora da tese “Três estrelas do Sul Global: O Fórum Social Mundial em Mumbai, Nairóbi e Belém” e do livro infanto-juvenil “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”. É membro do conselho curador da Fundação Maurício Grabois, dirigente nacional do PCdoB e atua profissionalmente como assessora internacional e assessora técnica de comissões na Câmara dos Deputados em Brasília.

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Comentários

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Luiz

24/09/2019 - 11h53

Trump e Bolsonaro se comprazem no papel de víboras no jardim do Éden.

Paulo

23/09/2019 - 11h05

Equiparar o comunismo ao fascismo? Nossos comunas não vão gostar nem um pouco, pois sempre procuraram se contrapor aos fascistas, tanto no plano teórico quanto no prático, embora, da minha parte, eu sempre os tenha enxergado como regimes despóticos, violentos, centralizadores e antidemocráticos…


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